domingo, 30 de agosto de 2015


Austin Osman Spare
realizou esta imagem em 1925
para a sua obra intitulada
"A book of automatic drawings"

Em baixo
Alan Moore fala sobre AOS

A marioneta is danced


"A marioneta is danced"
óleo sobre tela
70cm por 60cm
2015
ZMB

Esta linda artista faz dançar a marioneta ao som de Edith Piaf.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015



"Like a propeller running up"
Cranioclast
from the album:
A Gnomean Haigonaimean - LP Compilation - Johnny Blue ‎-- NOY 002 - Portugal - 1991

terça-feira, 25 de agosto de 2015


Desenho impresso a jacto de tinta -- o preto.
A cor -- pastel de óleo e lápis de cera com retoques de caneta de tinta preta.
2015
ZMB

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Uma reportagem com desenhos sobre o Jazz em Agosto.



Gosto bastante deste desenho que a Rita Draper Frazão fez do músico
Wadada Leo Smith
Uma reportagem no seu blog: innertour.blogspot.pt


Uma canção onde o amor é cego



'Watersong'
from the album 'Wings of joy'
The Cranes

Water song. Lyric. This love is in my heart A love that longs to climb so high To the stars that shine above This love is in my heart It's like rain Falling in my arms We could go so far to be When the stars fall from above The mystery is in a song we'll never find Where the love is always blind Caring one....but dreams just then fall apart Love...we'll find again And I know my sense will heal in the end When the seasons change And the winter falls again These fears washing over me How I longed to be with you my dear Wait for spring. Wait for spring Wait for spring. See what tomorrow brings See what tomorrow brings

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Mike Stilkey


via linkedIn:
«Mike Stilkey finds a creative way to use the discarded library books.
 He stacks the hardcover book and paints directly on their spines. 
He works with ink, paint, colored pencils and lacquer.»

