terça-feira, 27 de junho de 2017

Mensagem do alien no além

Hello radio listeners here's the Moore of the family, I am speaking on behalf of the Mur of the family -- the one that scribbles lousy and shameless nonsense thoughts, and also in behalf of ZMB, I am talking from a lan house unable to reach my own personal computer it just failed permanently and just to say they are now hostages of the alien fresca and the invisible woman, they are without laptops although they keep the hats, rats everywhere, the repair company is saying it will take one more week hope so, we are just waiting to resume the Release The Id Conscience operation, but wait, the train is coming, orgasms and screams, call later, let us now switch on the news update for the future: there will be no J. Alberto Allen Vidal reissue on Edições Cassiber as announced early here in the blog, the reasons remain a property of the author, and also a new audio/video file soon also on vimeo which will deal with trying to understand that what lies behind fascism thoughts sometimes most of the times comes from hidden trauma of early sexual violence or abuse, there will be a new repaint called Moriarty's the liverly enemy of mr. holmes very neat to the days of less intoxicated days of today, call later, entering the train now.
I always like to speak in the third person, I can beat up my self with more effect, so there it goes: John, the Moore of the family was quietly smoking his pipeweed when he received a phone long distance call in his multiverse ring watch, it was Claudio, he had some news, the operation was off, let the team wind up, clean the camels and the tents, leave now on to the desert, we'll always have home, the rival silver was mildly accepted or not acceptd at all, nothing came of it, the future still is in the long shot, just the desire to see the monuments of flesh remains, but really the pyramids of skin are great on photos and I took the chance, her stomach is better, although she refuses to see a doctor she's having tea, I sometimes feel I am evil because if I take the God out of her life she will have to replace it with some and, since genius is silencing, what will be in the equation will be void of meaning to her, will let her feel unbalanced, she will be like me, like a misconstruct, another loser on the loose, She sees joy and goodtalk but I am what she refuses to see or believe, I have no condition barely have for my own self alone, so you see Moore I can't just take out the god of her life because I am no god and I am no good, I will now rest my last wish for tonight, still no orgasms and screams, Mur says bye, texting now:
oh theirs powers are multiverse and my self to rest calm I have to balance one's magic with an other's magic, so just switch the kilombo of Clara Nunes on to the chimney smokes of Coltrane's Be, turning afterwards to Shankar's ragas and Abdul Malik's oud and by constant iterations I finally go asleep feeling calm and relaxed like a baby with the gongs and flute of Aranos Samadhi, she will never be alone, let her be like she wills, I am just an human.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Anorexia

