sábado, 28 de maio de 2022

Compras, trocas e prendas

Nas Jornadas anarquistas do livro e autoprodução,
que decorrem este fim-de-semana no Pintalhão em Contumil, Porto

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Hakim Bey- Chaos

Chaos never died. Primordial uncarved block, sole worshipful monster, inert and spontaneous, more ultraviolet than any mythology (like the shadows before Babylon), the original undifferentiated oneness-of-being still radiates serene as the black pennants of Assassins, random and perpetually intoxicated.





terça-feira, 24 de maio de 2022

Dedicado à música insubmissa

Https://radio.indymedia.pt
Com:
A Festa de Anos de Nicolau Cave e Miguel Árvore
Sereias
Presidente Drógado

sábado, 21 de maio de 2022

Sereias - Primeiro Ministro

eu não quero ser competitivo
eu não quero ser executivo
eu não quero ser um gajo normal
eu não quero morrer de tédio tédio tédio


terça-feira, 17 de maio de 2022

Sob uma montanha de pó

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Durante vários anos Erik Satie veio de manhã ao 10 da rua D'Anjou, sentar-se no meu quarto. (...) Vinha de Arcueil a pé. Habitava num pequeno quarto onde foram encontradas, depois da sua morte e sob uma montanha de pó, todas as cartas dos seus amigos. Não tinha aberto nenhuma.
"

Página 33
em "A dificuldade de ser"
Jean Cocteau
Tradução de Aníbal Fernandes
Edição Sistema Solar

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Duas notas sobre a preocupação familiar

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1. Ao fim do almoço tomando café:

A minha mãe diz: -- Ru, estás mais magro.

-- Lá estamos nós outra vez, não há outro assunto de conversa?, que importa se peso menos ou mais quinhentas gramas?!, querem fazer disso assunto nacional?, tanta criança a morrer de fome e vocês preocupados comigo, tenho quase cinquenta anos, bolas!, já está a altura de descansares, mãe, não é?

-- Nota-se nas calças...

-- Não estou nada mais magro! Há duas semanas admitiste que estava mais gordo, agora emagreci, não há paciência.

-- As tuas calças estão mais largas, essas por exemplo...

-- Isso é porque passei todo o tempo frio com calças de fato-treino por baixo, isso fazia engordar as pernas. Outra razão para parecer que as calças me caem é este cinto que comprei nos chineses, ele fez os furos mas ficou largo, devia ter feito mais um...

-- Foste ao sapateiro fazer os furos no cinto?

-- Ó mãe, se comprei o cinto nos chineses e ele tem a máquina de fazer furos... porque haveria de ir ao sapateiro, duh...

-- Ah tábem.

-- É, ele é mais um terrorista!, diz o meu pai que até então comia uma fatia de melancia.

-- Eheh... quem?, o chinês da loja?, pergunto eu divertido, já conheço as ideias do meu pai.

-- É um espião, está a mandar dados para os chineses!

-- Para o Xi?, eheh então deveria dizer: «Senhor Xi, veja lá se fabrica melhores cintos porque este é já o quarto cinto que compro em seis meses, depois de os outros se desfazerem nas minhas mãos», eheh...

-- Ó Ru, não desconverses.


2. Às seis da tarde:

Saio do anexo, subo a escadaria e abro a porta e casa, dirijo-me à cozinha. Meu pai está sentado a preparar hortaliça para fazer sopa. Eu começo a desmontar a cafeteira para fazer café de saco, o meu pai diz:

-- Tomas muito café!

-- Não tomo nada, estou a tomar metade dos que tomava.

-- Ainda há pouco tomaste um, diz ele.

-- Ó!, tomei um café-galão de manhã que tu viste antes de me deitar, depois tomei um quando acordei no fim do almoço, foi quando a mãe falou das quinhentas gramas a menos, há bocado tomei um cimbalino no café e agora este... quatro cafés.

-- É muito café, faz-te mal.

--- Antes ia ao café oito vezes e tomava oito cafés, agora tomo metade, eu preciso de estar acordado à noite, não faz nada mal, olha... eu já cometi excessos mas agora não, olha... por exemplo, no tempo da faculdade... ia às três da manhã para o bar da associação com os livros e no meio de toda a gente a beber, dançar e a fumar, eu estudava e bebia café!, quer dizer... também apanhei bebedeiras de cerveja mas sempre fui um gajo de tomar café... por isso... agora, estou quase um santinho!

-- É, vais para o céu!, diz o meu pai.

-- Não!, não quero ir, lá nas almofadas das nuvens só se dorme e os anjos não têm sexo, é o que se diz, não se faz nada no céu!

-- É, queres ir para o inferno ser queimado!

-- Ó, que importa!, pelo menos tem lá belas mulheres.

Quando digo isto, reparo que meu pai está a sorrir, ele por debaixo de toda a sua austeridade ainda se ri. É o que vale.

