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Tudo pela vitória
Se vires um polícia
correr atrás de mim com uma pistola
não lhe apontes a tua ponta e mola
Se me vires cair num horto baleado e morto
toca apenas um triste e fúnebre hino
que encha de esperança o teu coração menino
Se vires um velho cansado de mala na mão
dá-lhe a tua ajuda sê tu também meu irmão
Se vires um batoteiro prégar e bater nos filhos
é porque não acertou no totobola senta-te no chão
e deixa que entre no seu rude coração
uns acordes de viola
Se vires um cego
e uma bengala branca de Sofrimento
dá-lhe a tua ajuda
não o deixes cair com o vento
Se ouvires histórias imundas de mulheres
procura conhecê-las na beleza dos malmequeres
Se te sentires preocupado com a bomba atómica
ou a de neutrões
Segue em frente
no meio da gente
que há-de calar os maus corações
Se a morte te vencer ergue-te
tu és mais forte
O que conta é o teu querer
Se vires teu irmão na miséria
dá-lhe ainda a tua mão
não deixes que lhe falte nunca em tua casa
o teu carinho e o teu pão
Se levares pontapés em troca
não esmoreças
porque a vitória só será vitória
quando nós a merecermos
e tu que nada fazes
que só desgostos nos trazes a mereças
Sim porque a vitória também
ou é de toddos ou não é de ninguém
1984
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J. Alberto Allen Vidal
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