quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Brasile: Musica Nera di Bahia


1. A solo di berimbau Teatro Vila Velha, 2 gennaio 1976
2. Rapazes com berimbau Terreiro De Jesus, 2 Marzo 1976
3. Batucada a Conceição de Praia Conceição de Praia, 28 gennaio 1976
4. Batucada a Rio Vermelho Rio Vermelho, 2 febbraio 1976
5. Frevo de Carnaval Avenida 7 de Setembro, 29 febbraio 1976 Registrazioni effettuate a Salvador (Bahia) da Massimo Somaschini e Chantal Peillex
Note di Massimo Somaschini: «La musica brasiliana è nata dall'incontro di tre culture differenti: l'amerindia, l'europea e l'africana. La musica degli aborigeni era ed è essenzialmente religiosa, di questo si accorsero i gesuiti che cercarono di canalizzare verso la fede cattolica i riti animisti. Infatti i gesuiti, per aumentare il numero dei fidelli, permettevano agli iindigeni di utilizzare i loro canti e le loro danze religiose durante le processioni e all'interno delle chiese. Il tentativo dei colonizzatori di schiavizzare gli Indios fallì miseramente: grosse epidemie di malattie portate dai bianchi decimarono gran parte delle tribù, inoltre la maggiore parte degli índios asserviti all'atto pratico sul lavoro non rendeva afatto e preferiva lasciarsi morire piuttosto che lavorare nelle immense plantagioni di canna da zucchero; per di più gli stessi gesuiti sostenevano una campagna contro la schiavitù degli indigeni. Per questo nel 1538 cominciarono ad arrivare in Brasile le prime navi spagnole e portoghesi cariche di schiavi provenienti dall'Africa.»


domingo, 27 de novembro de 2022

Eu disse: você é filho de cobra. Você é cobra também. Seu nome vai ser Urutu.

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Quando fabricamos o primeiro vinho da jurema, fizemos um festa muito alegre. Bebemos e cantamos muito. Era tudo alegre. Cantamos para os nossos mortos em Jacuípe, celebramos nossos guerreiros que tombaram naquele dia para salvar as nossas vidas. Quem cantava contava aquela história, e falava o nome de cada um dos nossos que tinham morrido.

Depois, fizemos muitas outras festas: a festa da colheita da batata, a festa do milho, a festa da mandioca, a festa da caça e também a festa da pesca. Eram muitas festas que fazíamos, alegres, com cantos e danças e muita bebida.

Os caçadores iam longe, reconhecer as distâncias, saber se havia curraleiros por aquelas regiões, porque eles podiam nos atacar de novo. Tínhamos visto que eles eram muito perigosos para nós. Ou eles faziam de nós prisioneiros para seus escravos, ou nos matavam. Eles pegavam nossas crianças e levavam pra suas fazendas. Cortavam nossas mãos, cortavam nossos pescoços, quebravam nossas cabeças com paus, com pedras. nos feriam com muitas balas que saiam de suas armas. Por isso, tínhamos medo que eles nos achassem.

Dinaman fez a cabana pra mim, longe de todos, pra eu poder esperar meu bebê, e depois, pra eu fazer meu resguardo. Me ensinou um caminho por onde eu podia ir sozinha até um lugar no Riacho dos Umbus. Eu ia lá, tomava banho e voltava. Ele trazia caça para eu comer, trazia peixe. Eu tinha panela, tinha ralo, tinha testo para assar a mandioca e fazer farinha. Todo dia eu cozinhava, eu moqueava caça, assava batata e ficava esperando o dia que meu filho ia nascer. Eu ia matar meu bebê e depois comer. Não ia jogá-lo na terra para as formigas comer. Ele ia voltar para o mesmo lugar de oonde tinha vindo, dentro de mim, onde bichos não podiam comê-lo.