Cha para os amigos

'
No dia seguinte, o capitão encontrou o Sancho e tomou café com ele. Este perguntou-lhe se já resolvera o problema da habitação e como correra a mudança. O capitão registou o interesse e a quase preocupação do Sancho mas, sendo novo na zona e mostrando o seu sorriso de acrílico, contou os pormenores alto e bom som para quem quisesse ouvir, agradecendo sempre agradecendo entre sorrisos tresloucados. 
Os dias passaram. 
Sempre que o capitão entrava no café, era recebido com extrema curiosidade por todos e, talvez por consideração à dica que o Sancho lhe fornecera, pagava a este sempre o café. O capitão vinha de um corte com a sua realidade-passado, estava sem contactos com o mundo actual, sem ninguém com quem falar e dir-se-ia que o Sancho queria dizer presente, queria falar e perguntar a opinião do capitão sobre muitas coisas, importantíssimas, tais como se o capitão ia ao ginásio ou se fazia corrida no parque auto-convidando-se como companhia, dir-se-ia que o sondava e queria ser até próximo, até… até que se chegou à política. Sancho era da linha dura à direita, dizia que na prisão pelo menos teria direito a alimentação e cama, dizia que, se algumas pessoas ficassem totalmente sem apoio social, talvez fossem obrigadas a usar o colchão. Estas palavras calaram a princípio o capitão que se incomodou, porque lhe pareceu o Sancho pensar que o capitão tinha um colchão de dinheiro, «afinal apareces-me aqui sem trabalho que te identifique, apenas com um sorriso na cara e modos de quase palhaço e agora estás-me a perguntar onde se almoça de graça?!», foi o que o capitão pensou que o Sancho telepaticamente dizia. Mas só lhe respondeu já sem sorriso na cara e quase com dor: «O pior é daqueles que já não têm colchão…» A partir daqui, o capitão Mancha, Cha para os amigos, começou a preferir tomar café sozinho. 
O que Cha precisava era de trabalho e também resolver o problema da alimentação. A dona Zelda talvez, ao ver que a boa impressão sobre o seu novo hóspede se confirmava, deixou-o guardar no frigorífico os dois taparuéres que, por um preço quase simbólico, trazia diariamente para casa (a saber: um de sopa e outro com comida cozinhada além de pão ou bolos iogurtes ou fruta.) Deixou-o igualmente usar o microondas e permitiu que o Cha fizesse café usando o fogão. O problema era a distância que era necessário percorrer todos os dias para ir à associação de caridade. Durante mais de um mês, Cha caminhou sobre o sol de Agosto monte acima para lá chegar. Uma subida de certamente mais de três quilómetros de duração. Demorava uma hora. Chegava, dirigia-se à pia e lavava o suor. Arfava. Depois esperava a sua vez. A volta era fácil, era a descer mas sem isenção de riscos: às vezes, o taparuére de sopa virava-se dentro da mochila, as sapatilhas a meio do mês tinham um buraco na planta do pé. Cha disfarçava o desconforto do contacto da pele com o chão, usando papel de jornal a fazer de sola. Cha emagreceu quatro quilos num mês. Era urgente arranjar maneira de se alimentar em condições menos precárias. Tirar o passe de transporte público era assunto fora da balança. Por isso, tinha perguntado ao Sancho onde comer barato nas redondezas. Também foi falar com a assistente social da junta de freguesia. Esta, ao ouvir Cha dizer que era um esquizofrénico estabilizado e que precisava de ajuda alimentar perto e que nem se importava em pagar, teve algum receio mas primeiro, perguntou-lhe se as suas perturbações mentais eram devido a drogas. Depois, quando Cha admitiu em parte tal hipótese ser possível, acabou por lhe indicar um refeitório a cem metros, aberto a todos os que precisam de uma refeição completa pela manhã. É onde o capitão ainda hoje come. O trabalho chegou-lhe por indicação telefónica, tem de se apresentar, hoje às sete horas da tarde, como «à experiência» num restaurante. «Se correr bem, até passo a comer aqui, o salário é bom, só não gosto dos turnos mas, já sei, os horários de trabalho da restauração não deixam muito tempo disponível de lazer. É quase um casamento!?» riu-se Cha.
'
Claudio Mur
A colocação do texto de Raul Brandão, no meu post anterior, levou-me à seguinte reflexão:
Algo não bate certo comigo.
Ando a dizer aos meus conhecidos de café que vivo bem, e, apesar de mostrarem ter mais do que eu, eles respondem-me que são pobres.
Alguns deles ignoram as minhas palavras e perguntam-me se quero beber alguma coisa.
Outros dão-me cinco euros quando eu digo comer, às vezes, uma francesinha.
Eu, que tentava demonstrar que me dou a um luxo de vez em quando, acabo a dizer quase envergonhado: «obrigado obrigado».
Não sou deste planeta.