Olá mundo, estou triste, estou em modo pausa, estou sem fazer nada, hoje não me apetece fazer nada, há alguns dias que ando assim, eu sei porquê, não basta ter espírito positivo, não bastar ter esperança na ilusão d«o meu tempo chegará!», sei que a ilusão acabou, perdi a vontade de continuar a alimentar a ilusão, esta dava-me de vez em quando vontade de viver, de pôr uma cara alegre, era aparência, agora reparo que estou mais uma vez só e nunca deixei de o estar mesmo quando acompanhado, a ilusão dava-me vontade, dava-me força para pintar, ciclicamente perco os estímulos, numa fase decadente disse um dia que estava a ficar sem ideias para pintar, uma amiga minha diz que tem o dom de prever, eu às vezes penso que tenho o dom de prever a minha catástrofe mas não lhe chamo dom, pensava que o meu dom fosse aplicar tinta na tela, um dia verbalizei que este meu dom estava a fenecer, assim são os estímulos, as ilusões que me fazem trabalhar e esquecer os maus futuros que prevejo, só a força da razão me cria vontade, começou tudo muito antes e esse antes, sei-o, não tem solução, o trabalho não resolve, entra em loop com os estímulos e a ilusão, o amor, uma mulher poderia resolver em muitos homens todos os passados, comigo o amor nunca funcionou, foram poucas as vezes em que me senti satisfeito em pleno, tenho a sensação de que dei sempre o máximo e elas sempre deram pouco. um abismo de diferença, cheguei a esta conclusão recentemente, mas houve alturas em que fiquei confuso, talvez não gostasse de mulheres, talvez fosse essa a minha culpa, na minha confusão senti-me curioso, talvez gostasse de homens?, fiz os esforços para o descobrir, sabia que fisicamente nada teria a ganhar, mas interessei-me por algumas causas, li alguma literatura comprometida, tentei até dialogar, mas nunca concretizei nada, nunca aderi ao programa, pus-me sempre na posição de observador, imaginei cenários, imaginei um ' e se...' e cheguei à conclusão que o homem é insuportavelmente pior do que a mulher, não se trata só de um desconforto físico, um real desejo ausente, trata-se do carácter: o homem é salamaleques por interesse e competição, braços-de-ferro por desporto, arrogância em pés de barro, elas, as mulheres, ainda ao menos me deram alguma coisa, deram-me tudo o que tinham, o seu corpo, as suas maneiras de fazer amor tão desajeitadas como a minha, os homens nem para amigos servem, eu sei que o problema também é meu, nasce do facto de não ter uma saudável convivência com o meu pai, para quê ter amigos se não consigo ser amigo do meu pai?, há abismos entre nós e a consequência é que não aprendi o que era a amizade, nunca soube, nunca pude confiar e quando confiei as pessoas não eram de confiança, tive conhecidos e alguns influenciaram-me, deram-me ares de estrangeiro no meu próprio país e depois desprezaram-me quando eu lhes disse «podes falar português comigo», hoje não tenho um amigo com quem beber um café e passar um bocado de tempo, não tenho quem me apresente uma visão válida, coerente, não tenho quem me aconselhe e se porventura tivesse iria cansar-me de nada aprender ou iria esquecer tudo no momento seguinte porque eu tenho um bloqueio, eu não confio, não deixo ninguém entrar, no passado confiava na música e nos livros, procurava as suas histórias, vivia as sua canções, imaginava como seria se essas ficções se tornassem verdade mas infelizmente os meus heróis vão morrendo ao longo dos anos, de modo que as referências e também os estímulos estão a desaparecer, hoje não tenho heróis não tenho amigos tinha uma amiga mas terminei a relação, é por isso que estou triste, andei iludido, cansei-me dela e do seu modo de vida, vejo-a trilhar um caminho semelhante ao meu, vejo-a dar passos que eu dei errado no passado, sei onde fui parar e sinto-me cansado porque impotente porque a minha experiência nada vale como conselho, ela acha que o seu futuro pode ser diferente e em certa medida está certa, somos diferentes, as nossas atitudes, reacções e circunstâncias são diferentes, ela não precisa de passar pelo que eu passei mas ela não me dá ouvidos, eu estou depois do futuro, ela está antes, custa-me ver os seus passos sem poder influenciar, ajudar, persuadir a agir, ela não faz o necessário, ela não faz a sua parte, e eu não tenho nem quero vir a ter a autoridade para a obrigar, de mandar nela, como não quis que mandassem em mim também não lhe vou negar o direito de viver segundo a sua cabeça, nem o papel de marido me daria essa autoridade, e eu sou apenas um amigo, um amigo que andou iludido e pensando que ela me ouviria sempre e faria como eu quero, ela bem me avisou que eu não sou o centro do mundo, é um erro em que caio, pensar que a minha ideia é central, está certa e é a melhor, não o sendo, não o fazendo por livre vontade e não querendo eu obter a sua concordância por métodos coercivos e tiranos, só me resta abdicar porque não posso aceitar que ela se destrua a meu lado, só me resta remeter-me mais uma vez ao meu solitário quadro.