Então chegou o dia. Eu estava sozinha quando ele nasceu. Mas na hora que ele nasceu, minhas mãos não quiseram que eu matasse. Meus dedos encolheram quando eu quis tapar sua boca e seu nariz. Eu escutei a voz dele. Ele chorava. Eu fiquei olhando pra ele. Era homem, mas não vi o homem branco nele. Ele era igualzinho aos bebês de meus parentes. Então eu pensei: ninguém vai saber, ele é igual aos outros. Só os olhos. Os olhos eram um pouco descorados. Não tinham o preto dos outros. Olhos de água de lagoa, ou puxando aos da cobra verde. Eu pensei: ele vai ser valente como uma cobra. Traiçoeiro como a cobra surucucu. Vai saber se esconder pra atacar o inimigo quando ele menos esperar. Eu arregalei os olhos dele com os meus dedos pra ver mais, e o meu coração tremeu.

Abandonei o plano de matar. Cortei o cordão com uma pedra e fui mergulhar com ele nas águas do riacho. Eu disse: você é filho de cobra. Você é cobra também. Seu nome vai ser Urutu.

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«O Língua», página 22 - 23

Eromar Bomfim

Edição VS, 2022



https://youtu.be/d2VvBLeCQ9w: «A voz que cura»


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

O Pensamento de Shivana Ribeiro, imperatriz do Povo de Além cuidando do Povo de Cá

 Não será um pensamento elitista, mas a maioria das damas que anda nas redes sociais, quase que aposto, nem que seja por solidariedade feminina subscreverá estes vinte penáltis, acho mesmo que até a Liga de Chá anti-ZMB poderá dizer alguma coisa eheheh mas isso sou eu a ter soledades do tempo em que todos andávamos a cavalo trocando flores e cigarros.

Atão aqui vai:

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PENÁLTIS


Pensamentos de Shivana Ribeiro:


1

O casal é conhecido no divórcio,

Os irmãos na herança, os filhos na velhice e

Os amigos nas dificuldades.



2

Um bom marido não é um homem rico ou bonito.

É um homem que sabe o valor de uma mulher...



3

Meu pensamento do dia

O coração de uma mulher é como um instrumento musical,

Pois nas mãos certa pode emitir notas incríveis.



4

Seja o tipo de mulher que quando os seus pés pisam no chão todas as manhãs o Diabo diz ó merda, ela está de pé!



5

Descutir com pessoas que não aceita á verdade é como dar remédio a uma pessoa morta.



6

Amizade não se compra e nem se vende

aqueles que vai para o Facebook, o WhatsApp, e etc. E mente não é honesto não tem caráter, e brinca com a confiança das pessoas, espero que não me peça amizade



7

Este pensamento do dia,

é para alguns amigos.

A confiança, honestidade, e o

caráter.

E como papel depois de a maçado

Só presta para jogar fora

Se não tem está 3 coisas não merece ter amigos. E tão pouco ser meu amigo ou minha amiga.



8

A coisa mais preciosa é o tempo.

Então seja sábio e não desperdice



9

Não gastes mensagens como quem

não responde.

Não gaste palavras com quem não te escuta.

Não gaste a vida com quem não merece.



10

Pensamento do dia

A verdade pode machucar,

é sempre mais digna.



11

Na forma ou na lama,

valorize sempre quem te ama.

A beleza chama atenção, mas a dignidade conquista o coração 



12

A violência é um

Refúgio dos incapazes



13

Meu pensamento do dia.

A gente só descobri a

Importância de

um abraço

quando precisar de um



14

Bom Dia para ser feliz não tem idade




15

Existe pessoas,

que não procura beleza, mais um grande

amor. Para sua vida.



16

Amigos é com vento

as vezes perto, as vezes longe mais são é ternos no nossos corações.



17

Meu pensamento do dia

A vida te ensinar que nem todo mundo é seu amigo.



18

Meu pensamento do dia hoje é um ditado brasileiro:

Quando me vêm com estorinha eu desço do salto e rodo a baiana



19

Ele me faça um favor

suba ou desça

da Shivana se esqueça



20

Os rios não bebem sua própria água

As árvores não comem seus frutos

O sol não brilha para si mesmo

E as flores não espalham sua fragrância para si

Viver para os outros é uma regra da Natureza

A vida é boa quando você está feliz

Mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa.

