domingo, 26 de julho de 2015

Até lhe perguntou se ele por acaso não era alemão

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O capitão Mancha precisava de arranjar quarto rapidamente. Então dirigiu-se à jukebox da estação de comboios e enquanto pedia café encontrou o Sancho, residente nas redondezas que conhecera recentemente enquanto fazia turismo. O capitão, talvez interessado em obter algum inside knowledge, perguntou ao Sancho se ele conhecia algum quarto nas redondezas. Este respondeu que talvez... ali para os lados da torre, à direita, no café da dona Luzia, era assim que se chamava a dona do estabelecimento.
O capitão Mancha precisava realmente de quarto e foi a pensar nesta sugestão que voltou ao quarto onde ainda morava. Dormiu. Tomou banho, fez a barba e arrumou as coisas. Na véspera de ter de o abandonar e sem nada mais no bolso que uma sugestão, entrou no comboio e saiu no café da dona Luzia. Havia um quarto disponível e era barato porque pequeno e sem janela mas não lho quiseram alugar. «Não é um quarto para si.» Disse a dona e recomendou-lhe que virasse a esquina e perguntasse na dona Zelda. O capitão, impressionado pelo tratamento dado à sua pessoa, ficou a perceber que, se fizesse a barba de dois em dois dias, era tratado por senhor, um verdadeiro capitão e para o confirmar a dona Zelda até lhe perguntou se ele por acaso não era alemão. O capitão disse que tinha nascido na maternidade e esta até não era longe daqui «… mas não, sou português embora tenha trabalhado por essa europa fora!» e assim foi, o capitão Mancha alugou dois cavalos, quero dizer, dois táxis para transportar os seus pertences e chegou na manhã seguinte por volta das onze, não havia nevoeiro como no tempo do rei adolescente mas a dona Zelda almoçou bem com o dinheiro adiantado pelo capitão. Este teve ainda nesse dia de ir buscar o seu taparuére de comida visto que a casa da dona Zelda era de hóspedes e não deixava cozinhar, no entanto não deixou de aconselhar ao capitão: «tem aqui uns restaurantes baratos em baixo, eu tive aqui uns estudantes uma vez a quem lhes matei muitas vezes a fome, sabe?, mas foram-se embora e sempre que me vêem fazem uma festa!» O capitão deixou-a falar e sorriu como sorri sempre mas guardou para si o mais importante, a operação mudar-de-casa estava concluída e com o troco que o antigo senhorio lhe deu, após acerto de contas, foi tomar café, pensou: «quando ela souber que não tenho dinheiro para jantar em restaurantes, enfim… mas não são contas que lhe interessem, o facto é que aqui estou melhor, tem duas janelas mas é uma casa de hóspedes, não posso trazer visitas, não posso cozinhar, será temporário até os meus papéis chegarem, vamos ver.»
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Claudio Mur

sábado, 25 de julho de 2015

Tem piedade, ó Satanás, da minha longa miséria


Em 2009, um blogger americano de nome Theebradmiller,
 através de um anúncio no seu blog,
convidou músicos a realizarem uma peça musical baseada no álbum
"Flowers of evil" de Ruth White que adaptava os poemas de Baudelaire.
Ruth White é uma compositora experimentalista e adepta dos sintetizadores.
Podem ler a sua página da wikipédia: 
O álbum "Flowers of evil" está no tubo aqui: 

Eu - ZMB - participei com uma faixa chamada 'As litanias de Satanás' 
em que leio o poema de Baudelaire com um fundo sonoro de sons 
obtidos através da manipulação de voz, harmónica e filtros do Adobe Audition.
A ideia era fazer uma versão e eu fiz uma versão em português.
O álbum, que tem página no site discogs.com 
, esteve durante algum tempo disponível na web
enquanto a polícia cibernética não fechou os sites que permitiam partilhar livremente ficheiros.
Eu próprio perdi a minha contribuição para este álbum
e não tenho obtido sucesso na pesquisa: theebradmiller is off the grid for sure,
if you have any info on how to contact him or how to get at least my contribution to the album
please write to ed.cassiber@gmail.com
e se algum de vós, que me lê, tiver algum conhecimento sobre este álbum
gostava que me informasse e me disponibilizasse o mp3
de modo a eu poder partilhar futuramente no meu soundcloud:
https://soundcloud.com/zmb_mur

Em baixo, a música de Ruth White, 
de nome 'The litanies of Satan' e presente no álbum "Flowers of evil"




quarta-feira, 22 de julho de 2015

Teoria das cores

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Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor -- sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo, na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
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, página 23
"Os passos em volta"
Herberto Helder
Edição Assírio & Alvim, 8ªedição 2001