«Faca-se segundo a minha vontade!», poderá o mundo pensar que eu digo, mas há muitas coisas que se não podem contar tal como havia noutras situações passadas, a diferença é que são problemas que não me pertencem nem tenho real poder de voto na matéria, essas coisas não mudam de figura só porque eu existo, eu sou algo de intermédio para ela, a ponte de tédio entre um contrato a cair de podre e um futuro que nunca será comigo, sei-o por convivência, eu sou apenas um amigo que se introduziu num dos compartimentos do seu coração, os outros quartos continuam a ser habitados, novos inquilinos surgem e assim não tenho a exclusividade garantida, sou por isso um amigo com quem ela gosta de estar, de conversar, beber fumar ouvir música, temos até uma playlist de discos que ouvimos sempre que estamos juntos, «parece o paraíso... mas pelo tom a coisa acabou, o que se passou na realidade?», poderia o mundo perguntar e eu diria, digo, respondo «a idade não perdoa», já não tenho paciência para conversa de café, beber não bebo por causa do estômago. ando a enganar os médicos quando digo que não fumo mas na verdade ando a enganar-me a mim mesmo, os fumantes que uso são em tão ínfima quantidade que qualquer fumador ficaria envergonhado e diria que eu ando a falsificar a trip, ando a fumar placebos, concordo que é mais uma acha psicológica para a fogueira da ilusão, eu preciso do ritual de enrolar um fumante, é o meu comprimido contra a depressão, o meu regulador de humor, portanto não bebo, não fumo nem ofereço fumantes de qualidade, não tenho paciência para chachacha de treta e ela é muito intolerante quando se trata de experimentar ouvir um disco diferente e eu fico frustrado e quando chega a hora gosto de jantar, parece tudo razoável e lógico, ainda assim penso que qualquer pessoa poder-se-ia perguntar onde está afinal o problema, mas eu explico: o problema é que ela não come e faz de propósito para não comer, isso custa-me, podemos estar três ou quatro horas a conversar e a beber fumar ouvir música e depois eu vou fazer o jantar e ela não come, acabo sempre por comer sozinho, ela recusa-se a comer, por um lado tem vergonha que cozinhem para ela, por outro lado diz que quando bebe não come, não come contra todas as opiniões, não serei só eu a pensar assim, não come porque ao beber se lhe apetecer vomitar então vomitará e não sujará o chão do amigo, nada a faz mudar de ideia, é uma burra velha à altura de um burro velho como eu, nada aprendemos mais, eu gasto o meu latim a dizer que os líquidos do estômago precisam de comida para agir e se assim não for vão corroer as paredes estomacais e poderão até provocar uma úlcera, sei do que falo, eu tive quase uma igual, safei-me porque passei a alimentar-me melhor, mas isso para ela não vale nada, ela diz que está sob a protecção de deus, que o seu deus a alumia e que cuida do seu destino, e como eu não acredito nesse seu deus não posso aceitar o que me parece uma irracionalidade, faz-me lembrar as famílias antivacinas, devem pensar que o seu sangue é puro e imune e que deus os escolheu, depois vai-se a ver e o carteiro bate uma, duas, três vezes e traz-lhes a morte de um filho em quem tanto futuro estava investido, nada vale que façam promessas de joelhos à virgem, à velha bruxa, morrem e deixam saudades e eu digo «não fizeste o necessário», e com ela passa-se o mesmo, às vezes chama-me ateu de merda e eu respondo-lhe que deus te levará um dia, quando tu mais desejares viver, ela diz faça-se a vontade de deus e engole mais um trago de líquido, um dia começou a beber às três horas da tarde e vomitou o vazio do estômago às três da manhã no meu chão, como não comeu, pouco sujou e a limpeza foi fácil na manhã seguinte, foi apenas um dos momentos desagradáveis, como posso eu frequentar uma mulher que a cada nova noite aumenta a dose e não sabe parar, uma mulher que não cuida da saúde, que está intencionalmente num caminho destrutivo até que deus a leve porque ela sabe que deus não gosta de suicidas, uma mulher que burdosca após burdosca não me quer ouvir, o filme tornou-se repetitivo, cheguei a dizer-lhe: tu tiras-me a tesão, bebes até à inconsciência e depois dormes, não prevês no plano sequer um quarto de hora para fazermos amor, a tua vida é beber mijar e dormir anestesiada, comer ou comer-mo-nos não faz parte do teu vocabulário, quando se acaba a cerveja vais-te embora se tiveres dinheiro para o táxi, estou cansado, ganhei um trauma de te tanto olhar a beber e ver quando a garrafa termina para ver se aí tenho a tua atenção e te dou a volta e te seduzo para fazermos amor, se não te seduzir tu nunca pinarás comigo, estou cansado de seduzir-te ou de o tentar bebedeira após bebedeira, tudo devia ser espontâneo, o amor, o beijo, o toque, a penetração não deveria precisar de expedientes, deveríamos primeiro pinar e só depois fumar e beber, e acontece o contrário com o pormenor importante de já não pinarmos há uma eternidade, está mal, faz-me mal à saúde, não há relação entre um casal saudável que sobreviva sem sexo, sem sexo todo o pormenor é amplificado milhares de vezes, tudo se torna insuportável, sem sexo o amor transforma-se em ciúme, como pode o ciúme não surgir quando a cerveja acaba e tu fazes planos de me deixar para ir continuar a beber na companhia de um novo rival?, e mesmo que não faças sexo com eles eu sinto-me traído como se houvesse entre nós um contrato, como podes gostar de mim, um velho careta?, como posso eu gostar de ti, um pau de virar tripas?, a conclusão a que chego é que a novidade terminou, não fomos feitos um para o outro, o nosso futuro não segue uma linha comum, ah!, mais valia que me traísses de verdade e aproveitasses com eles o que não aproveitas comigo, aí o meu orgulho seria mais válido, poderia odiar-te de verdade, riscar-te do meu mapa, tornares-te uma 'falecida' e não um fantasma, porque eu gosto de ti e sei que tu gostas de mim e sei que nem tu nem eu nem o nosso amor é perfeito, sei que se tudo fosse perfeito nada haveria a construir, estaria já tudo pré-feito logo mal-feito, não haveria sal na minha comida nem álcool na tua cerveja anoréctica, pesas trinta e nove quilos?!, alguém te dê o juízo que eu não consigo dar, alguém te faça comer, alguém te encaminhe para um médico, eu desisto de ti, de nós, não tenho o espírito de evangelizador, desisto de nós, desisto de ti, encontra alguém que te aceite como és.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Remembering