"

anonim@s do séc. XXIII


terça-feira, 22 de novembro de 2022

O passado explica o porquê das coisas.
Comparado com isto não passo de um betinho.
Á beira disto, a minha miséria exstencial é apenas «queixinhas»

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Bom... saí da minha cidade onde minha mãe morava em Nova Cruz e fui viver em Natal em Rio Grande do Norte onde eu nasci, morava no Morro da Mãe Luísa, na época lutava capoeira e conhecia todos os traficantes que viviam no bairro e todos eles me respeitavam como também eles tinham o me respeito. Eu era careta na altura, nunca tinha usado droga, não sabia o que era haxixe, só o que era maconha, só nunca tinha usado. Mas passei a usar, e gostei. Pelo menos, eu relaxo, fico tranquila, não faço mal a ninguém, porque as pessoas dizem que as pessoas que usam droga é para fazer mal aos outros... é mentira, isso é uma pura mentira!, isso é uma justificativa, porque não sabem o que estão dizendo, porque eu uso droga e não faço mal a ninguém, deito na minha cama, tomo a minha cerveja, vou para o computador, brinco com o meu jogo, falo com os meus amigos e minhas amigas e olha... estou numa boa, estou tranquila. Mas os preconceituosos dizem que a gente usa droga pra fazer o mal. Isso é mentira. Faz mal quem já está com a cabeça cheia de merda, já com vontade de fazer aquela merda, de invadir uma casa, destruir família, de matar, roubar. Mas não é por influência da droga, não, isso é mentira, uma pura mentira.

E não achas que a droga pode potenciar ou intensificar certos pensamentos ou certas reacções...

Comportamentos...

Comportamentos... ou seja, e a gente está... como a droga nos altera a consciência, nos põe num estado mais...

Elevado...

Elevado mas alterado de consciência...

Sim... passa muita coisa pela cabeça...

Não é pela droga mas não achas que a droga poderá... ou seja, a gente está...

Influenciar...

Certos comportamentos... quando a gente, quando alguém vem de fora falar connosco e nos põe em causa, o nosso ser... nós pra nos defendermos e defender o nosso acto...

Não. Não acho. Eu acho que o sujeito que aborda já vem com pensamento mau.

Exacto.

A gente [nós] estamos tranquilos, estamos fumando um charro, tranquilos, viajando na nossa, pensamento bom, não sei, eu pelo menos quando fumo um charro viajo na maionese, penso em viajar, ser feliz, ter um grande amor, é isso o que eu penso, na minha vida eu quero é ser feliz, eu tenho direito a isso, se Ele me pôs no mundo com algum objectivo foi, Ele não me pôs no mundo à toa, pois não?

 

A música diz «a tua beleza brilha tanto».

É, a minha beleza brilha um caralho, a minha beleza brilha no cu como estrela.

Concentra-te na música agora.

Mas, menino, tem as fotos, há mais marés que marinheiros, a minha Iansã vai tomar conta, certo?, só pega na rodilha quem pode com o pote e ele não pode com o pote, porque com espírito ele não brinca, porque ele não vê, certo?, e eu vejo, é por isso, Ru, não queira ver o meu lado negro, tu sabes qual é o meu pensamento? Eu vou destruir... eu não, alguém, alguém vai tomar conta dele prá mim...

«your beauty shines so...», canta Sheila Chandra no leitor de cedê.

 

Era uma vez, uma cachopa bem gira chamada Shivana...

Ainda bem que o meu nome não é esse...

Era uma cachopa que andava no trapézio a fazer malabarismos... foi o que ouvi dizer, contaram-me essa história, ela fumava muita erva.

E falava pelos cotovelos.

Fumava muita erva, ela foi iniciada no morro.

Não, ela não foi iniciada no morro, o morro não inicia ninguém, a gente faz o que quiser, porque eu já conheci muita gente humilde no morro que me deu abrigo, comida, roupa, sapato... e não me ofereceram nem cachaça nem droga. Então portanto, tem muita gente humilde ali dentro, tem muita gente boa.

Pois tem.

Mas o mundo é hipócrita.

Pois é.

O mundo só quer saber Capitalismo, cash, dinheiro, os pobres ficam de lado, certo?, é a massa, a massa podre, é a massa podre, mas sabe porquê?, por conta e culpa de quem?, de nós mesmo, porquê?, porque elegemos esses filhos da puta.