domingo, 16 de agosto de 2015

Miséria, pobre miséria a de pensar assim

'
Depõe a sombrinha imaculada no sítio do costume, aberta para a poupar, e, depois de lhe limpar com extremos de cuidado uma nódoa na ponteira, senta-se à mesa e escreve:
«Últimos conselhos de uma mãe a seu filho. -- Filho, fui eu que te criei. sustentei-te de restos, de pobreza, de humildade. Só pensei em ti: tens, portanto, obrigação de ouvir os últimos conselhos que te dou. Olha que és o meu filho, o filho que criei de dia, de noite, de fome, de obediência e de sonho amargo. Criei-te para que pudesses um dia pertencer às classes elevadas. Por isso sofri, para isso sonhei, para isso desapareço, agora que cumpri o meu destino.
Filho: mente. Às pessoas ricas é preciso mentir sempre e dizer sempre que sim. Deve-se-lhes consideração, deve-se-lhes obediência. Nunca te ligues com os pobres. Para pobres bastamos nós. A pobreza pega-se, não há nada no mundo pior que a pobreza. Tem cuidado com a língua. Pela boca morre o peixe. Nunca digas o que sentes: o que a gente sente é sempre uma inconveniência. Há pessoas que dizem: -- Eu gosto que me contradigam. -- Foge delas como o Diabo da cruz. O que toda a gente quer é que os outros sejam da sua opinião. Só os ricos têm direito de contradizer os pobres. Um pobre não deve ter opinião. Guarda as conveniências, acima de tudo guarda as conveniências.
O mundo antigo tinha muito de bom; sabendo-se ser agradável arranjava-se lá um cantinho. A morte é indispensável para as pessoas herdarem, e para nos dias de luto se desanojarem os ricos. Foge do pecado. Sê religioso e temente a Deus. Nunca digas mal de ninguém. E habitua-te filho, habitua-te que é o grande segredo da vida. Habitua-te a cumprir os teus deveres para com a sociedade. O dever acima de tudo, o dever de te subordinares para que te não queiram mal. Não te esqueças também dos pequenos deveres de cortesia. Não te esqueças de que no dia 21 de Julho faz anos o teu padrinho, nem de deixares cartões de visita às pessoas respeitáveis. Há-as que fingem que não reparam nessas coisas. São as piores, são as que reparam mais. Respeita. Respeita a lei, os superiores, a Igreja, os ricos. Num caso grave da tua vida, chega-te ao pé do conselheiro Pimenta e diz-lhe com humildade: -- Eu sou filho da Restituta que era prima de V. Exª -- E mais nada. Não sejas causa de desordem nem de escândalo. Fala baixinho, e mente, filho, mentir não custa nada. Nunca digas a verdade. Mente para seres agradável aos outros e a ti mesmo. E sobretudo, repito-te, diz sempre que sim. Não custa nada dizer que sim, dizer a tudo que sim, dizer sempre que sim. Tua mãe, Restituta da Piedade Sardinha
Baloiça ao vento, a uma réstea de luar, pendurado numa corda, o cadáver da D. Restituta, que parece dizer pela última vez que sim -- para que o filho possa casar com a filha do conselheiro Barata. Baloiça ao vento num sexto andar -- esquerdo. Morre ignorada e desconhecida quem toda a vida viveu de côdeas, para lhe assegurar o futuro e a assinatura com brasão e elmo, Monfalcão dos Monfalcões (Sardinha).
'

, página 130

"Húmus"
Raul Brandão
Edição Vega -- Colecção Mnésis

domingo, 9 de agosto de 2015

Hymn to Pan

Eu penso que o Fernando Pessoa traduziu para português
o 'Hino a Pã' do Aleister Crowley



"Hymn to Pan"
from the album The witches' sabbath
2000
Psychonaut 75

HYMN TO PAN

ephrix erõti periarchés d' aneptoman

iõ iõ pan pan
õ pan pan aliplankte, kyllanias chionoktypoi
petraias apo deirados phanéth, õ
theõn choropoi anax
SOPH. AJ.

Thrill with lissome lust of the light,

O man! My man!
Come careering out of the night
Of Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan! Come over the sea
From Sicily and from Arcady!
Roaming as Bacchus, with fauns and pards
And nymphs and satyrs for thy guards,
On a milk-white ass, come over the sea
To me, to me,
Come with Apollo in bridal dress
(Shepherdess and pythoness)
Come with Artemis, silken shod,
And wash thy white thigh, beautiful God,
In the moon of the woods, on the marble mount,
The dimpled dawn of the amber fount!
Dip the purple of passionate prayer
In the crimson shrine, the scarlet snare,
The soul that startles in eyes of blue
To watch thy wantonness weeping through
The tangled grove, the gnarled bole
Of the living tree that is spirit and soul
And body and brain — come over the sea,
(Io Pan! Io Pan!)
Devil or god, to me, to me,
My man! my man!
Come with trumpets sounding shrill
Over the hill!
Come with drums low muttering
From the spring!
Come with flute and come with pipe!
Am I not ripe?
I, who wait and writhe and wrestle
With air that hath no boughs to nestle
My body, weary of empty clasp,
Strong as a lion and sharp as an asp —
Come, O come!
I am numb
With the lonely lust of devildom.
Thrust the sword through the galling fetter,
All-devourer, all-begetter;
Give me the sign of the Open Eye,
And the token erect of thorny thigh,
And the word of madness and mystery,
O Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! Pan Pan! Pan,
I am a man:
Do as thou wilt, as a great god can,
O Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! I am awake
In the grip of the snake.
The eagle slashes with beak and claw;
The gods withdraw:
The great beasts come, Io Pan! I am borne
To death on the horn
Of the Unicorn.
I am Pan! Io Pan! Io Pan Pan! Pan!
I am thy mate, I am thy man,
Goat of thy flock, I am gold, I am god,
Flesh to thy bone, flower to thy rod.
With hoofs of steel I race on the rocks
Through solstice stubborn to equinox.
And I rave; and I rape and I rip and I rend
Everlasting, world without end,
Mannikin, maiden, Maenad, man,
In the might of Pan.
Io Pan! Io Pan Pan! Pan! Io Pan!