'Remembering'
óleo sobre tela
60cm por 80cm
2004-2017
ZMB

Lembrar um casal de namorados num mundo de animais.
Fosse o mundo a preto e branco e seríamos todos pessoas.



(fotografia de época)



quinta-feira, 15 de junho de 2017

Quantas coisas sucedem neste mundo!...
Há momentos em que os próprios Chichikov se tornam poetas.

'
(...) Só via a jovem loira, muito ocupada em abotoar as compridas luvas e sem dúvida ardendo em desejos de dançar. Quatro pares executavam já a mazurca; os tacões batiam no soalho e um capitão de infantaria entregava-se, de corpo, alma, pés e mãos, a improvisar passos como nem mesmo em sonhos alguém seria capaz de imaginar. Rompendo por entre os dançarinos, Chichikov chegou enfim junto da esposa do governador e da filha. E de súbito toda a audácia e confiança nele se esvaíram, dando lugar à timidez e ao embaraço.
Não queremos afirmar que o nosso herói estivesse enamorado. É duvidoso que homens da sua espécie, isto é, nem gordos nem magros, sejam capazes de amar. No entanto experimentava uma estranha sensação que não podia explicar. Mais tarde confessou que por momentos supôs que o baile, com o seu ruído e agitação, se perdia na distância; que as trompas e os violinos tocavam algures, para além das montanhas; que uma bruma semelhante ao fundo difuso dalguns quadros envolvia todas as coisas; e que nesse fundo impreciso se divisavam os traços finos da sedutora jovem, o seu belo rosto oval, o seu busto gracioso de colegial saída há pouco do internato, o singelo vestido branco que lhe modelava graciosamente as formas harmoniosas e puras. No meio dessa multidão turva e opaca, dir-se-ia uma luminosa aparição, uma figurinha diáfana de marfim...
Quantas coisas sucedem neste mundo!... Há momentos em que os próprios Chichikov se tornam poetas. Poeta é talvez dizer demasiado; em todo o caso o nosso herói sentiu-se de súbito um jovem, quase um hussardo. Viu ao lado das duas damas uma cadeira livre e apoderou-se dela imediatamente. Ao princípio, faltaram-lhe as palavras, a conversa não correu lá muito bem, mas pouco e pouco a língua soltou-se-lhe, foi readquirindo coragem, mas...
Com grande mágoa devo dizer que as pessoas que ocupam altas funções, mostram-se pouco expeditas a falar com as damas; os tenentes e capitães são mais hábeis nessa arte. Só Deus sabe como se arranjam; não dizem nada de especial e no entanto a jovem a quem se dirigem torce-se de riso na cadeira. Um conselheiro de Estado, ao contrário, pouco ou nada consegue: perde-se em considerações sobre a imensidade da Rússia, dirige-lhe algum cumprimento a que não falta espírito mas que tresanda a literatura, e se acaso sucede dizer alguma graça, então ri muito mais do que aquela a quem deseja agradar. Dizemos isto para o leitor compreender a razão por que a formosa loira se pôs a bocejar enquanto Chichikov falava. Aliás o nosso herói não deu por isso e continuou a desfiar um rosário de histórias engraçadas, inúmeras vezes repetidas já em ocasiões semelhantes.
'