Pois é.

Nós somos os próprios culpados.

É, quem vota e até quem nem vota, porque se formos a ver quem não vota são praí quarenta porcento...

É por isso que... numa coisa... em Portugal...

Diz... «Em Portugal...»

Era uma coisa que eu gostava... era do tempo de Salazar!

Estragaste tudo, ooooó, vou ter de cortar esta história, vou ter de cortar o gravador...

Era igual ao Hitler!

E gostavas do Hitler?

Gostava não, gosto!

Gostas do Hitler?

Gostava não, gosto. Sabe porquê?, porque intruso só atrapalha, intruso tem de morrer, certo?, intruso tem de morrer, mas um pai de família não, um pai de família não deve morrer, um pai de família, ele está lutando pela família dele... e isso eu sou contra o Hitler porque ali...

Mas ele matou muitos pais de família...

Uuuuui!, e não só, e não só, meu querido, matou também criança...

E continuas a defender o Hitler?

Não...

Então como podes dizer que...

Eu estou dizendo que eu, se fosse naquela época, eu apoiava o Hitler...

Mesmo sabendo que ele matava crianças e mães e pais...

Não não, eu aí também me ia revoltar e ele iria me fuzilar claro.

Apoiavas ou não apoiavas, diz lá!

Aos bandidos, aos bandidos...

E se ele te considerasse uma bandida?

Olhe, podia botar no paredão que eu ia morrer pode ser.

Então continuas a dizer que apoiavas o Hitler? Fala lá, diz aí, perante estes factos...

Não. Deixa eu... peraí, eu vou dizer, vou explicar.

Explica bem.

Eu gostava do Hitler numa coisa...

Em quê? Explica aí!

Ele foi um filho da puta que matou...

Seis milhões de pessoas!

Ui!

Pelo menos seis milhões de pessoas!

Isso é o que nós sabemos.

E não foi só judeus [e ciganos e malucos e gays e drogados] que ele matou, matou também muitos na guerra, morreram muitos a combater...

É por isso que eu estou dizendo, seis milhões nas câmaras de gás, criança, pai, mãe, avô...

Eles antes de irem para o gás tiravam-lhes os dentes de ouro, os anéis...

Não venha me ensinar o pai nosso e a avé maria tábem

E ia tudo para o armazém...

Eu sei...

Venderam esse ouro todo...

Eu assistí ao documentário e à Lista de Schindler.

Prontos, então explica aí ao gravador porque é que gostas do Hitler afinal de contas.

Olha, eu gostava do Hitler uma coisa...

Diz aí, explica! Explica!

Calma!

Desculpa. Fala. Leva o teu tempo. Mas explica bem.

Eu queria ser como ele, eu queria ser como ele... mas para fuzilar os bandidos, entende? Era isso que eu queria dizer...

Os bandidos...

Isso.

Sim... os bandidos. Mas que bandidos?

Não pais de família...

Que bandidos?

Por exemplo... estrupador.

Sim, estrupador. Mais. Quem é que querias que ele fuzilasse mais?

Calma, deixa eu pensar.

Estrupador, «violador» em português.

É violador de pessoas, principalmente de adolescente...

E de crianças também.

Pois. Adolescentes, crianças...

Seis anos, às vezes menos, bebés.

Bebés. Isso eu botava no paredão, porque isso não merece viver, caralho!

Num merece, estrupador. Mais?

Deixa, deixa eu pensar, tábem?

 

Só está saindo «estrupador» porquê? Porque fui violentada?

Claro, mulher, claro! Obviamente que é por causa disso. Isso é grave, o que te aconteceu é grave, é por isso... mas não precisas de ser um Hitler, não precisas de ser um Hitler nem precisas de ser a amante de Salazar, que é a tua fixação. Não é?

Me fizeram mal, entende?

Eu sei. Eu sei. Eu sei que fizeram...

Apesar de... quem me fez mal... está debaixo da terra, já não existe. Quem me fez mal já está debaixo de sete palmos, é assim meu amigo, ele tinha voz de quem tinha tudo na vida...

Que idade tinhas?

