sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Exposição de pintura


Vou ter uma exposição individual 
durante todo o mês de Novembro 2014
na Casa da Horta,
um restaurante vegetariano na ribeira Porto.

A morada é:
Rua de São Francisco nº12 Porto

O endereço electrónico da Casa da Horta 
onde poderão consultar as diversas actividades propostas é:

Foi também criado um evento facebook:

Apareçam já hoje, os quadros já estão na parede.
Hoje é noite da francesinha vegetariana, amanhã jantar de feiticeiras.
Até lá.

Akira Rabelais

Uma proposta musical para a noite das bruxas
http://akirarabelais.com/



"1382 Wyclif Gen. II. 7 And Spiride In To The Face Of Hym An Entre Of Breth Of Lijf."



"1390 Gower Conf. II. 20 I Can Noght Thanne Unethes Spelle That I Wende Altherbest Have Rad."

As duas primeiras faixas do álbum "Spellewauerynsherde"
2004
Akira Rabelais

http://www.discogs.com/Akira-Rabelais-Spellewauerynsherde/release/324269

witzthum6 says: 

September 24, 2006

edited over 8 years ago 
There is something magical about this music. It appears to come from afar as though one is listening to rain falling in the middle of the ocean, while one is inside the water. When I listened to it the first time I felt somehow that this would be how memories would sound like, soft, distance and haunting. The usage of the norwegian folk song reminds me of Mahlers use of the Laender in his symphonies. A reminder of a cultural and emotional artifcat that once was and will not be again.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

São João Taliban e o cubo


"S. João taliban e o cubo"
caneta e tintas acrílicas sobre papel
60cm por 42cm
2014
ZMB

Na praça da Ribeira no Porto existe 
uma estátua que pretende representar o São João.
Ora, quando eu estive de banco e cavalete a desenhar ao vivo
o esboço deste trabalho, alguns residentes contaram-me
que a estátua custou um balúrdio, ninguém gosta dela
e esteve até em certas alturas para vir abaixo não fosse a polícia intervir.
Eu próprio já vi a estátua com um cachecol do fcp.
Os residentes da ribeira dizem que a estátua parece um taliban.
É essa a razão do título do meu trabalho.

Lanche nos Clérigos


"Lanche nos Clérigos"
caneta e tintas acrílicas sobre papel
42cm por 60cm
2014
ZMB

domingo, 26 de outubro de 2014

Werewolf zombie wall trophy


CAUGHT UNDER THE HUNTER'S MOON

We used to sell something called the Coonan Triple Threat. It was an ash stake with 8 .357 magnum bullets inside, wrapped in 99% pure silver. Good for fighting vampires, werewolves, and zombies. A great supernatural arsenal.
But what happens when your baddie Venn diagram includes the subset of two or more of those groups simultaneously? It all becomes that much more complicated. That's when you need, in this particular case, a silver machete for beheading your werewolf zombie nemesis.
And, naturally, after you've made quick work of him because we gave you this heads-up, you'll want to display your conquest on your wall. Hand-painted resin, this werewolf zombie trophy will forever enshrine your awesomeness.


Sim, o humor negro faz bem à saúde
eu hoje não estava para colocar aqui nada
mas esta tem graça.