página 276-277
'Almas mortas'
Gogol
tradução e prefácio de José António Machado
edição Portugália Editora

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Uma vez agressores, outras vezes vítimas

'
Há agressores e vítimas
e algumas poucas pessoas que nunca foram agressores ou vítimas
Há agressores que agridem,
outros que deixam de agredir quando aprendem a lição da consciência
outros que cumprem pena para sempre sem sentirem culpa
Há agressores que se transformam em vítima quando se trata de fugir com o bico à seringa.
Há vítimas que sofreram, sofrem e sofrerão por terem medo, por sentirem vergonha e culpa de sentirem vergonha por terem sido agredidos
Há vítimas que se tornam deslocados na guerra chamada «viver»
Há vítimas que se tornam agressoras para se vingarem do agressor
Há vítimas que se vingam na pessoa errada
e há vítimas que almoçam, jantam e dormem com o agressor
com um olho direito na faca e a mão esquerda no mamilo.
Há vítimas que serão sempre vítimas e morrerão curvadas pelo desespero: são as únicas por quem sinto pena.
Os pormenores não são da minha competencia.
'

Claudio Mur

Sisters and brothers: dance!



Lyrics:

my sex waits for me
it's very often solo
some times it's automatic
and feel is acrobat
attention attention
do it yourself
do it yourself

terça-feira, 13 de junho de 2017

O Andor em marcha

'
Certamente terás o que mereces.
O meu espírito Madre Teresa de Calcutá esgotou-se.
Não vou sentir remorsos quando te desvaneceres em pó.
Não posso ajudar quem não se ajuda a si próprio.
Vais dançar sozinha, este é o recibo de confirmação,
Boa sorte desejo aos que me fazem bem à saúde.
A ti não desejo nada. Apenas digo: a musa caiu do pedestal.
Risco-te da minha vida para todo o sempre.
Se morreres não deixes mensagem.

'

Claudio Mur

sábado, 10 de junho de 2017

Dois amigos lendo e fumando em minha casa


Jê 
e o poeta J. Alberto Allen Vidal
lendo do seu livro de poemas

2017
foto por ZMB

I paint to keep my sanity clean


'I paint to keep my sanity clean'
óleo sobre tela
81cm por 54cm
2002-2017
ZMB

Este trabalho começado em tela em 2002 
foi previamente idealizado em 1997 
em papel de caderno branco A4 a lápis.

Reflectia o meu sentimento psíquico da altura. 
Ainda a terminar um curso superior de engenharia 
sentia-me sem um futuro saudável e 
queria afirmar ao mundo a minha individualidade e o meu plano de fuga: 
a pintura.



(fotografia de época)


sexta-feira, 9 de junho de 2017

O Sr. Patinhas

O Sr. Patinhas
Ia a todas as missinhas
Mas não gostava de ladaínhas
Investiu o seu capital
Em frigoríficos, ventoínhas
E nas acções da Petrogal
Mas à Sra. Miquinhas
Que lhe fazia todas as coisinhas
Pagava-lhe mal, muito mal.

