sábado, 31 de maio de 2014

Sun Ra - Space is the place


SPACE IS THE PLACE OF MANY SPACES!!!

This peculiar, rather warped feature is a product of the highly original mind of the late "musician-thinker" Sun Ra (the former Herman "Sonny" Blount, an accomplished jazz pianist and bandleader). The 82-minute, 1974 film melds effects that are straight out of '50s Japanese sci-fi, politics reflecting '60s racial radicalism, and the overall vibe of '70s blaxploitation films, with some African-Egyptian mythology thrown in for good measure. It isn't exactly a masterpiece of cinema; the production values are mediocre, the story is thin (Ra, who co-wrote, portrays an alien who offers oppressed African Americans the opportunity to seek their "alter-destiny" in outer space; complications ensue before his spaceship departs with true believers on board), the acting amateurish. But it's entertaining--Ra's array of costumes (especially his headgear) is impressive, and we do at least get a taste of his Intergalactic Solar Arkestra's heady brew of avant-garde jazz.
Science fiction, blaxploitation, cosmic free-jazz and radical race politics combine when Sun Ra returns to earth in his music-powered space ship to battle for the future of the black race and offer an 'alter-destiny' to those who would join him. Intentionally created as an homage to the low-budget science fiction films of the 50's and 60's, Space Is The Place became a visual embodiment of Sun Ra's Afro-Egyptian myth of salvation in outer space. The special effects, outrageous plot line and apocalyptic message harmonize with the otherworldly score and a climactic live performance by one of the most innovative and profound groups in jazz history. This is the director's cut of the 1974 film production restored to its original 82 minute length. Also features never before seen home movies of Sun Ra and His Arkestra. Video interview with director John Coney and producer Jim Newman. Deluxe booklet with exclusive photos, introduction by Sonic Youth's Thurston Moore, liner notes by Sun Ra biographer John Szwed, and essay by director John Coney.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Einstuerzende Neubauten - Halber Mensch


'Halber Mensch'
Einstuerzende Neubauten
1986

Destruction is not negative.
[Sometimes] you must destroy to build

Sabiam que a hipocrisia é tanta que
uma família vivendo numa casa no centro histórico
não pode substituir a janela de madeira apodrecida
por causa de se não poder fazer alterações ao 'centro histórico'

mas
é possível alterar o pdm para ser construído um pontão de acesso vip
para que o primeiro e o secretário possam entrar e aparecer,
numa fotografia patrocinada a andar de barquinho,
a inaugurar um novo museu dos descobrimentos em Miragaia-
propriedade privada do empresário dos barcos de turismo fluvial no Douro.

ou seja,
o pobre, o remediado tem de passar frio na casa degradada e
o empresário obtém fundos comunitários e tem direito a publicidade governamental.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Psychic TV - The orchids


do álbum 'Dream less sweet' de 1982
as palavras aqui

Um dos meus sintomas e a causa de hoje não ter televisão foi
o facto de começar a sentir que esta me enviava mensagens,
às vezes as expressões faciais de personagens de filmes, de talk-shows, de telejornais
faziam intuir um significado pessoal,
como se comentassem a minha situação:
uma vez o santana lopes ao falar na televisão fez com que 
eu fosse telefonar a uma mulher no qual estava interessado, 
mas foda-se! que tem ele a ver com tudo isto, perguntam vocês,
é claro que ela a princípio achou graça (aah que loucura espectacular)
mas foi só ao princípio. Outro exemplo:
como andava a escrever e pressentia que o ecrã do computador
transmitia telepaticamente sem eu querer o conteúdo do texto 
às pessoas em meu redor, 
comecei a dinamitar o texto, 
a mudar a posição das palavras, dos nomes, a fazer cutups,
a escrever em zigzag
só para ver o resultado nas faces que encontrava na rua
como se elas tivessem a capacidade de avaliar e até de julgar.

