segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Good? :D

No Sábado à tarde, estava no quarto a pintar e como fundo sonoro ouvia a rádio Antena 2.
Ao Sábado, gosto de ouvir o programa das 16h às 18h.
Este era sobre o Jorge Amado. Uma evocação a propósito de uma nova biografia do escritor escrita por Joselia Aguiar.
Passaram alguns registos sonoros do Jorge Amado a falar, o jornalista e a convidada a ler excerptos da biografia, a falar das diferentes fases da sua vida, dos livros, dos amores, e de como apesar de algumas infidelidades mútuas, Jorge Amado sempre esteve com a mulher: Zélia Gattai.
A certa altura, passam o registo sonoro de uma homenagem que lhe fizeram nos anos 90 em Lisboa, na Casa da América Latina (se recordo bem o nome que no Sábado ouvi na rádio) onde estiveram presentes várias personalidades da cultura e da política portuguesa e também um filho de Amado.
Umas das personalidades que recordo de ouvir falar foi a do Raul Solnado que resolveu evocar uma tarde em que Amado e Zélia passaram por Lagos no Algarve:
O Jorge Amado ia vestido com bermudas, talvez chinelo de dedo e uma camisa com cores e formas luxuriosas, ia com a mulher, e pareciam um casal de velhotes americanos. Passaram na feira e pararam numa banca de frutos e o Jorge decidiu comer um figo.
O comerciante pergunta-lhe: -- Good?
O Jorge Amado lá deixou passar o facto de parecer inglês e até deve ter ficado contente por não ser reconhecido, de modo que respondeu: -- Good!
Então, o comerciante, vendo que era entendido pelo cliente e certificando-se assim que ele era estrangeiro e não percebia a língua portuguesa, respondeu:
-- Good. Estás gordinho seu filho da puta!
Neste momento, eu parei de pintar e ri-me porque na rádio o Solnado fez rir toda a gente que o ouvia, seja naquele dia na Casa da América Latina seja eu hoje que ao escrever isto me estou a rir.
O Raul Solnado diz ao concluir a sua história do Jorge Amado em Lagos numa banca de figos:
-- Toda a gente se cagou a rir, o próprio Jorge também, e depois veio uma senhora que vendedora noutra banca se virou para o vendedor de figos e lhe disse: olha o que foste dizer... não vês que este senhor é o pai da Gabriela, o senhor que escreveu a telenovela?


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