O Sr. Patinhas
Não ia em ladaínhas
Apostava nos cavalos
Só depois de ver ganhá-los
Tinha um Rover de três metros
E só um cm. e tal.

Morreu sozinho num Hospital
Sua fortuna ficou
Nas mãos do Banco de Portugal
E viva o capital
E viva o capital
Do Sr. Patinhas
Patriota de Portugal.

J. Alberto Allen Vidal
2014

quinta-feira, 8 de junho de 2017

E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu lugar.



letra:

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
Fé em Deus, DJ

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.

Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
nasci, han.
E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
lugar.

Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,
Com tanta violência eu sinto medo de viver.
Pois moro na favela e sou muito desrespeitado,
A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado.
Eu faço uma oração para uma santa protetora,
Mas sou interrompido à tiros de metralhadora.
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,
O pobre é humilhado, esculachado na favela.
Já não aguento mais essa onda de violência,
Só peço a autoridade um pouco mais de competência.

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, han.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
nasci, é.
E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
lugar.

Diversão hoje em dia, não podemos nem pensar.
Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.
Fica lá na praça que era tudo tão normal,
Agora virou moda a violência no local.
Pessoas inocentes, que não tem nada a ver,
Estão perdendo hoje o seu direito de viver.
Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela,
Só vejo paisagem muito linda e muito bela.
Quem vai pro exterior da favela sente saudade,
O gringo vem aqui e não conhece a realidade.
Vai pra zona sul, pra conhecer água de côco,
E o pobre na favela, vive passando sufoco.
Trocaram a presidência, uma nova esperança,
Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.
O povo tem a força, precisa descobrir,
Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui.

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar, eu.
Eu, só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
nasci, han.
E poder me orgulhar, é,
O pobre tem o seu lugar.

Diversão hoje em dia, nem pensar.
Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.
Fica lá na praça que era tudo tão normal,
Agora virou moda a violência no local.
Pessoas inocentes, que não tem nada a ver,
Estão perdendo hoje o seu direito de viver.
Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela,
Só vejo paisagem muito linda e muito bela.
Quem vai pro exterior da favela sente saudade,
O gringo vem aqui e não conhece a realidade.
Vai pra zona sul, pra conhecer água de côco,
E o pobre na favela, passando sufoco.
Trocada a presidência, uma nova esperança,
Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.
O povo tem a força, só precisa descobrir,
Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui.

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar, é.
Eu, só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
nasci, han.
E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
lugar.

E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
lugar.

Parapapapapapapapapa




Letra:

Parapapapapapapapapa
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clackbum
Parapapapapapapapapa

[Parte 1]
Morro do Dendê é ruim de invadir
Nós com os Alemão vamos nos diverti
Porque no Dendê, eu vou dizer como é que é
Aqui não tem mole, nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a B.O.P.E. treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito, para os amigos meus
Mas morro do Dendê também é terra de Deus

Fé em Deus, Dj

(Vamo lá)

Parapapapapapapapapa
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clakbum
Parapapapapapapapapa

[Parte 1]
Morro do Dendê é ruim de invadir
Nós com os alemão vamos nos diverti
Porque no Dendê, eu vo dizer como é que é
Aqui não tem mole, nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a B.O.P.E. treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito, pra os amigos meus
Mas morro do Dendê também é terra de Deus

[Parte 2]
Vem um de AR15 e outro de 12 na mão
Vem mais um de pistola e outro com 2-oitão
Um vai de URU na frente, escoltando o camburão
Tem mais dois na retaguarda mas tão de Glock na mão
Amigos que eu não esqueço, nem deixo pra depois
Lá vem dois irmãozinho, de 762
Dando tiro pro alto, só pra fazer teste
De ina-ingratek pisto-uzi ou de winchester
É que eles são bandido ruim, e ninguém trabalha
De AK47 e na outra mão a metralha
Esse rap é maneiro, eu digo pra vocês
Quem é aqueles cara, de M16
A vizinhança dessa massa, já diz que não agüenta
Nas entradas da favela,já tem ponto 50
E se tu toma um pá, será que você grita
Seja de ponto 50 ou então de ponto 30
Mas se for Alemão, eu não deixo pra amanhã
Acabo com o safado dou-lhe um tiro de pazã
Porque esses Alemão, são tudo safado
Vem de garrucha velha dá 2 tiro e sai voado
E se não for de revolver, eu quebro na porrada
E finalizo o rap detonando de granada

Parapapapapapapapapa
(Valeu)
Paparapaparapapara clackbum

Vem um de AR15 e outro de 12 na mão
Vem mais um de pistola e outro com 2-oitão
Um de URU na frente, escoltando o camburão
Tem mais dois na retaguarda mas tão de \"Glock\" na mão
Amigos que eu não esqueço, nem deixo pra depois
Lá vem dois irmãozinho, de 762
Dando tiro pro alto, só pra fazer teste
De ina-ingratek pisto uzi ou de winchester (Obrigado, gente)
A vizinhança dessa massa, já diz que não agüenta
Nas entradas da favela,já tem ponto 50
E se tu toma um pá, será que você grita
Seja de ponto 50 ou então de ponto 30
Esse rap é maneiro, eu digo pra vocês
Quem é aqueles cara, de M16
Mas se for Alemão, eu não deixo pra amanhã
Acabo com o safado dou-lhe um tiro de pazã
Porque esses Alemão, são tudo safado
Vem de garrucha velha dá 2 tiro e sai voado
E se não for de revolver, eu quebro na porrada
E finalizo o rap detonando de granada

Parapapapapapapapapa
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clackbum
Paraparapapapapapapapa

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Dois poemas de J. Alberto Allen Vidal

'
Eu

A complexidade do meu Eu
As convulsões do meu pensamento
O latejar do meu sangue
A precipitação de querer ser algo
A certeza que não diz nada

                       – tudo me confunde
                       – tudo me desorienta
                       – tudo me revolta

Vivo de um sonho
de uma miragem
de um esperar contínuo
de qualquer coisa diferente
que não chega nem chegará

Entretanto essa coisa que não chega
Continua a ser a razão da minha vida
E por ela lutarei enquanto tiver forças
pois creio no Absurdo.

1971
'

--

'
Tu

Não sei quem és
Nem como te chamas
És uma forma obscura
que na noite escura
me chamas.

1971
'




J. Alberto Allen Vidal
em 'Flores Paz e Cinzas'
edição de autor 1984

e em breve 
numa re-edição nas Edições Cassiber
numa primeira tiragem de dois exemplares (um para o autor e outro para o paginador)

e a seguir
uma eventual edição de exemplares a pedido e vendidos pelo autor 

All butterflies are different


Estação de Metro do Marquês
Porto
2017

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Caranguejos


'Caranguejos'
óleo sobre tela
70cm por 80cm
2001-2017
ZMB

Este quadro começou em 2001 por ser apenas a figura do casal a vermelho num fundo amarelo.
Na altura disse: -- Perfeito, não estragues, está acabado!
Um colega em 2002 pediu-me uma colaboração para uma edição em papel
e eu ofereci-lhe uma foto deste quadro. Nunca tive conhecimento se a foto foi usada.
Em 2007 comecei a pensar que podia dar mais vida ao quadro e enquadrei o casal numa sala
fraccionando o fundo amarelo, colocando uma janela, uma porta, quadros minimalistas na parede
e fazendo algumas sombras no casal vermelho.
Foi neste estado que o quadro foi apresentado em 2008 
na exposição em Miragaia, Porto no Púcaros Bar, 
que actualmente é um espaço para turistas petiscarem.
Na exposição conheci um casal, mais velho que eu, onde ela é pintora, 
soube que moravam perto da minha casa de família e ele perguntou-me porque dei eu o nome de
'Caranguejos' ao quadro. Eu expliquei que o símbolo Cancer do zodíaco
me parece ter algumas semelhanças com um 69 deitado.
Este ano, 2017, voltei ao quadro não só porque,
 devido às fracas condições de armazenamento, a cor se deteriorou, mas também porque
achei que podia dar mais conteúdo e melhorar o pormenor.

A frase inscrita no quadro é de Aleister Crowley.