domingo, 2 de agosto de 2015

Sou apenas um esquizofrénico,
com alguma consciência e memória,
a tentar pôr por escrito uma recordação triste

'
Ontem. Antes de ontem. Anteontem sei lá. 
Chegámos ao Anexus 51. Tem um colchão, mantas, aquecedor, uma televisão, a minha colecção de vinis, ainda o programa «Raízes» na rádio para ouvir à meia-noite. Fizemos amor, apesar do termómetro que tem no braço para controlo de natalidade. Não é agradável para a nossa relação, ela tem períodos menstruais de quinze em quinze dias, a sua barriga está a inchar, ela era tão magra. Eu preferiria os preservativos como método de contracepção, pelo menos ela não engordaria, mas não foi uma decisão minha. 
O que quero mesmo é falar da minha celebração d«o natal com ela». Porque todos os meus natais são tristes, na minha mente está gravado o natal de um junkie narrado pelo Burroughs, mas não, não somos heroínamos e, portanto, tenho às vezes de criar as nossas próprias versões do tema universal. Os acessórios nesta nossa versão são: torrada e galão para dois no café, um pack de sessenta comprimidos paxoletan, outro de risperidona, uma lavagem e corte de cabelo para ela, uma carpete recusada por ela, um jantar agradável e uma vistoria aos blogues através dum posto de internet num café. 
Aqui surgiu uma dúvida, melhor, surgiu-lhe o ciúme, como explicar… Ela pensa que os blogues que leio são mensagens de email e portanto, como leio bloggers femininas, ela pensa que elas falam para mim, só para mim, pensa que eu tenho muitas amigas com quem a traio. Esta dúvida é devida ao seu desconhecimento da tecnologia, afinal tem o antigo ciclo de estudos incompleto, eu desculpo este ciúme, ela é uma espécie de «boa selvagem» em estado puro, sei que tenho de a ensinar mas não sei lidar com esta espécie de amor, vem acompanhado do seu olhar furibundo, não gosto do seu olhar e também não o sei escrever, faltam-me as palavras correctas de um escritor, sou apenas um esquizofrénico, com alguma consciência e memória, a tentar pôr por escrito a recordação triste do que me fez perdê-la a longo prazo.
Na noite de consoada em casa de amigos, trocaram-se presentes às onze da noite e ficámos em casa deles a dormir. O dia de natal começa às nove quando acordámos para tomar a medicação, mas eu volto ao sono. Ela acorda-me finalmente ao meio-dia e mostra-me a mesa de natal para oito pessoas, avós e tudo. Como esta não é a minha família, não me sinto à-vontade e saio de casa para tomar café. Leio o jornal e volto para o almoço. Come-se o tradicional farrapo velho e algum frango, poucos bolos. Depois saímos para a sobremesa no café, nós, os homens e a pequena neta Taís. Quando voltámos, ela está pronta a sair. Três autocarros depois, chegámos à minha zona, vamos tomar um carioca e aqui volta o olhar possessivo dela, errado engano-me, volta o olhar possesso. 
Cinco horas da tarde e voltámos ao anexo. Eu vejo o «Piratas das Caraíbas» na televisão e fumo uma ganza, ela dorme duas horas até ao jantar, os comprimidos dão-lhe muito sono, eu estou aborrecido e vou ver os emails, estou aborrecido porque não gosto do seu olhar, o que se passa depois é uma catarse de nós dois. Ela está irritada, não gostou que eu, no café, «olhasse» para os meus amigos, suas mulheres e filhos pequenos, não gostou e fala-me aos berros, eu vejo naquilo um problema: «ora veja-se lá! Agora já não se pode olhar», um problema que não sei como resolver, outro problema surge porque a minha ganza acabou. Digo-lhe que vou deixá-la sozinha por quinze minutos para ir comprar mais, mas ela passa-se, diz que eu tenho outra, eu respondo à letra em vez de a conseguir acalmar, ela começa a ameaçar-me agarrando-me com força no casaco e eu «como gostaria de o fazer a um poderoso e não a ela» ao rodar, dou-lhe uma bofetada. Ela começa a chorar, a acusar, a misturar baba com ranho ao longo da hora seguinte, até que me chama João.
João. Aí compreendo a sua neurose. Ela na sua catarse após a bofetada pensa, nem que seja por momentos, que eu sou o João, o homem de quem se tenta divorciar, o homem que a abandonou com uma filha, para ir viver com a amante, o homem que lhe tirou a custódia da filha, houve até um psiquiatra que disse que se lhe tirassem a filha, ela ficaria maluca, o homem que a levou a ser internada no manicómio, onde nos conhecemos. 
Ah, não fui o primeiro a bater-te, ele bateu-te, tirou-te tudo, a tua filha viu o pai bater na mãe, a tua filha viu o tio bater na irmã, a cunhada viu tudo e ninguém mexeu uma palha, nem a polícia… Acuso o toque de me chamares o nome dele, arrependo-me de te ter batido, não vi solução para te acalmar, digo-te que compreendo, que tento compreender e não quero que tomes antidepressivos em excesso, sei que às vezes te apetece desaparecer, dormir para sempre, não te quero perder.