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Da adolescência de Gargântua

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Dos três aos cinco anos, Gargântua foi alimentado e instruído com toda a disciplina que convinha por ordem de seu pai, e passou esse tempo como as crianças do país, ou seja, a beber, comer e dormir, a comer, dormir e beber, a dormir, beber e comer.
Constantemente rebolava na lama, mascarrava o nariz, lambuzava a cara, rompia os sapatos, bocejava às moscas, e corria atrás das borboletas, cujo império pertencia ao seu pai. Mijava em cima dos sapatos, borrava a camisa, assoava-se às mangas, deixava cair o ranho na sopa e chafurdava por toda a parte, e bebia da pantufa, e gostava de esfregar a barriga com um cesto. Aguçava os dentes num tamanco, lavava as mãos na sopa, pintava-se com um copo, sentava-se entre duas cadeiras de cu no chão, cobria-se com um saco molhado, bebia enquanto comia a sopa, comia biscoitos sem pão, mordia a rir, ria a morder, cuspia para dentro da bacia, rebentava de gordo, mijava para o sol, e para fugir da chuva, escondia-se dentro de água, malhava o ferro quando estava frio, fazia castelos no ar, fazia-se bonzinho, vomitava as tripas, resmungava para dentro, voltava à vaca fria, fazia tudo ao contrário, batia no cão à frente do leão, punha a carroça à frente dos bois, coçava-se onde não tinha comichão, tirava macacos do nariz, tinha mais olhos que barriga, comia os bolos antes do pão, ferrava cigarras, fazia cócegas a si próprio para rir, comia muito bem na cozinha, dava palha aos deuses, mandava cantar o Magnificat de manhã e achava-o muito a propósito, comia couves e cagava acelgas, via o que entrava pelos olhos a dentro, arrancava as patas às moscas, arranhava o papel e lambuzava o pergaminho, dava às de vila-diogo, bebia como um odre, ia à caça de mãos a abanar, julgava que as nuvens eram sertãs e que as bexigas eram lanternas, matava dois coelhos com uma cajadada, fazia-se burro para conseguir o que queria, e do punho fazia um malho, queria que grão a grão enchesse a galinha o papo, olhava sempre o dente a cavalo dado, misturava alhos com bugalhos, dava uma no cravo outra na ferradura, se as nuvens estavam baixas contava apanhar andorinhas, fazia da necessidade virtude, fazia sopas de qualquer pão, e tanto se lhe dava como se lhe deu, todas as manhãs vomitava as tripas. Os cãezinhos do seu pai comiam na sua escudela, e ele também comia com eles. Mordia-lhe as orelhas, e eles arranhavam-lhe o nariz; soprava-lhes para o cu, e eles lambiam-lhe os beiços.
E sabeis o quê, meus filhos? Que a bebedeira dê cabo de vós! Este malandro estava sempre a apalpar as governantas, de cima para baixo e de trás para a frente -- arre burrinho! -- e já começava a exercitar a braguilha, que todos os dias as governantas enfeitavam com lindos raminhos, lindas fitas, flores e borlas, e passavam o tempo a passar-lhe a mão por cima e depois desatavam a rir quando ela levantava as orelhas, como se gostassem da brincadeira.
Uma chamava-lhe meu espichozinho, a outra meu alfinete, a outra meu ramo de coral, a outra meu gatinho, minha rolha, minha pua, meu berloque, meu passatempo duro e baixo, minha linguiça vermelha, meu colhãozinho.
«É minha», dizia uma.
«E eu (dizia outra) fico sem nada? Então juro que hei-de cortá-la.»
«Cortá-la! (dizia outra); magoá-lo-íeis, senhora; então agora corta-se a coisa às crianças? Ficaria um senhor sem cauda.»
E para folgar como os meninos do país, fizeram-lhe um catavento com as asas de um moinho de vento de Myrebalays
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, página 67
"Gargântua"
Rabelais
edição Publicações Europa-América

