Um jovem, músico ou praticante de um ofício com o qual pretende singrar e fazer carreira, às vezes na ânsia de aproveitar as oportunidades e ser ouvido, lido ou citado e respeitado, por um número crescente de ouvintes e até ouvintes pagantes, aceita todas as ofertas de trabalho que lhe surgem. Como em todo o mercado laboral ou «de fama» às vezes quem paga o devido salário não é a flor mais cheirosa. E muitos de nós, qualquer pessoa na realidade, aceita benefícios de pessoas de quem não gosta ou cujas opiniões lhe são contrárias. Quando confrontadas, dizem que o fazem por terem de ganhar a vida, o sustento, o público.
Mas não deverá haver um limite?Não deveríamos ser capazes de não aceitar dinheiro, um salário, de não trabalhar com quem não gostamos? Não deveríamos trabalhar só com quem sentimos afinidades?, e não apenas dizermos que se recebemos dinheiro de um gatuno o fizemos apenas por necessidade, como se o dinheiro fosse mais importante que as convicções?
Um pobre ou quem passa necessidade, talvez não tenha outra hipótese porque a sociedade não é justa na distribuição; mas uma pessoa quando já atingiu um estatuto ou bem estar e que não queira sempre mais e mais, deveria agir por convicção e não por dinheiro, que aqui funciona como uma máscara, uma aparência que dá uma imagem falsa da verdade, e que engana o seu próprio público.
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