domingo, 27 de outubro de 2024

Claudio Mur - Um retrato da falsa revolução

Um retrato da falsa revolução

A revolução disse que toda a gente seria livre de escolher e toda a gente aderiu. Disseram-se sociais
e comunitários e embarcaram no sonho de uma sociedade livre e de sucesso para todos os sócios e
tanto pelo menos como o nosso vizinho do lado.
Quem se revoltou? Todos o que nada tinham, os que tinham venderam se ainda puderam e fugiram
para gozar reformas no exílio. Deixou-se de ter como amigo o senhor fulano de tal pois este deixou
de ter um amigalhaço numa empresa exportadora para o verdadeiro mercado interno, as colónias.
Deixou-se de ter de fugir para um bidãovil, caso se tivesse um mau currículo ou não se tivesse o tal
amigalhaço, como alternativa à prisão ou à porta da igreja para turista visitar e fama de pedinte mal
educado vendendo o coto de miséria como mercadoria. Tudo porque a revolução disse que o estado,
ao se dissolver progressivamente, seria o sócio amigo em quem confiar e ninguém precisaria mais
de ser pedinte da corporação ou da igreja para o ser, em vez, do novo estado, o sonho prometido
para quem se revoltasse e aderisse à revolução social do cidadão. O estado refundado legislou que
no interesse do novo cidadão, ele, ainda pobre, perdesse a vergonha e se registasse no sistema com
o nome de 'vítima da sociedade' e se juntasse como 'voz da experiência' a uma nova associação, uma
nova casa, loja, lobbie, um novo partido, uma nova corporação que defendesse o sonho privado de
cada um: por decreto regulamentar, aspirar a transcender a natureza do ser humano e ser monarca
do seu próprio nariz e ser ainda reconhecido pela história como o Senhor Alguém Que Fez Obra,
aquele bem falante benfeitor de quem toda a gente fala e deseja vir a ser.
Chamaram-lhe o bolo social e disseram que, se bem integrados neste faroeste social regulamentado,
todos poderiam comer um pedaço de bolo se fizesse o compromisso. Todo o filiado subiu na escala
social trocando de posição conforme a conveniência e dizendo aos filhos: estuda para seres um
senhor porque eu mato-me para te dar um futuro. Se eras amigo levaste uma palmadinha nas costas
e a caridade ocasional de um cheque ao fim do mês. Se não eras amigo perguntaram pelo currículo
e fizeram um contrato dando a ilusão que seria cumprido desde que te tornasses amigo, te
identificasses como escravo do bem comum da empresa, da nova família.
A ilusão do espírito livre, um amigo, um sócio em potência capaz de causar mudança para si e todos
os sócios, vendo a lei apenas como instrumento temporário de registo da sua liberdade, uma medida
para ser ultrapassada. Uma lei para todos mas com a honrosa excepção de cada um. Às vezes
repressora e tirana de quem não pensa de acordo, a ilusão de liberdade é perdida todos os dias no
modo como a nossa mente interpreta a revolução social e o nosso papel na revolução social em
romarias ao cemitério para ver os novos mortos, a nova tradição. Lembras-te de quando éramos
novos, do nosso papel na revolução? Éramos uns pobres salafrários, uns grandes malucos mas agora
depois de mortos somos burgueses cool. Já viste o tamanho do meu instrumento? A ilusão
continuou com o direito a poder participar na festa de adoração do sucesso, personificado no líder.
O sucesso mede-se em dinheiro, na quantidade de bolo redistribuído pelo líder, champanhe para os
accionistas e sopa para novos cartões de pobre, os que não têm amigos nem currículo à porta das
novas igrejas, agora reaccionariamente sociais apelando ao sentimento do turismo de mausoléu,
dizendo que jesus afinal era socialista e nunca gostou de mercadores nem capital.
E assim as corporações se renovaram e voltaram a ser o que sempre foram e pareceram. Estatuto,
hierarquia e repressão para quem não aceita ou não pode aceitar a opção do contrato social. As
coisas não mudaram assim tanto, não passou de uma falsificação organizada por iluminados a soldo
que souberam propagandear nas gentes a ilusão de o sol poder nascer igual e independente, de e
para todos, para que no fim cada um, depois do estatuto adquirido e da ruptura ideológica com o
clube de juventude rebelde, poder viver hoje de pantufas no sofá a reforma dourada mandando
