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A resposta ao ciúme só pode ser ma[ndar o relvas estudar]
meu camará!
Bagunça o desejo numa folha de papel
Esconde-o com cuidado dentro de um saco debaixo de uma árvore
Quando tu eventualmente o esqueceres
Este bem pode tornar-se verdade.
O doido sabe-la toda
E como dizia Michaux:
«Quem esconde seu louco, morre sem voz.»
— Ola
— Quem és?
— Saara
— Olá Saara peço desculpa, não me lembro. Podes ajudar?
— Tens 10 euros k me possas adiantar bjs
— Não tenho dinheiro para dispensar a desconhecidas que não se dão a conhecer
— Obrigado na mesma és um bom rapaz xi
— Se me conheces mesmo convida-me para um café e logo verei se não és tanga
— Ok logo as 22h no bom dia
— Onde fica o bom dia?
— Praca velaskes antas
— Lá estarei. Hasta
— Liga me kando chegares
— Mandarei sms e esperarei 15min
[09h55m pmm] — Cheguei. Estou de azul
[Quatro dias de silêncio depois] — Olá kerida gostei muito do outro dia temos de combinar nova sessão bjs
[Ontem] — Ola
— Bad luck try again
— Wow…
— Dial my number
— Pussy
— Cock
[The] End Less:
O trabalho é pó preto e a cocaína é pó branco,
Diz, acusa-me por sms de eu ser um drunk cowboy junky anarco urbano depressivo,
Diz-me escrevendo: «Diz-me uma coisa: quantas gramas de tabaco fumas por dia? Responde sinceramente.»
Então eu cozinho a resposta ao longo das linhas seguintes:
Olha, sabes?
Houve uma pessoa
Que nossa senhora bendita a tenha
Credo!
Que me disse um dia:
Então mata-te!
E eu matei-me e não me parece que tenha sido por amor.
A seguir, num universo cruzado, foram precisos três lustros para o poeta,
Que santo crowley o tenha, credo!,
Dizer de mim: «mauricinho de merda»
Quando lhe recusei o charrinho de graça, chegou até a queimar em filme a obra Dedicada à mulher que segundo ele estava a dar o cu pelo tal charrinho de graça,
Olha, sabes?, descobriu o erro demasiado tarde.
Honra de ressacado da pastilha quatro vezes mais paranóico com prescrição clínica?
A única coisa que vejo são trinta anos de asfalto borrados pelo ciúme,
Ainda a certeza que dentro do hospital há mais honra do que na ostentação
De certos caracóis que deixam cair a toalha depois do batido de soja e se esquecem
Nus e ao que parece sonâmbulos depois de uma tablete de dez solidários grátis no cat.
Olha, sabes?, e vens agora tu dizer de mim à minha frente:
Lancem-no ao rio.
Duas vezes «lancem-no!» repetido.
Olha, sabes?, a hipocrisia no mundo da droga abunda.
Obrigar alguém a entrar nas guerras que não escolheu é de facto complicado de gerir.
Certas pessoas são verdadeiramente sujas, sabes?
Olha, sabes?, saber que não sou santo e que um dia a minha hora chegará…
É o que me faz escrever este epigrama e esquecer-te no sono
E amanhã acordar com o ritmo da música do Xano no despertador do telemóvel
E com alegria despertar e mandar à merda por sms o gajo que
Com duas universidades no currículo diz não saber enviar um anexo de email [olha sabes?,
Tivesse ele apresentado como experiência válida de vida a sua gestão do folclore!]:
— Sinceramente, palhaço, perguntas-me pelo meu consumo ilícito e diário? Atão, aqui vai:
«70 gramas de tabaco west
Dois sabões de ganza um bidão de erva jamaicana
Meio quilo de cavalo e um de branca
E para finalizar um taparuere de 40 cogumelos mexicanos com massa refogada,
Tudo terminando em duas doses de café de saco cinco estrelas.
Precisas de mais alguma informação? Em que te posso ser útil? A minha memória. Send.»
Xana, escrevo para te dizer que guardo o teu quadro, guardo tua oferta
Sem cuidado é certo, mas sem a ter posto no contentor.
E quanto a ti Ó-tario, dir-te-ei beijinhos se me perguntares onde está a tua mulher,
Dir-te-ei que talvez tenhas de fazer como o poeta e
Pôr uma trela na mulher em quem tu não pareces querer carregar,
Beijinhos, deves pensar que eu sou como uma gaja que entra na cozinha e suspira
E te perdoa a merda que lhe fazes e um filho cresce na seringa e nos copos bebidos
Por não terem mil e quinhentos euros para a conta investimento reforma,
Beijinhos é o que te deseja o ninguém que a tua mulher insiste em desejar elogiar,
E ainda me chamam às vezes de tanso. O pouco que sei é verdadeiro.
Na minha terra diz-se : «Vai-te fazer ao futre, peçam-lhe um subsídio para o esquema.»
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Claudio Mur
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