sábado, 18 de julho de 2015

O estranho caso do capitão mancha e do cê sancho

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Um dia, na véspera do meu aniversário, saí de casa ao fim da tarde para comprar tabaco. Entretanto passei pela jukebox para ver se já teria reaberto após as remodelações que o novo dono, um fundo de investimento com sede fiscal no benelux, resolveu por bem efectuar. Ao entrar na rua, ao fundo vi que não tinha a esplanada montada e pensei que talvez não... Mas entretanto o papel na porta há-de dizer porque continua fechado e quando abre finalmente. Sou abordado pelo Leonel que me diz:
«Então capitão, tudo bem, olha... Fazes-me um favor?»
Aperto-lhe a mão e digo-lhe: «Depende.»
Ele diz que não pode lá ir ele, eu interrompo pensando que o favor era o mesmo da última vez: o de lhe ir à payshop carregar o telemóvel. Mas não: «Era para ir ali à frente comprar azeitonas para o restaurante, sabes onde é, não sabes? Toma lá dinheiro.»
Um «até já» digo e vou-lhe comprar as azeitonas, eu de vez enquanto faço pequenos biscates a pessoas com quem confraternizo. Volto, dou-lhe o troco e o produto. Ele está com mais dois colegas que eu conheço de vista, afinal estou nesta metrópole por minha conta há dois anos. Agradece-me dizendo que a minha despesa no seu espaço estará paga à noite se eu aparecer e começa a falar para o seu amigo: «olha, o capitão também teve problemas com o doutor…» e vira-se para mim e diz «conta-lhe capitão,» eu pergunto «estás a falar do Sancho, do doutor?» e ele diz que sim. Então, eu viro-me para o amigo e digo:
«Eu uma noite o ano passado estava a passar ali a frente com uma mortalha na mão e o Sancho aproximou-se e disse-me para ir com ele até ali mais à frente, no beco» aqui eu olho para o Leonel e continuo «perto do restaurante dele e mostra-me a carteira pessoal entreaberta, abre e fecha como se estivesse a mostrar a identificação, como se fosse um polícia abordando-te para uma rusga. Levou-me o meu pedaço de ganza que tinha...»
Eu ia continuar mas o Leonel interrompeu «… e deu-te um selo!»
«Sim é verdade.» Olhei para quem estava a falar e perguntei-lhe «Então e contigo, foi o mesmo?»
Quem respondeu foi o Leonel «Com ele houve bulha! Eu queria explicar-te o caso do capitão mas já não me lembrava, já foi há um ano. Devias ter-lhe dado resposta.»
«Pois devia, mas eu não sou uma pessoa violenta, só quando me salta a tampa… e quando me salta a tampa…»
Leonel interrompe e diz «pois devia ter-te saltado a tampa!»
Eu respondo «Pois devia, mas eu sei lá o dia de amanhã, não sei, e e se me aparecessem uma cambada de gajos à frente a mando d… eu moro aqui mas não sou de cá, eu não conheço as alianças que se fazem.»
«Estás desgraçado.» diz o terceiro elemento do grupo e que estava até agora calado a fumar e a ouvir.
«Não. A história acabou...»
«Ó acabou, da próxima vez nem pergunta, rouba logo!»
«Não. Da próxima vez será diferente, da próxima vez levo-o à polícia.»
«Mas ele não é polícia?»
«Eu sei lá, eu continuo a achar que não, eu cheguei a casa a pensar que tinha sido enganado, um polícia levava-me para a esquadra para me fazer perguntas...»
«Sim» diz o Leonel «mas o que disseste que tinhas contigo não dava cadeia.»
Eu olho para eles, concordo e digo «continuo a achar que foi uma maldade por eu ter na altura deixado de lhe pagar o café e começar a fazer outros amigos» depois pensando no meu caso de anarquista-pacifista e o quão cobardolas pode ser considerado um gajo que não adere à violência nem para se defender, digo-lhes «ser rebelde é para vocês que sois jovens, eu já não…» Sou interrompido pelo Leonel que continua a repetir «devias ter-lhe dado resposta, roubou-te e deu-te um selo, o cê sancho, o cê…»
«O cê o quê?», pergunto. Leonel continua: «Foi isso que o António me disse que lhe disseste quando falaste com ele e lhe perguntaste 'o Cê Sancho é mesmo polícia?'» 
«Não mistures as situações, o selo foi dado antes, uma vez, uma vez que lhe vomitei para cima!»
Nesta altura, começo a achar toda esta conversa aborrecida e despeço-me deles. Depois de ver que a jukebox só abre amanhã, venho-me embora comprar o tabaco e regressar a casa, para jantar o meu arroz de atum. Fico a pensar no caso do cê sancho e concluo os meus pensamentos dizendo-me enquanto tomo o meu café de cafeteira após o jantar: «assim é compadri, ficaste na história como um desgraçado cobardola bêbado e drogadola que se vomitou todo e levou um selo» ao que a minha resposta ao compadre é dizer «sim é verdade compadri mas o cê sancho ficou na história como um vendedor de café que deu nos cornos e roubou um bêbado cobardola, quem é que bate num bêbado?, isso vê-se agora que houve problemas com este sócio do Leonel, não há melhor desforra, vingança se quiseres, em vez de lhe foder a tromba, a sua reputação terminou.»
É então que me dirijo ao quarto decidido a não deixar de escrever este pequeno apontamento, para depois voltar a olhar para o panfleto que o ano passado escrevi como meio de defesa contra possíveis agressores sobre este caso: o estranho caso do capitão mancha e do cê sancho.
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Claudio Mur