sábado, 25 de outubro de 2014

Claudio Mur - Azul de terra

Azul-de-terra

- Então, estás aí? Não te vi entrar…
- Sou invisível!
- Parece… então 'tá tudo?
Apertamos a mão e eu peço um café.
O soldado desconhecido toca bateria ao balcão. Bebe um café ouvindo a voz do Jim.
Nunca fui soldado mas hoje sinto-me como um soldado. Bebo o meu café e vejo as pessoas passarem na rua.
Esta rua é como uma tela de cinema. Imaginem a Branca-de-Neve do João César Monteiro só som mas ao contrário: a porta do bar das oito pontas azuis é a minha tela onde se sucedem imagens.
Residentes e turistas que passam da direita para a esquerda, da esquerda para a direita.
Se na Branca-de-Neve tínhamos de imaginar a imagem para que pudéssemos dar sentido ao som, aqui é outra vez ao contrário.
Mais uma vez a nuance, essa intemporal irrupção do real, se intromete na história mil vezes contada.
É apenas um quasi ao contrário.
Tenho as imagens – os turistas que passam à frente da porta.
Não precisamos de imaginar o som. Este é nos dado pelo leitor de cd do bar.
Começa five to one.
Eles têm as armas e nós o número.
Estas imagens-número, de vez em quando, passam no ecrã numa sequência nunca igual. Uma destas imagens-número pára no ecrã, olha para a audiência e decide entrar no bar.
Senta-se a meu lado.
- Então, eu vi-te ontem.
- Eu vi-te hoje.
- Viste quando?
- Agora!
O dono do bar serve um café ao meu amigo e muda o cd. Põe Led Zeppelin.
Começa com Your time is gonna come.
Quando começa a tocar Babe I'm gonna leave you, viro-me para o meu amigo, que me pede uma mortalha, e digo:
- Este é o melhor álbum dos Led Zeppelin.
- Sabes que quando eu estive com ele… não sabes nada dele?
- Eles… parece que se voltaram a reunir.
- Antes ou depois?
- Ah depende… de que falas?
- Eles lá… ocupávamos o tempo a desenhar, a fazer várias coisas.
- Dá-me um cigarro. Tenho este pedaço para fazer um peixinho.
O dono do bar ri-se.
Eu acho que o dono do bar compreende o meu amigo. Já nos conhece.
O dono do bar sorri. Eu sorrio. O meu amigo sorri.
Tamborilo Dazed and Confused no tampo do balcão.
Fumamos o peixinho dele e eu faço o meu.
O discurso do meu amigo é incoerente. Ele diz que teve problemas de drogas e esteve algures em Lá. Mas eu sei que o problema dele não serão as drogas. Será mais um problema clínico potenciado pelas drogas. Tal como acho o meu problema. Por isso, é meu amigo e o dono do bar, que conhece todos os seus clientes, sorri. Está contente.
De súbito, levanto-me e venho até à porta. Sento-me na soleira.
Começo a sentir arrepios desconfortáveis. Olho para dentro do bar.
Estou agora dentro da tela do filme.
Olho para dentro e vejo o meu amigo a pagar o seu café.
Olho apenas de relance. Tenho calores frios na soleira da porta.
A imagem que deixou de ser turista para ser residente sai do filme-ecrã e volta a sentar-se ao balcão.
Sente o frio a subir-lhe à cabeça.
Começa a perceber que está à beira de entrar em blackout.
Tem a consciência de ainda não ter pago o café.
Sente a necessidade de pagar já o café.
Pensa: se fechar os olhos apago-me.
Olho em frente e vejo-me no espelho atrás do balcão.
Puxo da carteira e tiro uma nota de vinte euros. Para pagar.
Coloco-a em cima do balcão. Seguro nela e olho o dono. Ele está ocupado.
Pouso a nota debaixo da carteira em cima do tampo do balcão.
A minha mão segura todo o conjunto. Sinto o sangue a ferver de frio subindo braço acima.
O frio que me agonia a cabeça ao som de Heartbreaker começa a dar-me voltas ao estômago.
Tento controlar a minha aparência e, para isso, olho para o espelho.
Baixo a mão ao nível da cintura.
Já há alguns minutos que estou a sentir tonturas e dificuldade em me segurar sentado no banco de pé alto.
Acho que estou a controlar.
Olho para o espelho e estou a controlar.
Os meus ouvidos num túnel, os meus olhos fecham…
- Desculpe, deixou cair ao chão a…
Acordo do blackout momentâneo, olho para a terra. Azul. Vejo a nota de vinte euros e controlando o movimento apanho-a do chão.
Agradeço ao novo espectador sentado a beber um fino.
Volto a sentar-me. Faço sinal ao dono e pago o meu café.
Era a minha última nota na carteira.
Escrevo que afinal tudo correu bem, controlei e toda a gente me ajudou.
Levanto-me e venho-me sentar na esplanada.
Sou agora uma imagem sentada mas fora da tela, a audiência não vê a minha pose de estátua. Só as outras imagens, turistas e residentes que vão passando, vêem a estátua.
Sou uma estátua com a cabeça encostada à parede. Olho para cima, para o céu.
Sou uma estátua que não pode fechar os olhos.
Se a estátua fechar os olhos apaga-se.
Sou uma estátua porque preciso de respirar ar puro.
O filme exterior cheio de frio revoluciona o frio interior dentro do filme dentro da minha estátua de cabeça e agonia o bloco de imagens no meu estômago…
O pior já passou. Olho para o céu. A estátua respira. O filme ouve Since I've been loving you.
Afinal não era o primeiro álbum dos Led Zeppelin mas uma colectânea de êxitos.
Estou quase pronto a terminar a minha sessão de cinema.
Já não assistia a um filme tão bom há… já nem me recordo de quando.
Já só falta dar um pú. Depois um arroto. Já está.
- Desculpe, não sabe se estas bicicletas… não sabe de quem são?
- Não… quer que pergunte? E aponto.
- Sim, se faz favor.
Pergunto. Eles dizem que não. O dono do bar ao lado retira ele próprio as bicicletas que lhe impediam de aceder à porta.
Escrevo que hoje assisti a duas boas acções.
Ajudar este senhor a abrir a sua sala de cinema foi a segunda.
A primeira foi cumprimentar o meu amigo que esteve anos em Lá, este amigo com um discurso incoerente. Tentei fazer-lhe sentir que terá sempre um amigo na zona com quem se rir um pouco e fumar um intensificador de sonhos.
Levanto-me da esplanada.
Sinto-me renovado após o apagão. Caminho em direcção a casa.
Compreender é diferente do aceitar.
Escolho passar pelos pescadores.
Vejo o pipoca de azul precisamente no momento em que recolhe mais um peixe.
O seu sorriso indica contentamento.
Ao passar por ele também eu rio.
A vida corre-me feliz. Adoro as irrupções momentâneas do real.
Dou por mim a parafrasear silenciosamente: um dia vendeu um quadro e nunca mais lá voltou, uma ciência rara.
Viro-me para o pipoca de azul e digo-lhe na minha mais louca voz de felicidade:
- Que haja peixe, que haja peixe!
Ele ri-se sem perceber mas acha graça.
Hoje não preciso de fumar mais.
Estou em paz.
Poderei aquecer o tupperware da caridade no microondas e
ouvir o Pithecanthropus erectus do Charles Mingus e
adormecer feliz.
Amanhã a miséria continua.

Sou o perdedor absoluto.

Contos de fadas de Manuelle Biezon

Para acabar de vez com todos os passados inteiros, negativos, fraccionados, racionais, irracionais, complexos e acima de tudo imagnários eheh



índice dos contos:

[ INDEX OF TALES ]

Desde que a erva cresça, o vento sopre e o céu seja azul
As long as the grass grows, the wind blows and the sky is blue

Broxe
Blowjob

Escravo eslavo com paixão
Slavic slave with passion

União de facto
Registered non-marital partnership

Ode às borboletas
Ode to the butterflies

Telegramas around the world ou a missa negra do cristo
Telegrams around the world or the xxx mass

Pousada consagrada
Hallow inn

A presidente da Sociedade de Seres com Sexo
The president of the general board from the Society of Beings with Sex

A Virgem e o menino
Madonna and child

A lama cheia de estrelas
The mud full of stars

Hobo em memória cache
Hobo in cache memory

A resposta ao ciúme só pode ser ma[ndar o relvas estudar], meu camará!
The answer to jealousy can only be to send relvas to study, my friend!

A lama cheia de estrelas, parte 2
The mud full of stars, part 2

A refutação do professor O.,
The refutation of professor O.,

A paixão confessional do grande empresário pelo chinês
The big chief executive officer's confessional passion for the chinaman

Soil Blue

sexta-feira, 24 de outubro de 2014



Moonspell - Under the Moonspell - 1994
Label: Adipocere Records
Genre(s): Folk/Black Metal 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Lucas - um menino de 10 anos


'Lucas - um menino de dez anos'
óleo sobre tela
35cm por 25cm
2013
ZMB

Fiz este quadro a pedido da filha da minha senhoria:
- ah sr.rui, o senhor é pintor, eu sou vendedora de arte, tem que me fazer o retrato do meu neto, diga quanto é?
- É tanto.
- Sim é barato.
Dois meses depois: - ah sr.rui fê-lo a partir da foto de passe que a minha mãe lhe emprestou. sim está muito bonito, no fim do mês.
Os fins do mês passaram-se e eu acabei por me mudar de quarto e ficar com este quadro em stock dado que a 'importante' vendedora de arte nunca pagou o quadro do próprio neto.
De qualquer modo, fica como amostra do que eu posso fazer no domínio do retrato a cor.
Aliás posso fazer ainda melhor.

Vale 100 euros se alguém o quiser.
Pedidos de encomenda de retratos ou outros temas desejados 
podem ser feitos escrevendo para o email:
ed.cassiber@gmail.com

Pokemon


Pokemon
óleo sobre pano crú
52cm por 62cm
2013
ZMB

Em 2013 voltei a pintar com vontade.
Comecei este quadro a partir das rugosidades da superfície do pano.
Ao longo dos dias fui intuindo um diálogo impossível
entre o pintor e a médica a quem fala deste trabalho:

'
- E o que tens a dizer sobre este quadro, recordas-te que estamos a ouvir cheriecherie dos suicide?
- Ainda não está acabado mas admitindo que a personagem central de olhos vermelhos e oblíquos se chama pokemon, ele ou ela está no meio do mundo e o mundo do meio com a mesma pele de pokemon afasta pokemon que fuma e do seu fumo esvoaça uma presença baby I love you azul que sai fora do esquema de cores e essa prisca na boca de pokemon é ao mesmo tempo o olhar clínico de uma parte de pokemon que o olha de fora para dentro tal como o mundo do meio e até o ar tem olhos quando pokemon é empurrada para fora do meio do mundo do meio.
- Então se o mundo está contra pokemon e se tu és pokemon, qual é a parte de ti que não sente orgulho em ser pokemon?
- Não sei bem doutora, talvez o meu resíduo fascista, talvez aquilo que vocês chamam de a autoridade do superego. Compreenda, eu não quero ser pai mas estou cheio de reis sebastiões na estante e princesas anas na estante ou no cavalete...
'
, página 110
"Contos de fadas de Manuelle Biezon"
Claudio Mur

A morte e o mono


'A morte e o mono'
óleo sobre tela
18cm por 24cm
2013
ZMB

Em 2013 voltei a pintar.
Este quadro viajou para a Galiza em 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ZMB - Inharmonic resistance dream with gardening sounds


INHARMONIC RESISTANCE DREAM WITH GARDENING SOUNDS from zmb_mur on Vimeo.

'Inharmonic resistance dream with gardening sounds'
2013
ZMB

Este filme é uma tentativa de fazer um conto de ficção
recorrendo ao uso de gravações com conteúdo e conversas domésticas.

Inclui a derradeira aparição de Sanea Vallis nas edições cassiber
contando a hilariante história do bombeiro apaixonado pela dama de nervos.

A banda sonora inclui samples de um álbum de Diamanda Galás chamado
'Malediction and prayer'

domingo, 19 de outubro de 2014

A família esotérica de mr. cool


Chet Zar’s “All Hallows’ Eve”


 Kent Williams’s “How Human of You”

--

Nada sei de ti,
não sei onde moras
nem com quem conversas e bebes,
não sei de que falas
nem sei se tens blog e foto oficial,
talvez bebas água das pedras,
talvez ainda fumes tabaco e tabaco de boa qualidade,
talvez... tantos talvez e eu não sei,
tudo o que sei é aquilo que guardo,
tenho o teu coração guardado num cofre sem chave,
mas nada sei de ti,
tenho uma memória do que foi,
e tenho uma ideia do que se poderia ter tornado,
tenho esta memória e esta ideia e às vezes parece que tu me olhas
mas já foi há tanto tempo...
tento muita vez fazer sentido da minha vida e digo:
o passado fostes tu mas
mentiria se dissesse que não houve outras mulheres.
hoje não tenho nenhuma e contento-me com olhar,
não recuso um sorriso
mas não tenho feice e às vezes pesquiso nomes verdadeiros no google
para ver o que fizeram depois de mim,
eu vejo que fui quase sempre o vosso segundo homem,
'um homem que vocês amaram e com quem foderam'
eu fui aquele que tinha uma chave de saída
de um primeiro amor que vos correu mal,
uma chave para onde se prometeria numa porta um paraíso,
na realidade ao fundo do corredor estavam duas portas
e uma era a porta do meu quarto e das minhas ideias, 
a porta do inferno:
'mostrei o inferno amámo-nos e iludimo-nos com paraísos coisas e momentos belos'
tudo numa mesma frase,
eu fiz da nossa vida um livro com muitas clareiras,
como foi a vida com todas vós:
uma frase que começa com um momento de redenção e amplexo sexual
e termina com ciúme e maus olhados,
com livros que só fizeram sentido quando a história se cumpriu,
eu primeiro deixei-te como deixei as outras,
algumas das vezes eu voltava ou vocês vinham de novo à procura
e de novo acreditávamos que seria possível,
e a vós voltei porque vi que vocês não desistiam de mim,
'não deve ser só necessidade, deve ser desejo, amor'
e aceitei-vos de volta,
fazendo concessões, aceitando compromissos, anulando a própria vontade,
fazíamos amor tomávamos notas na agenda daquilo que teria de ser feito
e sempre ao fundo do corredor aquela porta que estava sempre aberta,
era a porta do inferno,
eu às vezes entrava e via através dos livros de livre vontade,
outras vezes vocês com os vossos olhos com as ideias pelas quais lutavam...
outras vezes vocês me levavam lá,
era o meu refúgio,
era com a solidão do meu inferno que eu vos traía com sucesso,
quase nunca vos traí com o desejo por outras mulheres
e o meu inferno era vocês não acreditarem 
ser possível trair-vos por um desejo de ficar sozinho,
o meu inferno teve vários nomes ao longo das décadas,
chamou-se casa, covil, castelo, anexo e 
nunca foi debaixo da ponte, por estranho que pareça.
sei que houve quem o desejou,
sei que houve quem foi à bruxa saber do futuro,
eu próprio ofereci de vez em quando
livros e bonecas vudu como presente de aniversário,
até que vocês se fartaram das minhas ideias e de mim, 
deixaram de insistir
e eu notei o vosso sentimento e abdiquei,
eu próprio senti pontadas agudas e quase sufoquei sozinho sem ar,
eu próprio recusei e fui recusado quando tentei voltar,
sofri e fiz sofrer, eu próprio abdiquei,
eu fui o segundo, o vosso segundo foi um náufrago,
o vosso terceiro deu-vos talvez conforto, estabilidade no futuro,
o meu futuro foi ficar para trás, só com frases como:
cada um em instantes diferentes ao longo destes anos mandou o outro embora.
quero agora não branquear e dizer que a culpa foi sempre dos dois,
mas quem quebrou? eu quebrei, explodi, tornei-me incómodo.
todas vocês sofreram mas ficaram bem no fim, depois de mim
abriram uma outra porta,
construíram carreira, construíram famílias.
devo estar em poucos álbuns de fotografias.
talvez algumas de vós leiam as mentiras que escrevo 
e não gostem por saberem que certas vezes não foi bem assim
ou foi assim com uma outra que não tu.
talvez gostem ao menos de olhar no que me tornei hoje: a minha pintura,
talvez queiram voltar,
mas eu do passado até o vosso rosto esqueci,
duvido quando vejo alguém parecido com 'aquela com quem eu um dia estive'
e talvez até nem valha a pena voltar a insistir com o passado,
não só por duvidar se és mesmo tu mas
há cicatrizes e rugas e há um amor que já não tem a inocência dos vinte anos,
o passado talvez se tenha esgotado,
a única coisa que continuo a ter para vos oferecer sou eu
e eu sou pouco para o que vocês desejaram que eu pudesse ser,
convosco.
em certas alturas 
fui verdadeiro na forma como tentei viver e representar os bons momentos,
é tudo o que tenho, 
saber enfim que também fui uma espécie de professor,
apesar da nula educação prática que recebi em casa e na escola,
saber que tentei explicar-vos o meu mundo,
saber que vos mostrei o que também em vós não era saudável,
saber que vos tornei água potável ao beber a vossa doença,
saber que vos ensinei a mudar para uma vida melhor,
saber que também tive rosas no meu mar,
saber que tento hoje pintar o mundo em que vivo,
o melhor que posso. é esse o futuro,
o meu futuro é pintar
este absurdo de estar plantado como curiosidade nesta sociedade,
a minha técnica é não ter técnica e apenas uma vontade de tentar,
a cada momento existir
e voltar para o quarto com ideias para quadros bonitos. 
e quem sabe talvez encontre alguém que me queira de novo.

'A família esotérica de mr. Cool'
desenho de ZMB

sábado, 11 de outubro de 2014

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O lado bom do paraíso na terra



"Xanda"
track 01 from the album 'IRABCDJOL 2'
2012
ZMB

Esta faixa tenta representar o lado bom do paraíso na terra.
Inclui microfones, gaivotas e pinheiros de natal.

Da delinquência juvenil

'
Em conversa com os educadores russos Vera Schmidt e Geshelina, em 1929, esforcei-me exaustivamente para chamar a atenção para a insuficiência e desesperança de tais tentativas quando feitas sem quaisquer outras ajudas. Já naquele tempo estava completamente claro que o problema dos delinquentes na União Soviética, se bem que se tivesse desenvolvido por motivo de situações da guerra civil, derivava sua alimentação continuamente da falta de clareza da vida sexual. Trabalho havia em quantidade suficiente na União Soviética. A terapia do trabalho estava altamente desenvolvida. O desemprego desaparecera. Os lares infantis e as organizações colectivas em sua maioria tinham instalações modelares. E, apesar disso, as crianças continuavam a fugir, preferindo a vida perigosa e destruidora das ruas e a insocialidade à vida nos lares de crianças. Esse gigantesco problema não pode ser resolvido apenas com educação para o trbalho nem explicado com referência à curiosidade romântica da alma infantil ou juvenil. Tivemos na Alemanha as mais amplas possibilidades de estudar a verdadeira natureza da delinquência e da consequente educação assistencial. Quando meus esforços em prol da cura sexual da juventude se tornaram conhecidos, um número cada vez maior de jovens fugidos da assistência social veio a mim, falando-me de modo franco e honesto, porque eu os compreendia em seu problema principal, em sua miséria e nos verdadeiros motivos do seu comportamento anti-social. Posso assegurar que eram rapazes excelentes, entre eles alguns muito inteligentes e capazes. Frequentemente constatei quanto mais vitalmente vigorosos são esses chamados delinquentes do que os jovens hipócritas e bem comportados na escola, justamente por isso, porque se rebelaram, porque se amotinaram contra uma ordem social que lhes negava o direito mais primitivo da natureza. Não há muitas variantes do seu tema. Sempre e sempre é a mesma estória: não tinham sabido lidar com as suas fantasias e suas excitações sexuais. Os pais jamais os tinham compreendido, os professores e autoridades tampouco. Jamais conseguiram falar com alguém sobre isso. Pelo contrário, tinham-se tornado mais fechados, desconfiados e maldosos. Tinham conservado o segredo para si mesmos, tinham que conservá-lo, encontrando compreensão para essas suas preocupações apenas com outros da mesma idade, de estrutura semelhante e dificuldades similares. Já que não os compreendiam na escola, boicotavam a escola; já que os pais não os compreendiam, amaldiçoavam os pais. Por estarem ligados profundamente ao mesmo tempo aos pais e inconscientemente, apesar de tudo, esperem auxílio e redenção, resvalaram para os mais graves conflitos de teimosia acentuados por sentimentos de culpa. Assim vieram para a rua. Lá também não eram felizes, mas sentiam-se livres. Até que a polícia os apanhara e metera na assitência social, frequentemente apenas porque alguns, sendo moças de 15, 16, 17 anos, tinham sido apanhadas com rapazes. Em muitos desses jovens pude constatar que eram fisicamente sadios, criteriosos e rebeldes com razão, até ao momento em que a polícia e a assistência social lhes deitaram as garras. Desse momento em diante tornaram-se psicopatas, socialmente execrados. Os crimes da sociedade contra tais crianças são incomensuráveis. Era possível, e isso é prova adicional para a exactidão dos meus pontos de vista, recuperar ou corrigir tais "delinquentes" juvenis e realmente orientá-los quando se lhes provava praticamente que eram compreendidos.
'

,pag 298
"A revolução sexual"
Wilhelm Reich
edição Centro do Livro Brasileiro, Zahar Editores 1975

O dia de cem mil cabeças



Hoje é o meu dia e o de tantos como eu ou, quem sabe, tu.

Que seja possível a todos nós:
superar os nossos demónios
viver cada momento como se fosse único
contrariar o destino de morrer sózinho como um cão
encontrar a companhia que o ame e insista
mesmo quando ele já não sabe mais quem tu és.

Hoje é o dia da saúde mental.
1% dos portugueses sofre de esquizofrenia.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Estas almas feitas de nuvens

'
Estas almas feitas de nuvens dão o retrato fiel dos homens e animais mortos, no próprio instante do seu passamento. Estranho é o facto de, no mesmo paraíso, não reinar a paz e, pelo contrário, continuarem as lutas. As mais diversas raças das mais diferentes épocas entregam-se a lutas no céu, ferem-se e matam-se. Das feridas profundas, juntamente com o sangue branco das nuvens que se propaga pelo céu, sai um novo ser. O nascimento incessante destas almas-nuvens realiza-se também através dos narizes, das bocas, de todos os orifícios dos corpos em perpétua transformação.
Estas imagens são dramáticas.
Do local onde se encontra não vê a parte superior do céu, porque a porta que dá para o terraço não é suficientemente alta. Nesse espaço oculto aos seus olhos, supõe, como noutros tempos, que está Deus. Como se hoje fosse proibido contemplá-lo. Por essa razão deixa-se enfiar mais fundo nas almofadas e inclina a cabeça um pouco para trás. Nesta nova posição em que ganhou mais alguns centímetros, descobre, lá longe, lá no alto, uma mão gigantesca que se estende sobre a terra como que para a proteger. A mão de Deus? Porque não mostra o seu rosto? A mão transforma-se na cabeça e pescoço de um crocodilo com um único olho maléfico. O crocodilo volta a ser mão, depois a mão crocodilo. Compreende que o crocodilo vigia o céu.
Muda mais uma vez de posição a fim de ver o que encontra acima do crocodilo. Descobre o rostozinho de um actor muito sobredotado, um rosto em transformação permanente. Será Deus um palhaço?
O rosto adquire as feições de Chaplin.
Depois as de Hitler. Segue-se uma longa série de cabeças que não conhece.
Dirige o olhar mais para baixo, para as nuvens inferiores, e vê a procissão solene e silenciosa dos heróis mortos na infância: tribos de índios! Nadam com os pés para a frente; alguns são transparentes, outros opacos e plásticos. E vê os judeus torturados até à morte no tempo dos nazis. Até ao cair da noite esquadrinha as nuvens e sabe que nesse preciso dia se encontra sobre os telhados das casas do mundo inteiro uma sociedade de seres eleitos, os quais, tal como ela, são nessa noite testemunhas do passado.
'

,pag 132
"O Homem-Jasmin"
Unica Zürn
edição &etc


Os judeus deste texto podiam ser os curdos de hoje.
Conheci um curdo quando em 1998 estive na Irlanda.
Combatera o Sadam e refugiara-se em Inglaterra.
Depois conheceu uma irlandesa que trabalhava connosco, casou-se.
Quando voltei para Portugal ele estava quase a obter a dupla nacionalidade.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Nurse With Wound - The strange play of the mouth




'The strange play of the mouth'
Nurse With Wound
V/A - In Fractured Silence
United Dairies, 1984

C'era una volta un piccolo naviglio?