A verdade é que desde que a doença se manifestou
nunca mais tive a sensação de ter uma vida privada.
Eu tento exprimir a minha verdade 
mas esta é sempre relativa.
Um esquizofrénico vê-se perante um impasse, um double-bind,
em português qualquer coisa como:
'preso por ter cão preso por não ter'

Neu Zeit


'Neu Zeit'
óleo sobre tela
40cm por 30cm
2000
ZMB

Este quadro integrou a minha segunda exposição
realizada no bar Púcaros, em Miragaia Porto
em Janeiro/Fevereiro de 2008

Por cortesia com a gerência que disponibilizou o espaço
no final da exposição ofereci este trabalho
ao gerente do bar, o Carlos Pinto,
que vim a saber mais tarde
faleceu vítima de doença prolongada.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Cenas do covil nº3


'Cenas do covil nº3'
óleo sobre tela
54cm por 44cm
1998
ZMB

Thelonious Monk, live in Denmark 1966


now something cool for the ladies...

Claudio Mur - As cenas do covil

'
As cenas do covil

1.
Um homem olha o espelho.
Não gosta do que vê.
É o suicídio uma solução?

2.
Um homem tem desejo sexual no olhar.
Olha para o ser amado.
Ele parece experiente.
Ela parece/é inocente.

3.
Um covil é um local onde os refugiados dormem.
Onde se tornam um só ser.
Onde se escondem do mundo.
E esperam pela caça, pela presa.

4.
Eles amam-se eles sonham eles existem eles são.

5.
Um homem acha difícil controlar-se.
Um homem acha difícil oferecer tudo
O que quer oferecer ao ser amado.
Um homem nega toda a ajuda e palavras de
esperança, um homem demasiado instável tem medo de
fazer sofrer o ser amado.
Um homem pensa e diz: Vai-te embora.
Um homem diz: Eu não tenho futuro.

6.
Um homem está só.
Um homem está preso aos seus sonhos memórias
falhanços.
Tendo negado o amor.
Tendo falhado no seu desaparecimento.
Resigna-se a vida enclausurada.
Cresce velho e nihilista.
'
A cada bloco corresponde um quadro da série de ZMB
No entanto, ao longo dos dias foi-me sugerido que talvez 
a série pudesse ter outra sequência de apresentação.
Assim, o poema pode ser escrito e a série apresentada do modo seguinte:

'
As cenas do covil

1.
Um homem tem desejo sexual no olhar.
Olha para o ser amado.
Ele parece experiente.
Ela parece/é inocente.

2.
Eles amam-se eles sonham eles existem eles são.

3.
Um homem está só.
Um homem está preso aos seus sonhos memórias
falhanços.
Tendo negado o amor.
Tendo falhado no seu desaparecimento.
Resigna-se a vida enclausurada.
Cresce velho e nihilista.

4.
Um covil é um local onde os refugiados dormem.
Onde se tornam um só ser.
Onde se escondem do mundo.
E esperam pela caça, pela presa.

5.
Um homem olha o espelho.
Não gosta do que vê.
É o suicídio uma solução?

6.
Um homem acha difícil controlar-se.
Um homem acha difícil oferecer tudo
O que quer oferecer ao ser amado.
Um homem nega toda a ajuda e palavras de
esperança, um homem demasiado instável tem medo de
fazer sofrer o ser amado.
Um homem pensa e diz: Vai-te embora.
Um homem diz: Eu não tenho futuro.
'

Retirado do 'Manual de sobrevivência', secção 7
o pdf em português está aqui
The pdf in the english version is here

ZMB - As cenas do covil


'As cenas do covil nº1'
óleo sobre pano cru
52cm por 105cm
1999
ZMB


'As cenas do covil nº2'
óleo sobre pano cru
55,5cm por 41cm
1999
ZMB


'As cenas do covil nº3'
óleo sobre tela
54cm por 44cm
1998
ZMB


'As cenas do covil nº4'
óleo sobre pano cru
55cm por 110cm
1999
ZMB


'As cenas do covil nº5'
óleo sobre pano cru
80cm por 48cm
1999
ZMB


'As cenas do covil nº6'
óleo sobre pano cru
50cm por 109cm
1999
ZMB

'As cenas do covil' constituem a minha primeira série.
Foram exibidas duas vezes em público:
na exposição de 2007 em Rio Tinto e
a segunda vez em Agosto de 2008 no Clube Literário do Porto.

À excepção do terceiro quadro realizado em Cork, República da Irlanda em 1998,
todos os restantes foram realizados em Ovar, Portugal em 1999.

sábado, 24 de maio de 2014

Philip K. Dick - O homem duplo, 1977

'
Charles Freck, cada vez mais deprimido pelo que estava a acontecer a toda a gente que conhecia, decidiu pôr fim à sua história. Nos círculos que frequentava não havia problema quanto a uma pessoa pôr fim a si mesma: comprava-se uma grande quantidade de vermelhinhas e bastava tomá-las com vinho barato, tarde na noite, com o telefone desligado e sem ninguém a interromper.
O planeamento tinha que ver com os artefactos que seriam depois descobertos junto do corpo pelos arqueólogos. Para saberem a que estrato pertencia. E assim podiam concluir onde estava a cabeça quando tinha feito aquilo.
Passou vários dias a tratar dos artefactos. Muitos mais dos que precisava para decidir matar-se e aproximadamente o mesmo tempo necessário para arranjar todas aquelas vermelhinhas. Seria descoberto de costas, sobre a cama, com um exemplar de The Fountainhead, de Ayn Rand (o que provaria que ele fora um super-homem incompreendido e rejeitado pelas massas e assim, de certo modo, assassinado pelo desprezo delas) e uma carta inacabada à Exxon protestando contra o cancelamento do cartão de crédito da gasolina. Dessa maneira criticaria o sistema e conseguiria qualquer coisa com a sua morte, muito além do que a morte em si conseguiria.
Na verdade não estava muito certo do que a morte conseguiria e os dois artefactos conseguiriam, mas de qualquer modo tudo se combinava e ele começou a aprontar-se, como um animal que sente que o seu momento chegou e que actua com a sua programação instintiva, estabelecida pela natureza, quando o seu inevitável fim está próximo.

No último momento (quando o fim do tempo chegou) mudou de ideias quanto a um pormenor decisivo e decidiu beber as vermelhinhas com um vinho muito especial, em vez de Ripple ou Thunderbird, portanto saiu pela última vez com o carro, até ao Trader Joe, que era especializado em vinhos finos, e comprou uma garrafa de Montavi Cabernet Sauvignon de 1971, que lhe custou quase trinta dólares - tudo quanto tinha.
Uma vez em casa, desrolhou a garrafa, deixou-a respirar, bebeu alguns copos, passou alguns minutos a contemplar a sua página favorita do Livro Ilustrado do Sexo, depois colocou o saco das vermelhinhas a seu lado, deitou-se com o livro de Ayn Rand e a carta inacabada de protesto à Exxon, tentou pensar em qualquer coisa sem sentido mas não pôde, ainda que continuasse a recordar-se da garota da página do livro e depois, com um copo de Cabernet Sauvignon, engoliu todas as vermelhhinhas de uma vez. Depois disso, consumado o fito, recostou-se, com o livro de Ayn Rand e a carta sobre o peito, e aguardou.
No entanto fora tramado. As cápsulas não eram de barbitúricos como lhe tinham afirmado. Eram de uma espécie qualquer de psicadélicos esquisitos, de um tipo que ele nunca tomara antes, provavelmente uma mistura nova no mercado. Em vez de sufocar calmamente, Charles Freck começou a ter alucinações. «Bem», pensou ele filosoficamente, «é a história da minha vida. Sempre a ser tramado.» Tinha de enfrentar o facto de que estava sobre uma grande pedrada - considerando a quantidade de cápsulas que tomara.
O que soube a seguir foi que uma criatura interdimensional estava ao lado da sua cama a lançar-lhe um ar de reprovação.
A criatura tinha muitos olhos, e roupas ultramodernas e de aspecto dispendioso e a sua estatura andava pelos dois metros e meio. Além disso tinha muitos olhos, toda ela era olhos, e roupas ultramodernas e de aspecto dispendioso e a sua estatura andava pelos dois metros e meio. Além disso tinha consigo um enorme rolo manuscrito.
- Vai ler-me os meus pecados - disse Charles Freck.
A criatura disse que sim com a cabeça e quebrou os selos do rolo.
Freck, deitado impotente na cama, acrescentou:
- ... e vai demorar mil horas.
Fitando os seus olhos multifacetados nele, a criatura interdimensional esclareceu:
- Já não estamos no universo mundano. As categorias inferiores de existência material tais como «espaço» e «tempo» já não se aplicam a ti. Foste elevado ao reino transcendente. Os teus pecados serão lidos continuamente, por turnos, através da eternidade. A lista nunca acabará.
Charles Freck desejou poder voltar à última meia hora da sua vida.
Mil anos depois ainda estava ali deitado na cama com o livro de Ayn Rand e a carta para a Exxon sobre o peito. Escutando-os a lerem os seus pecados. Tinham chegado à primeira classe, quando ele tinha seis anos de idade.
Dez mil anos depois chegaram à sexta classe.
O ano em que ele descobrira a masturbação.
Fechou os olhos mas ainda podia ver a criatura de dois metros e muitos olhos, a ler continuamente o rolo sem fim.
- E a seguir... - dizia ela.
Charles Freck pensou: «Ao menos o vinho era bom.»
'

