sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Não têm vergonha na cara.

 Ontem, seis da tarde na cozinha com a minha mãe ouvindo a Lagarde nas notícias da tv:

-- Mãe!, esta é quem manda em nós e em todos os europeus, esquece o Marcelo, o Costa, o ranheta do Montenegro e a larva do Ventura...

-- É a Ursula?

-- Não, essa é a presidente da Comissão Europeia, essa não manda nada, é um bibelô. Esta não, esta é a Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu. Esta fala e centenas, milhares de famílias vão morar para debaixo da ponte.

-- E no entanto ela deve ganhar bem...

-- Mãe!, pensa comigo: imagina um casal jovem com três crianças, a mãe não trabalha porque não tem quem fique com os filhos e o dinheiro não chega para a creche...

-- A creche da MI custa 350 euros...

-- Pois, imagina que esse casal não tem uma avó que fique com os netos, então a mãe não trabalha e cuida dos filhos, é só o marido e pai que ganha, imagina que ganha mil euros ou nem isso... agora a Lagarde aumenta a taxa de juro e esta família de um mês para o outro passa a pagar mais 100, 200 euros de renda... quem é que pode?, é certo que há créditos que só vêem os juros aumentados ao fim de um ano, mas os juros estão a aumentar há dez meses, logo a prestação da casa duplicou, quem é que pode? É apertar o cinto... mas quando já não há cinto o que se faz?, nem todos têm família para onde voltar...

-- Pois é.

-- E sabes o que é mais nojento, é que esta Lagarde era a presidente do FMI no tempo da troika, que já veio admitir que errou quando impôs as políticas do tempo do Passos Coelho e isto tudo apesar de ele ter chegado a dizer que queria ir «além da troika», as políticas económicas falharam, mais tarde admitiram o erro que provocou o aumento da miséria e pobreza na europa entroicada, e depois pediram desculpa. Pediram desculpa e ficou tudo igual só que com mais miséria. Daqui a uns anos, vão voltar a pedir desculpa pelo que agora estão a fazer, as pessoas terão perdido a casa e a vida mas para as elites e para a Lagarde continuará tudo igual. Não têm vergonha na cara.


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