ZMB - Sidereal sufi child burning the lamp at the gates ov paradise city


Sidereal sufi child burning the lamp at the gates ov Paradise city from zmb_mur on Vimeo.

A film in reverse:
A ritual prayer of smoke
The process of drawing through psychosis
The dissolution of self
The remembrance of je t'aime.

S'Express




Lyrics:

Enjoy this trip
Enjoy this trip
S'Express, S'Express
Uno, dos, tres, quatro
S'Express
S'Express
Let's go
Let's go
Come on and slip to the music now scoot
Come on and slip to the music now scoot
I got the hots for you, I got the hots for you
Jump on that ghetto blast off
S'Express
S'Express
S'Express
Come on and slip to the music now scoot
Come on and slip to the music now scoot
I got the hots for you, I got the hots for you
Chop me off, chop me off, chop me off
Chop me off, chop me off, chop me off
Chop me off, chop me off, chop me off
Oh, that's bad
No, that's good
S'Express
S'Express
Uno, dos, tres, quatro
Think about it
I got the hots for you
I got the hots for you
I live for you
Ha ha ha ha ha
Ha ha ha ha ha

 

S'Express (pronounced ess-express; sometimes spelled S'Xpress or S-Express; otherwise known as Victim of the Ghetto) were a British dance music act from the late 1980s, who had one of the earliest commercial successes in the acid house genre.
"Theme from S'Express", based on Rose Royce's "Is It Love You're After", was also one of the earliest recordings to capitalize on a resurgence of sampling culture and went to number one in the United Kingdom as well as the Hot Dance Club Play chart in the United States (also scraping into the U.S. Billboard Hot 100 at #91).

The main player in the act was DJ/producer and remixer Mark Moore. In 1989, the group released its debut album, Original Soundtrack, which featured a line-up of Mark M (Moore, noise engineer), Michellé (microdot clarinet and vox), Mark D (trumpet, noise, boogie factor), Jocasta (hi-hat hairspray, background vox), and Pascal (Pascal Gabriel, noise engineer). The album consisted of slightly longer versions of S-Express's "Theme" and its follow-up hits "Superfly Guy" (UK #5) and "Hey Music Lover" (UK #6), along with an album's worth of new compositions. Singer Billie Ray Martin also appeared on several tracks on its debut.
By the release of the second album Intercourse, the act was reduced to a duo of Moore with new vocalist and DJ Sonique. Although not as successful as its debut, Intercourse spawned several mid-charting UK singles and club hits, most notably "Nothing to Lose", co-written with Martin Gordon, as were several other tunes on the record. Sonique, already a successful DJ, eventually embarked on a solo career and produced one of the biggest club hits of the late 1990s ("It Feels So Good"). Moore went on to release many singles, remixes and albums on his own and also formed the band Needledust.
On the eve of the 20th anniversary of acid house, Mark Moore resurrected S'Express from the "cryogenic chamber", and released a song on the French Kitsune record label called "Stupid Little Girls."
Mark Moore has also remixed Client, Soft Cell, and the B-52's.


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Na minha adolescência
a música que consumia era muitas vezes a que me chegava da rádio.
Lembro-me de estudar a ouvir um programa na Rádio Comercial
chamado 'Discoteca'. O locutor era o Adelino Gonçalves.
Aliás, o primeiro lp que comprei terá sido ou 
um disco do Francis a solo chamado 'Rota dos Ventos' ou 
um disco dos Bomb The Bass chamado 'Into the Dragon'.