sexta-feira, 17 de julho de 2015

http://www.zerohedge.com/news/2015-07-13/1984-comes-europe-end-freedom-speech-spain

Private investigations



'Private investigations'
from the album "Love Over Gold"
Dire Straits



LYRICS


It's a mystery to me
The game commences
For the usual fee
Plus expenses
Confidential information
It's in a diary
This is my investigation
It's not a public inquiry

I go checking out the report
Digging up the dirt
You get to meet all sorts
In this line of work
Treachery and treason
There's always an excuse for it
And when I find the reason
I still can't get used to it

And what have you got at the end of the day ?
What have you got to take away ?
A bottle of whisky and a new set of lies
blinds on the window and a pain behind the eyes

Scarred for life
No compensation
Private investigations

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Tentando perceber um sentido conjunto em frases escritas pela mão de uma mente [de vez em quando] estilhaçada

lembro-me de ti sim lembro-me de ti sim vi-te passaste por mim na rua na rua no passeio em direcção contrária contrária às antenas as antenas repelem-se atraem-se?
Ah! então se não és um facto porque haverias tu de ter saudades minhas?
olá desculpa fiquei sem saldo, não sei o teu email
ah sim, vi a representação o ano passado, esteve muito bem
posso ter esse poder mas não o quero usar
não assobies enquanto urinas
pago um carioca e um pastel de nata a quem encontrar a merda da porta
«ah! isso é deveras espectacular mas sabes?, fui investigado, zmb is bad para a economia mundial»
um sino toca agora dentro da minha cabeça oh paraíso
venho-me de repente com um pentelho de grama de haxe
e agora penso que os macacos e as gaivotas são nossos irmãos
alguém me responde: «merda de cavalo, é o que dizes quando abres a boca»
a minha resposta caótica cagando no assunto: «não dou segundas hipóteses hoje não bato punhetas e
vou adormecer encharcado de sexo nesta posição confortável,
em segredo conspiram, usam o mel das flores
ter o coração irrequietamente feminino e o cérebro casmurramente masculino não implica queques oferecidos
a minha vontade não permite essa transformação mas
três pinochet de camarão para gozar o ditador antes do jantar se não te importas!»
o carteiro bate sempre muitas vezes até que abram a porta
o filósofo com dores de cabeça calculando «tijolos de sete e ficadas de quinze»
ela, uma vez, perguntou com desconfiança: «era aquela com cara de morango?»
resposta caótica ignorando o ciúme: «ganza no cu coca na vagina cogumelos na mona,
hei-de terminar de vez com os traumas
agora só me resta ser lúcido, nem toda a gente parece o que é
vou ressuscitar a alma e os ossos feitos farelo
e depois dizer-lhe: fica alma fica, sempre que te quiseres vir»

domingo, 12 de julho de 2015

sexta-feira, 10 de julho de 2015

segunda-feira, 6 de julho de 2015

As virtudes de se lutar por uma causa comum


'Parque municipal das Virtudes - Porto'
Desenho a caneta preta, digitalizado e impresso, colorido com tinta de aguarela
tamanho A4
2015
ZMB

Há alguns anos, um grupo de cidadãos do Porto reuniu-se para protestar 
contra o fecho das Virtudes -- um parque-jardim municipal bem no centro histórico do Porto.
Além da publicidade em cartazes e redes sociais, 
organizou-se a ocupação do jardim para umas tardes de música e piquenique.
Deu a-médio-prazo os seus efeitos esta ideia:
foram feitas obras no parque e este está hoje aberto à comunidade.
Foi assim que eu conheci o espaço:
 devo-o ao esforço de um número suficiente de pessoas se juntar e lutar por convicções comuns.

quinta-feira, 2 de julho de 2015



Os Lucretia Divina eram de Viseu.
As suas músicas eram 'loucas': falta um termo melhor

Uma pequena biografia da banda aqui:
http://underrrreview.blogspot.pt/2009/05/lucretia-divina.html

Imagens no google: