sábado, 27 de fevereiro de 2016

Salomão no Miradouro da Vitória


'Salomão no Miradouro da Vitória'
técnica mista sobre papel
42cm por 59,4cm
2016
ZMB

As 4 figuras deste trabalho, desenhadas a carvão, começaram por ser
um auxiliar de memória para este trabalho em tela:

Este ano resolvi dar-lhe vida própria desenhando, a marcador de preto permanente,
a vista que se obtém do Miradouro da Vitória no Porto.
A coloraçao foi feita a acrílico e tinta de aguarela.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016



So you can stick your little pins in that voodoo doll 
I'm very sorry, baby, doesn't look like me at all 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

De um bluff no jogo de cartas floresce um acto de amor

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Descobri em mim uma inclinação para prever, exclusivamente, consequências funestas. Formou-se nos últimos três ou quatro anos; não é casual; é doentia. O facto de a mulher voltar, a proximidade de mim que procurou, tudo isso parece indicar uma inflexão demasiado feliz para me ser possível imaginá-la... Talvez eu esteja a esquecer-me das minhas barbas, dos meus anos, da polícia que me perseguiu tanto, que deve andar ainda atrás de mim, obstinada, como uma maldição eficaz. Não devo permitir-me esperanças. Escrevo-o, e surge-me uma ideia que é uma esperança. Não creio ter insultado a mulher, mas talvez um desagravo fosse oportuno. Que faz um homem em ocasiões dessas? Manda flores. Trata-se de um projecto ridículo... mas até as banalidades quando são humildes, podem governar por completo o coração. Na ilha há muitas flores. Quando cá cheguei havia alguns maciços à volta da piscina e do museu. Poderei com certeza fazer um jardinzito no prado que ladeia os rochedos. Talvez a natureza me possa servir para conquistar a intimidade de uma mulher. Talvez me sirva para acabar com o silêncio e as cautelas. Será este o meu último recurso poético. Nunca tentei combinar as cores; não percebo quase nada de pintura... Contudo espero poder fazer um trabalho modesto, denotando o meu bom gosto em jardinagem.
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, página 42-43
"A invenção de Morel"
Adolfo Bioy Casares
Tradução de Miguel Serras Pereira e Maria Teresa Sá
Edição Antígona 1984

(desenho a pastel sobre papel, 2016 por ZMB)

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Oferecer uma rosa vermelha
acabadinha de roubar do jardim
à adversária de um jogo de sueca:
talvez seja um bluff para a confundir e jogar mal
talvez seja possível ignorar a parceira de sueca e de furto no jardim
talvez maria talvez joana e antes da súmula
talvez ficção talvez não talvez o apogeu e antes do naufrágio.
São estas as cores de um acto de amor.
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Claudio Mur

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mulheres bonitas há muitas
mas Mãe há só uma

Amanhã será dia de apanhar metro e autocarro para ir almoçar
a casa dos meus pais. Amanhã seremos só nós os três, 
as minhas irmãs passarão o dia com os maridos.
Amanhã vou oferecer uma prenda à minha mãe:
foi um desafio/trabalho de uma professora no Espaço T.
«Uma prenda para o dia  dos namorados, ou para oferecer a uma futura», disse a professora.
«Para ir para o museu [como as anteriores nunca aceites]?! 
Prefiro oferecer à minha mãe», respondi.
Escolhi temas bíblicos, para agradar, dado a minha mãe ser católica.

Consiste numa caixa-saco de cartolina laranja, uma caixa pintada de acrílico azul-metálico e
um desenho, uma tela em óleo e um cartão de boas-intenções-poema com uma aguarela.

O primeiro desenho é uma cópia de uma pintura, talvez Velasquez talvez El Grecco,
representando a aparição do anjo a nossa senhora.
A tela pequena é uma cópia da 'Adoração dos reis magos' de Bruegel.
(Nesta tela, a verdadeira arte está nos retoques efectuados pela professora.)




A natureza-morta fotografada e encenada:



O Cem Cabeças

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O Cem Cabeças é um peixe criado pelo carma de certas palavras, pela sua repercussão póstuma no tempo. Uma das biografias chinesas de Buda conta que este se encontrou com uns pescadores que puxavam uma rede. Ao fim de muitíssimos esforços, trouxeram para a margem um enorme peixe, com uma cabeça de macaco, outra de cão, outra de cavalo, outra de raposa, outra de porco, outra de tigre, e assim até ao número cem. Buda perguntou-lhe:
-- Não és Kapila?
-- Sou Kapila -- responderam as Cem Cabeças antes de morrer.
Buda explicou aos discípulos que numa encarnação anterior, Kapila era um brâmane que se fizera monge e a todos havia superado na compreensão dos textos sagrados. Às vezes, os companheiros enganavam-se e Kapila chamava-lhes «cabeça de macaco», «cabeça de cão», etc. Quando morreu, o carma dessas invectivas acumuladas fê-lo renascer como um monstro aquático, atormentado por todas as cabeçãs que tinha chamado aos seus companheiros.
'

,página 65

"O livro dos seres imaginários"
Jorge Luis Borges
Tradução de Cristina Rodrigues e Artur Guerra
Edição Quetzal Editores 2015

Jovens, belos e dementes



Os 'Rapazes da besta' e os 'Surfistas do olho do cu'
num programa de tevê em 1984.
Eu, na altura com onze anos, ouvia Carlos Paião!,
e só conheci estas pérolas por volta dos meus dezoito.
Tenho também pena de não ter assistido a um concerto de
Lucretia Divina ou Emas Foice.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Dois momentos de oficina em Serralves

A semana passada com o Espaço T


'Manifesto anti-selfie'
trabalho colectivo

Ontem com o CH S. João, após visitarmos a exposição de Wolfgang Tillmans
(pintura usando a fotografia como meio)


'Parecendo Gerhard Richter'
ZMB
guache sobre papel


'Um verde com olhos magenta'
ZMB
guache sobre papel

Um humor negro capaz de loucura hilariante


As únicas verdadeiras saudades que tenho
do tempo em que me tentava safar como engenheiro de informática.
Isto e dois ou três amigos que se conseguem safar 'inda hoje.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Vladimir


'Vladimir'
óleo sobre tela
60cm por 70cm
2016
ZMB

Vladimir é oriundo da Europa de Leste.
Toca standards de música clássica.
Mas também já o vi a improvisar um dueto de violino 
com um tocador de space-drum.