-
Excerpto de 'O homem duplo' [A scanner darkly] de Philip K. Dick
página 188
tradução de Eurico Fonseca
Edição Colecção Argonauta, Livros do Brasil

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Três ícones do rock visceral

Os Velvet Underground deram-nos Sister Ray.



Os Throbbing Gristle deram-nos Very Friendly.



Os Suicide deram-nos Mr. Ray.



Xingu huka-huka




'Xingu huka-huka'
desenho a pastel sobre papel, 
28cm por 36cm (com moldura)
1999
ZMB

Este desenho foi realizado por observação
de uma fotografia mostrando uma dança ritual
de um povo aborígene na região da Amazónia.

Mishima's forbidden colours


'Mishima's forbidden colours'
acrílico sobre papel
60cm por 42cm
1998
ZMB




Quando me chegou ao conhecimento o nome de Yukio Mishima
interessou-me o seu suicídio ritual.
Comprei 'O marinheiro que perdeu as graças do mar'
onde se conta o ritual de passagem de menino para rapaz,
um menino com um pai morto na guerra e um padrasto, 
o amante americano da mãe.
Este é morto barbaramente pelas crianças.

Comprei 'O templo dourado'
onde se conta o ritual de passagem de rapaz a homem,
um rapaz estudando para monge e dividido entre
a religião e o despertar sexual.
O seu falhanço sexual com uma rapariga,
a culpa, a possibilidade de sentir aversão pela carne feminina
leva-o a cometer um acto tresloucado
e a incendiar o templo.

Em Cork, comprei o meu terceiro livro,
este em versão inglesa: 'Forbidden colours'
onde se conta uma versão menos metafórica 
do ritual de passagem de jovem a homem.
Yuchi casa-se por interesse com uma jovem
mas ao mesmo tempo em vez de incendiar o mosteiro
vai às escondidas aos locais gays e
encontra um velho que lhe satisfaz a sua verdadeira sexualidade.

Este é um livro abertamente gay.
E esta é também a prática: 
Conheci por intermédio de umas amigas em comum
um gay brasileiro que lhes contou que 
quando ele ia aos bares da especialidade
os homens que encontrava eram todos casados.

Ao voltar da Irlanda  li ainda 'As confissões de uma máscara'
e o ópus de Jean Genet 'O diário de um ladrão'
e comecei a compreender que
o facto de eu próprio ter tido uma infância de pouco afecto,
o facto de eu próprio ter falhado de vez em quando com as mulheres
e algumas coisas mais se parecerem com uma estética decadente
e, neste caso, gay,
eu não tenho de o ser,
não tenho de seguir esta cartilha,
nem tenho de ser ultranacionalista
nem tenho de cometer crimes 
ou viver vidas duplas sobre disfarce.
Eu não sinto atracção física por homens e
só tenho que encontrar uma nova dançarina de salão.

Ao voltar a Portugal, este tinha mudado ou melhor 
tinha ficado na mesma e eu é que me senti um alien, 
sozinho sem ninguém
e claro que fui assediado nas discotecas,
claro que o povo me chamou de bicha na rua
e claro que com tanta porrada psicológica
e mais umas quantas de razões
a minha identidade, a minha mente explodiu.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Swans - A long slow screw


Os Swans massacram-nos sonoramente os sentidos.
Ainda hoje, são tão verídicos como um livro de Dostoievski.

Para mim
'Children of god' é o melhor álbum dos Swans:


Pieta de Michelangelo


'Pieta, a partir de Michelangelo'
lápis sobre papel
48cm por 42cm
1998
ZMB

Fiz este desenho a partir da observação 
de uma fotografia num livro de arte.

Sandra


'Sandra'
acrílico sobre papel
60cm por 42cm
1998
ZMB




A Sandra deu-me uma fotografia sua, a preto e branco.
Eu representei essa fotografia neste quadro a cores.
Depois ofereci-lhe a fotografia do quadro, a cores.
Ela não estava à espera e 
avaliando pelo sorriso nos seus olhos
ela gostou.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O trabalho de Victor Afonso



Victor Afonso foi guitarrista dos Nihil Aut Mors,
uma banda da Guarda no final dos anos 80.
Editaram em cassete e um outro tema em compilação lp.
Penso que se chegou a fazer planos para um lp.
Eu teria comprado.
Tive duas cassetes deles.
Neste vídeo ao vivo a primeira música chama-se 'Stendhal'.

Actualmente Victor Afonso tem um projecto chamado Kubik
Deixo aqui uma interpretação ao vivo de um álbum chamado 'Psicotic Jazz Hall'


Igualmente o seu trabalho de blogger se faz notar
e mostra as suas preocupações com
a saúde mental e a repressão institucional executada no Brasil
dentro de um hospital psiquiátrico:
http://ohomemquesabiademasiado.blogspot.pt/2014/05/um-holocausto-brasileiro.html

Quem pensar que dentro de um hospital não existe a mais leve repressão
não conhece a triste realidade: na maior parte das vezes
quebra-se à força a vontade e a identidade do paciente
e depois tenta-se re-educá-lo.
O resultado é ficar-se ainda mais maluco do que quando se lá entrou
agravado de um estigma social que tudo condiciona.
Entra-se num círculo vicioso e
se ficamos vivos quase ficamos
como no livro 1984 de George Orwell
'a amar o grande irmão'.

A estátua de Laocoön e seus filhos



'Laocoön and his sons'
lápis e filtros de photoshop em folha de papel A4
1998
ZMB

Esta estátua estava em exibição na Crawford Gallery em Cork
Não sei se será a estátua original que está no Vaticano
de acordo com este link na wikipédia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Laoco%C3%B6n_and_His_Sons
Penso que seja uma cópia restaurada.

Além deste desenho fiz três estudos em lápis de carvão
que uns anos mais tarde assemblei no trabalho seguinte:
(mantenho no entanto a data inicial dos desenhos)



'Três estudos para Laocoön'
grafite sobre papel, 
90,5cm por 44cm (com moldura)
1998 
ZMB

Rosário no McDonalds


'Rosário no McDonalds'
acrílico sobre placa de madeira
25cm por 17cm
1998
ZMB

Lust


'Lust'
pastel de óleo sobre papel
42,5cm por 34cm (com moldura)
1998
ZMB

 Com a mesma temática 
os dois estudos seguintes perderam-se:



terça-feira, 20 de maio de 2014

Dois estudos a carvão de modelo nú


'Sleeping beauty'
carvão sobre papel. 62cm por 86cm (com moldura)
1998 por ZMB


'Modelo sentada numa cadeira'
carvão sobre papel. 86cm por 62cm (com moldura)
1998 por ZMB


Este dois estudos foram realizados 
num curso de desenho de modelo nú
que frequentei durante algum tempo 
em horário pós-laboral
na escola de belas artes de Cork 

Zaratustra


'Zaratustra'
lápis e tinta de óleo muito diluída sobre papel
60cm por 45cm
1998
ZMB

Este quadro foi vendido na exposição de 2007.
A pessoa que o comprou disse-me que não sabe porquê
mas que lhe parecia a terra natal Moçambique :-)

Old woman


'Old woman'
técnica mista sobre papel tamanho A2, 63cm por 46cm (com moldura)
1998 por ZMB

Na mnha primeira exposição de pintura
realizada no Centro Cultural Amália Rodrigues
em Rio Tinto no ano de 2007,
este foi o quadro mais apreciado.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

George Pfau - Zombies in the landscape


Zombies in the Landscape from George Pfau on Vimeo.

Cristo perdoa-me porque sou cego, nº 2




'Cristo, perdoa-me porque sou cego 2'
acrílico sobre madeira, 
51cm por 39cm (com moldura)
1998 
ZMB

Na biblioteca da escola de artes de Cork na Irlanda
estava um livro sobre o pintor El Grecco.
Antes de, acidentalmente, o livro se queimar num incêndio doméstico
pude fazer um desenho e este estudo 
a partir de um pormenor de um seu quadro bíblico.