(fotografia de época)


sábado, 3 de junho de 2017

Notas sobre a minha pintura

1. Há dias uma mulher que eu não conheço pessoalmente e que tem ultimamente mostrado algum interesse no meu trabalho, perguntou-me se era eu o retratado num quadro que postei num blog amigo. Como estava mal humorado, respondi-lhe torto porque ela viu um homem onde estava uma mulher. Então resolvi contactar a mulher retratada que é a minha amiga mais chegada e contar-lhe o caso dizendo: «É uma ofensa à minha pintura, à minha e à tua identidade como pessoa, onde já se viu confundir um homem com uma mulher, deve estar a precisar de renovar as lentes!» A minha amiga respondeu: «Foste mal-educado com ela. Ela, se calhar, só estava a meter conversa contigo.» De modo, que voltei a comentar no blog e tentei de modo mais educado simplesmente perguntar onde via ela um homem, ela desta vez respondeu e pediu desculpa pelo seu olhar. Eu aceitei as suas desculpas.
Porque poderia simplesmente responder que as mulheres que a Paula Rego pinta se parecem com homens de saia. Mas a Paula Rego é a Paula Rego e eu sou apenas o ZMB, um gajo que faz uns rabiscos.

2. O senhor que me arrenda o quarto veio ontem receber a renda. Nota-se que não tem grande apreço pela arte nem pela vida de artista. Mas parece gostar de mim por causa da minha simplicidade e honestidade, quando lhe falei do meu «rendimento médio mensal» para justificar que podia sem falta pagar a renda sempre a horas. Eu tinha-lhe perguntado se podia furar a parede para pendurar quadros, ele disse que sim e que assim dava alguma vida à casa. Desta vez, ele olhou para os quadros na parede e perguntou se tenho vendido muitos, eu disse alguns, poucos, o suficiente para poder pagar as contas da água e da luz quase quinze dias antes do final do prazo. Então, ele mostrou a sua simplicidade e a velada ofensa que eu como estava bem disposto ignorei: «Eu olho para este quadro e não lhe dou valor, mas se me disserem 'é do Picasso' aí eu já penso duas vezes, já lhe dou valor.» Eu respondi: «Claro, cada um com a sua arte, o seu modo de vida.» Ele recebeu o dinheiro a que tinha direito, apertou-me a mao duas ou três vezes e despediu-se.

3. Na galeria onde recentemente tenho vendido alguns trabalhos, o dono faz-me sempre uma festa quando apareço para mostrar o meu trabalho, geralmente por alturas do fim do mês. Ele sabe que eu vou lá com a intenção de ganhar o meu dinheiro para pagar a renda, mas ele parece gostar de mim, diz que eu lhe dou sorte, e já pude até comprová-lo. Uma vez, tinha eu vários trabalhos no chão da galeria para apreciação e possível compra, entrou um casal de italianos que comprou obras da galeria. O dono tem uma personalidade incrível e uma capacidade de comunicação acima da média, fala fluentemente inglês, francês e espanhol e sempre que entra um potencial cliente, ele acaba sempre por falar de mim e do meu trabalho. Ontem, resolveu comparar-me a AOS sem saber e muito me agradou pois disse que quando eu vivia na Ribeira fiz uns quadros sobre aquelas figuras mais castiças da Ribeira (estava a referir-se à minha série de artistas de rua, uma exposição que ele recusou organizar por se afastar do conceito geral da galeria) e acabou a perguntar-me se aquele último quadro, do qual lhe enviei a foto frisando que sabia que era um trabalho que não lhe interessaria, não estava a retratar uma prostituta. Eu disse que não, que não era nada relacionado com prostituição.

Destas três notas se conclui:
O olhar das pessoas que observam, às vezes, não coincide com o olhar e a mão do pintor.
Onde uma mulher viu um homem e um senhorio não viu nada de valor, um galerista viu uma prostituta.
Eu apoio a falta de consenso, quando há consenso não há conversa, não se aprende nada.
Só eu e ela, a minha amiga, sabemos o quanto este quadro é mágico.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Beauty is sleeping to keep the paint clean


'Beauty is sleeping to keep the paint clean'
óleo sobre tela
60cm por 70cm
2007-2017
ZMB

(fotografia de época)