domingo, 22 de agosto de 2021

Obrigado mundo, obrigado povo

 


Operacão Fontaínhas, afternoon 15 spot 2 antes do kofi
Obrigado mundo, obrigado povo!
Continuando a ler «a Fome» de Hamsun ou do seu personagem que até este momento não tem nome oficial, deu o nome de uma mítica princesa persa para fazer pouco de um amblíope e deu outro na polícia onde ficou uma noite a dormir e, como disse para disfarçar e por vergonha que era um jornalista que perdera as chaves, de manhã não recebeu a senha de almoço na assistência social.
Há algo de errado nele e isso deve ser porque a sociedade, e ele próprio, considera o vagabundo um triste abominável. E ele que passa fome porque não tem dinheiro para nada, vende ou tenta vender até os botões, não consegue, tem vergonha de si, insulta-se na rua à frente de todos, não consegue escrever, vai pedir um osso a um talho, roi o osso e vomita, passa miséria, mas os capítulos acabam sempre com alguém a ajudá-lo.
Ele tem a consciência de estar louco devido à fome que lhe grassa na barriga, e eu acabo por ter pena dele, ele tem um mau carácter mas tenho pena dele, é humano, um humano que se tornou quase um animal, uma besta devido à fome. Tenho a solidariedade que se deve aos loucos. Não se é louco sempre, não se nasce louco, o mundo é neurótico e, quando rompe as costuras, a loucura, a psicose comportamental, a miséria existencial surge.

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