domingo, 1 de janeiro de 2023

Ano Novo

A história cumpre-se uma vez mais, estou a reler e a rever o texto de um livro que submeti a prémio-concurso e que não ganhei, revejo-o para o editar por conta própria e quase o impingir a cinco ou seis leitores, é esta a minha conta e escala, logo não sou concorrente de ninguém.
Na secção do texto que me chama a atenção agora, leio um desabafo do Capitão Mancha, ele diz que talvez o pai quisesse que ele fosse porteiro!
Pim! Num outro texto aludira a uma amiga que chegara a trabalhar num hostel. Pim! 
E não é que dez anos depois de tudo isto ter sido escrito, eu agora trabalho num hotel e entre outras coisas abro portas e alugo quartos.
O que vocês não sabem é que eu há dois meses despedi-me do hotel, depois de treze meses de seis dias com doze horas de trabalho despedi-me por telefone e saí à francesa dizendo aos meus amigos que ia tirar uma licença sem vencimento para ir pastar ovelhas para o cu de judas, mas a verdade é que um telefonema recente do hotel me fez ver que preciso de trabalhar, para ganhar dinheiro e poder gastá-lo, continuar a comprar livros, discos, tubos de tinta, e preciso de trabalhar porque cheguei à conclusão que trabalhando não ouço os meus pais a discutir por qualquer palha, e às vezes a palha sou eu, ainda não perceberam que eu não tenho mais quinze anos e que evolui, a verdade é que ficaram contentes por eu voltar ao trabalho e diria quase aliviados, e no hotel foi a mesma coisa, toda a gente fez-me uma festa, tenho de mudar o crachá, agora em vez de reformado pintor, sou porteiro pintor, as coisas são o que são: o pintor ru encontrou a sua profissão, agora tem quase sempre duas folgas semanais, o senhor A é o melhor patrão do mundo e há esperança que a ceguinha dona A consiga voltar a ver, andam-lhe a transplantar as córneas, ainda bem que ela tem amigos.

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