Dez anos. É pau para toda a obra. A gente saía galopando a cavalo, eu quase na cabeça do cavalo... eu sei que tu és uma pessoa não-religiosa, mas por eu falar de Deus não vai te afligir, pois não? Minha casa é fria, estou tremendo de frio.

Pois estás, chega aqui que eu aqueço.

Ru...

Diz, querida?

Obrigada por estares do meu lado.

Eu compreendo, eu percebo-te, não penses que não.

Aleluia, feijão no prato e farinha na cuia.

 Ela não pode cantar mais, a Sheila tem uma doença rara em que cantar, mesmo falar lhe faz «arder» a garganta.

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anonim@s do séc. XXIII



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Janus diz


Prisioneiros da liberdade num anexo com sistema de som
Pra quê tomar pastilhas se vamos ficar todos malucos
Eu também já tive alguns pensamentos esquisitos mas não pode ser na última! Tem de confiar
I forgot the future 'cause I regret the past

sábado, 19 de novembro de 2022

Na paragem de autocarro

Na paragem de autocarro fazendo companhia à dama que vai embora:
-- Poisé!, esses homes fazem-te muitas promessas, tenho de começar a prometer também...
-- Não são promessas, são convites.
-- E quando te convidam para ir beber uma surbia ao Catar tu pensas que partes logo na hora, entre um convite e a conclusão do convite a coisa torna-se em promessa ué...
-- Ele me convidou, pagava a minha passagem e depois eu voltava amanhã, eu disse não...
-- É.. tenho de pensar em prometer-te qualquer coisa, por exemplo, pendurar -te naquela árvore de cabeça para baixo... ou então, fazer finalmente cortar a tua filha Pandora às postas como uma pescada mas não porque ela não é pescada, mas sim fazer um bom sushi de cobra e comê-lo acompanhado de uma tequilha sunrise ou até só limão e sal, tazaver... shotes de sushi com tequilha...
-- Se você fizesse isso, eu também cortava você às postas e espalhava pelo lixo...
-- Ah... mas depois fazia como a deusa Ísis e juntava as partes para ressuscitar oralmente o deus Osíris?
-- Não!, juntava as partes e jogava nos porcos, dava para eles comer, fazia como aquele que foi goleiro do Flamengo!
-- É por isso que eu gosto de você!
-- Eu sei o que você quer...
-- Hoje, estou muito triste contigo, é por não me poderes dar coices que não dormias comigo na antiga casa...
-- Ihihih...
-- E agora que tem cama larga passa a noite dando coice no velho... a minha cama era estreita e tu não te podias espraiar.
-- Eu dou coice porque estou dormindo, não tenho culpa...
-- É, você de noite é uma éguazinha que relincha como nós gostamos mas depois de dia vive na possibilidade do que pode vir a acontecer, sempre na diplomacia, não no que faz mas no que gostaria de fazer...
-- Você também quer levar coice?
-- Quero pintar-te as unhas no céu e beber o teu néctar!
-- Virgemária minha mãe olha o escambéu!, menino, você anda falhando a medicação?
-- Dá-me um beijinho...
-- Vem aí o autocarro, a gente se vê depois.

Em Annexus 51 estamos sempre em Cartum

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Sobrinhos Bia, Ric e Mi

 



aguarela em tamanho A3 mais moldura

(A linha preta foi desenhada com marcador de preto permanente)

2022

ZMB


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Tuíte roubado a Satie

Quem disse que a crítica era fácil, não disse nada de realmente notável. É mesmo vergonhoso tê-lo dito: deveria ser perseguido, pelo menos ao longo de um quilómetro ou dois.
(...)
O cérebro dum crítico é um armazém, um grande armazém.