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Claudio Mur

segunda-feira, 9 de maio de 2022

A dimensão política e filosófica da questão laboral

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Viva Rui,
aqui Ru.
Falávamos no outro dia sobre trabalho, disseste que se pudesses largavas o emprego, se tivesses garantido um mínimo que te permitisse viver confortável, eu disse: sim, os salários intermédios não foram aumentados durante estes anos, apenas os salários mínimos os foram, hoje em dia só pode viver bem se entrarem dois salários em casa (como que a dizer: um paga a renda e o outro a despesa dos filhos). Disse tudo isto ou não disse nada, pensei-o e, como por ilusão telepática o pensei ter transmitido, não o terei talvez verbalizado com clareza, terei antes falado de mim, de me ter assumido como escravo voluntário, terei talvez dito que estou reformado e que nem devia trabalhar, mas que antes vivia num quarto mas precisava de um subsídio da minha mãe para a renda, e olha... agora, quase sete ou oito meses depois, continuo no mesmo trabalho e voltei para casa dos meus pais, logo já não pago renda, [dou voluntariamente uma pequena contribuição mensal à minha mãe como tributo por todos os anos em que ela me ajudou] e tenho dinheiro para livros e discos, sou um escravo voluntário, trabalho muitas horas e ganho pouco mas não me importo, como consigo descansar durante a noite não serão assim tantas horas de trabalho mas tempo no local de trabalho. De qualquer modo, sinto-me útil, os patrões gostam de mim, as minhas colegas de trabalho gostam de mim, os hóspedes também, estou bem lá.
O que tu não sabes, Rui, é o absurdo do meu trabalho: agora que voltei para casa do meu pai passei a ter poucas despesas fixas e a conta bancária aumenta porque eu não gasto tudo o que ganho e como não terei descendentes não quero deixar o dinheiro para o Estado ou levá-lo para a cova, urge estourá-lo!, podia estourá-lo numa renda de apartamento mas isso iria obrigar-me a trabalhar para sempre e viver para pagar o apartamento, logo já não iria ser um escravo voluntário e passaria a ser um escravo por necessidade. Terás de concordar que não precisar de pagar renda é uma mais valia que deveria estar acessível a qualquer cidadão. Em casa do meu pai usufruo de isenção de renda e se numa futura herança a casa de meu pai ficar para mim também aí não pagarei renda, apenas o imi ou, quem sabe. até terei isenção de imi, ou seja, após anos em quartos de despejo agora sinto-me garantido no que diz respeito a ao direito básico de habitação, e, por esta ordem de ideias, eu SÓ trabalho porque quero e não porque necessito. Logo sou mais livre do que a maior parte dos cidadãos que são escravos por necessidade.
Pensa comigo agora: eu trabalho e engordo a conta bancária e isso permitir-me-á poupar para uma máquina fotográfica na gama acima dos trezentos euros, para uma nova prótese dentária e para um futuro aperto em que nada corra bem e eu me veja desalojado de novo.
Mas o absurdo de que falo em cima é apenas económico. Falta falar na dimensão política e filosófica da questão laboral, foi o que eu finalmente vi com clareza este fim de semana tanto em casa dos meus pais como no trabalho: 
Se eu trabalhar o meu pai sente-se meu amigo, sente que o filho é boa pessoa e que está no bom caminho. É assim que neste momento e trilhando o bom caminho de meu pai eu me sinto livre e sinto que ninguém nem mesmo o meu pai manda em mim, converso com ele e ele conversa comigo e vivemos num idílio de pai com filho, galo e garnizé cada um no seu poleiro respeitando o outro. Felizes para sempre e o meu problema de habitação garantido e sem intromissões familiares na minha vida, apenas conselhos e não ordens, convivência feliz, diplomacia.
Se eu não trabalhar, o meu pai começa a ficar nervoso e a tentar controlar-me e a pensar que eu estou a ficar doente por ter voltado à ("tu sabes, filho, porque adoeceste...") droga. Guerra.

Conclusão, meu amigo Rui, eu trabalho para poder fumar o meu charro no meu anexo sem ninguém ter nada com isso. 
Agora um pouco de anedota linguística para cimentar o absurdo com um hilário: 
«Eça é quié'Essa! E esta hein? lol ou lola»

Saudações literárias.
Ru
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Claudio Mur

sábado, 7 de maio de 2022

Novidade bibliófila do dia

Estou na esplanada do café da zona a desfrutar do bom tempo e a terminar a leitura da entrevista aos Sereias na edição de 6-f do jornal Público, quando recebo um telefonema da minha mãe:
-- Queres o Dom Quixote de la mancha? Custa um euro.
-- Está bem!

Eu quero lá saber se os sobrinhos se desfazem dos livros que deram orgasmos ao tio, 
eu gostaria era de saber que destino terá a minha biblioteca e se os meus sobrinhos serão extra-ordinários...

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Cavalos de um Marajá

 


«Cavalos de um Marajá»

óleo sobre aglomerado de madeira

54cm por 88cm

2022

ZMB

terça-feira, 3 de maio de 2022

domingo, 1 de maio de 2022

Provérbio japonês

 "

A língua de uma mulher, não medindo mais de oito centímetros, é capaz de aniquilar um homem com mais de um metro e oitenta de altura.

"


lido em «Ninfomaníacas e outras» de Irving Wallace,

tradução de Ana Maria Marques de Almeida

edição Portugália Editora