Sim, descobri a raiz do teu problema e descobri mais, descobri aquilo que não escreverei, mas como lidar contigo, connosco? Ninguém me ensinou, por isso não, não sou o cirurgião com mais realizações como diz a canção, aliás, a única coisa que sei é sangrar ou fazer sangrar à moda da Idade Média, não sei curar, as minhas referências, os meus dicionários não correspondem à minha realidade. As soluções, em que vivo, continuam desfasadas da realidade e nem o roubar a poesia dos outros me salva. A verdade é: a literatura e a música dão-me frases em função das quais vivo. As opções, que as minhas referências literárias ou musicais fizeram na sua vida, influenciaram-me a tal ponto que foi como se não tivesse alma e tentasse viver uma vida que não fosse minha. Talvez o erro não seja das referências ou dos versos, eu é que vejo neles a realidade quando, normalmente, eles serão uma fuga à realidade, um desejo de fugir à norma, de mudar a rotina diária, melhorar o mundo. Tu foste a minha tentativa para viver no mundo real e em conjunto.
Foste a tentativa de olhar o busto que, sem consentimento ou interesse, antes colocara no pedestal, olhá-lo uma última vez apercebendo-me do quão inútil tinha sido a minha realização e colocá-lo agora no lixo e fazer de ti uma mulher mais bonita. Eu transferi o meu amor mas aconteceu o mesmo que ao bonsai, secou. O desejo foi concretizado, mas não se renovou, não o alimentámos, o balão de ar quente esvaziou-se lentamente. Deixaste de ter ciúme, deixaste de te importar comigo e desejaste mesmo que eu morresse. Foi aqui que me perdeste, eu já te tinha perdido nesse natal.

O mundo é um compêndio de doenças mentais mas é essencialmente neurótico. Exerce pressão sobre o psicótico, ninguém fala com ele em pé de igualdade. Este, ao revoltar-se, ou faz o que o mundo tem medo que aconteça ou faz o que ninguém espera: desiste da vida em comum com o mundo, faz planos de seguir sozinho e se diluir no mundo deixando a sua peugada, a felicidade será talvez para os que nos sobrevivem, nunca será nossa.
'
Claudio Mur

sábado, 1 de agosto de 2015

Tenor Sax at Ribeira


'Tenor Sax at Ribeira'
óleo sobre tela
60cm por 73cm
2015
ZMB

Não sei o nome dele, apenas que é inglês.
Todas as melodias que toca são da sua autoria.
Toca saxofone tenor por cima do acompanhamento pré-gravado de baixo e bateria.
O seu 'funck' jazz não é do agrado de todos.