Página 87
Escritos em forma de grafonola
Erik Satie
Tradução, organização e notas de Célia Henriques e Vitor Silva Tavares
Edição Maldoror

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Na Esfinge de Mel com um livro de Cormac McCarthy: este país não é para velhos

Contagion Dub


Kevin Ayers smoked the herbs
and felt deeply good

«Am I talking shit? Tell me, Ru.»
I smiled and didn't say a word, so my colleague replied to the guest's question: «No, you are not!»
But what I felt was «you are talking deep smelly shit!»
He's not Kevin, Kevin Ayers was from the band The Soft Machine and their name is a W.S.Burroughs book.
He's actually Nigel Ayers from Nocturnal Emissions.


terça-feira, 8 de novembro de 2022

4 ou 6 dedos: to be or not to be

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Na mão esquerda de Pagreus falta um dedo. Muito se tem dito sobre este dedo, sem se ter dito a verdade. Diz-se, enfim, aquilo que é habitual dizer-se quando nada se sabe. Os restantes dedos são extraordinariamente longos, o que lhe permite abranger mais copos do que o normal.

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página 79

«Cadernos de Bernfried Jarvi»

Rui Manuel Amaral

edição Livraria Snob



Se Pagreus tem 4 dedos, ZMB por outro lado pintou uma mão com 6 dedos e quando deu conta da ocorrência pensou em emendar, mas acabou por não mexer uma palha porque se o fizesse (pensou ele) estragaria o trabalho.


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Na Revista eSTUPIDa #9: Ficar sem pilinha


Na Revista eSTUPIDa #9

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As imagens sucedem-se sem cor, desfocadas, quase ao ralenti, uma após outra são imagens paradas de uma paisagem em fogo e onde o único movimento é o fumo esvoaçando das casas queimadas. Deodato acaba de perceber que está dentro do filme porque uma imagem o mostra reflectido num vidro de loja em cacos vestido de repórter fotográfico, as moscas zumbem na imagem, e Deodato dorme no sofá de descanso da recepção do hotel onde trabalha no turno nocturno.

A vida anda pacífica, o trabalho corre-lhe bem desde que conseguiu dar a volta à dona Assunção, a senhora invisual de sessenta e poucos anos que está hospedada connosco há mais de um ano. Dar-lhe a volta significa fazê-la confiar em mim, ela que não é cega de nascença e perdeu a visão devido a um erro médico não tendo sido indemnizada por sendo pobre, iletrada e de um meio desfavorecido, não ter amigos que por ela intercedam dentro da SS, a vulgar assistência social.

Devem ser quatro e meia da manhã, Deodato continua a sonhar, avança pela guerra adentro e vê os soldados forçando as portas, entrando nas casas, roubando o recheio, enforcando os locais suspeitos de sedição, matando os velhos, estuprando crianças, Deodato entra atrás de um deles e vê a dona Assunção perguntando quem está aqui, o soldado firma-lhe o cano da Browning na testa, desaperta as calças, força-lhe a cabeça, Assunção, a cega, debate-se, resiste, leva chapadas, por fim, enjoada começa o serviço, o soldado a princípio relaxa-se, depois excita-se, depois... grita, a valente dona Assunção morde-lho com tanta força que o arranca fora, a boca cheia de sangue, o soldado sangrando das virilhas... numa questão de segundos uma coronhada desfaz o crânio da dona Assunção, Deodato acorda, estão a bater à porta de entrada, é um casal que quer um quarto, digo-lhe que estamos cheios e não temos quartos, olha para o relógio: cinco e meia da manhã, hora de fazer o balanço da noite que termina e abrir o dia no hotel com as reservas de quartos que vão entrar hoje.

— Mas que cena que eu fui sonhar! Vou masé lá baixo ao quarto dela acordá-la, está na hora de a acordar, são quase seis da manhã, nem sei porque sonhei isto, deve ter sido por causa da guerra no mundo, vou fazer um desenho hoje para fixar o momento em que Assunção subiu ao céu onde repousam todas as vítimas deste mundo e, quem sabe, se esta desgraça sonhada e transformada em desenho não faz com que a minha cega receba finalmente o apoio que tanto merece da SS, a assistência social. Eu, por mim, vou continuar a fazer tudo para que ela viva bem aqui connosco neste hotel.

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Claudio Mur

 


«Ficar sem pilinha»

óleo sobre papel tamanho A2

2022

ZMB


desenho a marcador de preto permanente
sobre papel A3
2022
ZMB



terça-feira, 1 de novembro de 2022

Despojos da guerra


 

«Despojos da guerra»

óleo sobre papel tamanho A2

2022

ZMB

Este trabalho está presente na Revista Estúpida #9