Num acto que não tem justificação válida
e depois de o oferecer a minha mãe devota,
desfi-lo em pedaços por alturas de 2000/2001
( Mas mãe quase sempre perdoa os filhos
estando eles doentes ou sejam simplesmente irresponsáveis.)
Ela fez-me o favor de gastar dinheiro e colar os pedaços 
e pô-lo na parede de seu quarto.
Eu acho que funciona como um crucifixo por cima da cama.

'mãe de santo que você se salve por mim'

Uma figura


'Uma figura'
Carvão e tinta de óleo sobre papel
60cm por 42cm
1998
ZMB

Uma vez mostrei uma fotografia deste trabalho a um colega.
O seu espanto manifestou-se dizendo:
- Olha uma mulher com três mamas!
Eu ri-me...
De nada valia falar das Vénus em pedra.

Este quadro foi vendido a minha irmã Via Láctea.

Cowboy de esporas prateadas


'Cowboy de esporas prateadas'
Lápis e pastel de óleo sobre folha de papel canson
1997
ZMB

Eu ia partir. O desejo era não mais voltar.
Quis deixar-lhe algo para ela não esquecer. 
Fui a sua casa. Toquei à campainha. Ela não estava.
Toquei em qualquer campainha. Abriram a porta do prédio.
Deixei-lhe este trabalho por debaixo da sua porta.

sábado, 17 de maio de 2014

D.H. Lawrence - A serpente emplumada, 1926

'
Só acordou à tarde. Depois de almoçar, meteu-se num barco de remos e dirigiu-se a casa de Kate. Esta ficou espantada ao vê-lo chegar de fato branco e sarape encarnada.
- Vou proclamar-me o Huitzilopochtli vivo - declarou ele.
- Sim? E quando? - Kate quase tinha medo dos olhos inumanos daquele homem.
- Na próxima quinta-feira. A quinta-feira será o dia de Huitzilopochtli. Não queres sentar-te ao meu lado e ser a minha esposa quando eu for deus?
- Mas tens a impressão de ser um deus? - perguntou Kate incrédula.
Cipriano lançou-lhe um olhar estranho.
- Fui lá e voltei, mas pertenço ao reino onde estive.
- Onde estiveste?
- No lugar em que não há além, em que as trevas se afundam na água, em que estar a dormir ou acordado equivale à mesma coisa.
- Nunca compreendi questões místicas. Causam-me certa aflição.
- É uma questão mística quando me aproximo de ti e te possuo?
- Claro que não. É física.
- Pois o mesmo se dá com o outo caso, embora ultrapasse esses limites. Não queres ser a esposa de Huitzilopochtli? - inquiriu ele novamente.
- Não tão cedo.
- Não tão cedo! - repetiu Cipriano.
Houve uma pausa.
- Queres voltar comigo para Jamiltepec? - perguntou ele.
- Agora não.
- Porquê?
- Não sei... Tratas-me sempre como se eu não possuísse vida própria, mas possuo! - replicou Kate.
- Possuis? Quem ta deu? Onde a arranjaste?
- Não sei, mas tenho-a e quero vivê-la. Não posso deixar-me tragar.
- Porquê, Malintzi? - volveu Cipriano, tratando-a pela primeira vez por este nome singular. - Porque não podes?
- Porque não.
- Eu sou o Huitzilopochtli vivo e deixo-me tragar. Julgava que o mesmo acontecia contigo, Malintzi.
- Não, não inteiramente.
- Não, inteiramente, agorra não, não tão cedo... Quantas vezes já disseste «não»! Vou ter com Ramon.
- Pois vai. Só te importas com ele, com o vosso Quetzalcoatl vivo e Huitzilopochtli vivo! Eu sou apenas uma mulher.
- Não, Malintzi, és mais do que isso. És Malintzi.
- Não sou Malintzi nenhuma. Sou simplesmente Kate, uma mulher como as outras, e não acredito nessas histórias.
- Pois eu sou mais do que homem, Malintzi. Não vês?
- Não! Não vejo - respondeu Kate. - Porque havias de ser mais do que homem?
- Porque sou o Huitzilopochtli vivo. Então já não to disse...? Hoje a tua boca está cheia de pó, Malintzi.
'

--
página 347
tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento
edição Unibolso, Portugália Editora, Lda

Current 93 - Forever Changing



Current 93
no álbum 'Christ and the pale queens mighty in sorrow'
1989
a faixa
'Forever Changing'
Palavras de Hildegard Von Bingen:

All is cold hard beauty, pain is never done
And we remain clothed in space
Forming from space
Space we come and return
And I saw within the mystery of god
In the midst of the southern breezes
A wondrously beautiful image
It had a human form and it's countenance was of such beauty
That I could have more easily gazed at the sun
Than in that face
For a broad golden ring circled it's head
In this ring above the face there appeared a second countenance
Like that of an elderly man
It's chin and beard resting on the crown of her first face
And on both sides of the figure a wing grew out of the shoulders
The wings rose above the face and were joined there
Then at the top part of the wing on the curve appeared an eagle's head
Its eyes were like fire and in them the brilliance of angels streamed forth from the mirror
On the part of the left wing's curve there was soothed a human head
Which shone like the gleaming of the stars
Both faces were turned towards the east
And from the shoulders of the figure a wing extended to its knees
The figure was wrapped in a garment that shone like the sun
Its hands carried the lamb which shone like a brilliant day
The figure's feet trod upon a monster of black
A serpent had fastened its teeth into it
And its body was wound around the wound
Its tail extended to the left
It said "I am the highest in fiery power
I have kindled every spark of life
I am it, nothing that is deadly
I decided on all reality
With my wings I fly above this little world
With wisdom have I put the universe in order
I am the fiery life of essence
I am a flame beyond the beauty even of the meadows
It is I who gleam in the waters
It is I that burn in the sun
It is I that burn in the moon
It is I that burn in the stars
With every breeze as with invisible life that contains everything
It is I that awaken every thing to life
The air lives by turning green and being in bloom
And the waters flow as if they were alive
The sun lives in it's light and the moon is enkindled
After it's disappearance once again by the light
Of the sun so that the moon is again revived
The stars too give the light with their beaming
I have established pillars that bear the entire globe
In the same way too the body envelopes the soul
And maintains it so that the soul will never blow away"
And all is cold hard beauty, pain is never done
Never done

sexta-feira, 16 de maio de 2014

The gates ov paradise! city


'The gates ov paradise! city'
óleo e pastel de óleo sobre papel sobre pano crú
134cm por 136cm
1997
ZMB

Quis oferecer este quadro.
Recusaram.
Está dobrado e arrumado há anos.
Ignoro o seu estado de conservação.
Dou razão a Edward Munch quando
para ver passar o tempo nas suas criações
deixava os seus quadros à chuva.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sonic Youth - s/t, 1982


Descrito pela própria banda como um álbum limpo,
este é o primeiro album dos Sonic Youth
e cuja primeira edição foi numa label de Glenn Branca.

O som é uma das armas ao dispôr da juventude
para fugir à miséria existencial.

ZMB - O companheiro da senhora Vento


'The companion of lady wind'
2013
ZMB

Uma versão minha 
com uma letra hermeneuticamente alterada
do original da fadista Cidália Moreira.

O frio negro e azul do salão do templo dourado arde abstracto de amarelo e laranja pela mão de um negro repetido três vezes


'O frio negro e azul
do salão do templo dourado
arde abstracto de amarelo e laranja
pela mão de um negro 
repetido três vezes'
óleo sobre tela
30cm por 40 cm
1996
ZMB

Existe um filme produzido por Francis Ford Coppola
que adapta e conta uma versão light da vida de Yukio Mishima
através de quatro histórias escritas pelo autor.
Existe uma sequência de três fotogramas 
em que se vê um monge incendiando o templo.

Assim, este meu quadro é uma interpretação dessas três imagens combinadas.
Este quadro foi vendido a preço de amigo no verão de 2013
a um casal de recém casados espanhóis
que se passeavam no Cais da Ribeira 
em São Nicolau Porto.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Nico - The marble index, 1969


frio muito frio
uma voz para nos aquecer
o dizer halucinatório que sa foda

!


'!'
óleo sobre tela
38cm por 46cm
1996
ZMB

H.B.


'H.B.'
gouache sobre papel. 41cm por 50,5cm (com moldura)
1996 por ZMB



HB é Hieronymus Bosch,
é uma homenagem.
Se os quadros dele estão cheios de detalhes e pormenores,
eu, neste estudo em preto, vejo sempre novas figuras
mas que, ao contrário do mestre, não sairam da minha vontade
mas aparecem como um mancha Rorschach.

segunda-feira, 12 de maio de 2014