O dia de ontem? Memorável!
O doutor dá a sua consulta — a última
antes da reforma.
Pergunta como me sinto
agora
Com a redução da prescrição?
Eu digo-me bem e peço
ainda menos...
— Informe-me, faça a exegese,
o que está escrito acerca da
minha situação clínica?
Ele lê: agitação... mania da perseguição...
exaltação... verborreia...
Tento explicar os porquês:
‘o verão, o varão, o barão, a barona
e a baronesa, doutor...
a baronesa recusou a minha declaração,
ela contou, extrapolou,
submeti-me à chacota, zanguei-me
com o boss, doutor...’
Falo, principio a abordar o resíduo.
O doutor diz: tem problemas da adaptação.
Insisto: as minhas relações são frustrantes,
conflituosas.
Digo: os media transmitem propaganda.
induzem, tornam o meu pensamento verídico,
manifesto.
Ele analisa; é aí que começa a doença,
a inadaptação não é propriamente doença,
mais um modo de ser.
Quanto às mulheres, ele diz:
‘quem vai à guerra...’
Lentamente as palavras vão
fazendo sentido.
Negoceia-se uma redução de dose.
Ao fim de um ano... talvez 0mg.
Depois... um período de três anos
em vigilância.
Sei que o doutor faz um boa acção:
uma prenda com veneno antes da
sua reforma.
Só eu poderei descobrir o antídoto.
Ser auto-suficiente.
A celebração inclui Wilhelm Reich
na Amazon.
Consegui um cartão de crédito.
Exercito o meu inglês.
Leio: ser bilingue pode impedir
o alzheimer.
Ao jantar envio sms a dizer:
‘não trabalho segunda,
if I might be bold entre linhas
vamos querida para fora uns dias’
Confesso-me ousado, espero que
ela goste.
Lembro: apaixonar-me por email é
rotina minha.
Aguardo resposta.
Ouço Legendary Tiger Man em vinyl.
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