trabalhar as gentes, ou seja, os outros porque, claro, eu trabalhei muito e a minha obra, o meu nome
fala por mim.
Mudaram apenas os nomes numa passeata evolutiva até à dissolução final do seu sentido de palavra,
do desejo de produto à produção do desejo até à propaganda do desejo. Afinal até deus não morreu
e tornou-se múltiplo e relativo, foram-lhe mudando o nome conforme a utilidade, de partido
bondoso e mártir a portador da luz e maldoso até à reforma compulsiva para taxa de juro e capital,
uma teo-social democracia do proletariado, para quem a palavra mudou de anarquistas do partido
social para fiéis colaboradores descartáveis vivendo instrumentalizados no substrato ilusório e
figurado da conveniência social com promessa de igualdade e fraternidade no acesso ao bolo, à
palavra que dá espírito matando a fome e o choro. Se fores meu amigo e contribuíres dou-te um
prato de sopa no meu palácio, senão meu amigo vai morrer profeta lá longe no paraíso! O papa
benze, o aiatola proscreve, buda contempla, brama é poeta e o imã vive em segredo enquanto deus
omnipotente manda o seu burocrata subir a taxa de juro da nação de poetas. Porque temos de nos
rir, parodiamos de vez em quando em animado congresso de sócios, ou assembleia com as gentes, a
realpolitik da ilusão, fantasia, farsa e propaganda e colamos ao cínico palavras como estúpido
porque não segue exactamente o rebanho, como mau e vingativo porque diz a sua verdade em
noites de facas longas, como mal educado, desavergonhado, impudente, obsceno, imoral porque diz
o que todo o rebanho pensa: a pornografia do poder corrompe.
Agora que o deus anarca do capital deixou cair a máscara e nos expulsou da casa que produzia o
bolo e deixou de distribuir por todo o fiel sócio contribuinte, nós, as gentes, começamos a descrer
do morto deus Sebastião, o tal que foi prometido. Porque esse partido, esse deus, esse mercado não
passa de um turista, um partido estrangeiro, esse que, a soldo e em saldo, comprou o bolo para
produzir sonhos para famílias que vivem lá no paraíso e ter ignorado as gentes de cá. O problema
não é ser um crápula mas não ser eu, err... quero dizer, ser um estranho sem cor e não deixar nada
para mim, ups... quer dizer, para a gente, para a nação, afinal de contas pago impostos para quem?
Não te tenho no meu bolso, deste-me uma facada, oh deus!, eu era teu amigo e, por menos, fiz a
guerra em teu nome. Por favor, não me abandones.
Como resposta os burocratas e polícias cumprem o protocolo e mandam educadamente deslocalizar
a peida para o paraíso porque aqui nunca seremos livres. O estado, a ordem é deus e deus é o
mercado e o mercado sou eu e eu sou o inferno. É trabalhar para comer enquanto há e não bufar ou
só bufar os que nunca trabalham, claro, a quem nos dá de comer por caridade.
Como contra-resposta os clubes e gentes cumprem o protocolo e continuam em passeio a vender a
ilusão de progresso, a democratização do deus capital, capital ao dispor de todo aquele que se quiser
juntar à revolta para ser visto como mártir, um jesuíta dito espírito livre e filantrópico que nos
salvará do inferno, eu, a associação igreja salva do fim do mundo e tu podes ser o meu escolhido.
Para compor a estrutura ditatorial do capital anarca neste cool jogo de futebol no fim do mundo
sobramos nós, os prisioneiros do verbo liberdade, as facas esquizóides do indivíduo e os gunas
dependentes do social. Sempre desconfiamos da promessa, a liberdade sempre foi ilusão, o estado
só serve para receber subsídio em troca de servidão. Sociedade sempre foi e sempre se transformará
em hierarquia e deus sempre foi intoxicação, orgasmo. Conforme a cor do clube ecuménico ou do
capital imperial, conhecemos a verdade com vários nomes mas a palavra com que nos definem
nunca mudará: maluco, imoral, traidor, terrorista, arma de arremesso, drógado. Somos tudo isso.
Dentro de nós um mundo e parte desse mundo é autoridade. Fora de nós existe o mundo-promessa e
esse mundo é autoridade, não nos reconhece direitos se não assinarmos o contrato de recolha de
informação ou provocação social e o máximo que oferece é indiferença bem educada. Para nós
nunca haverá solução porque recusamos que a nossa insurreição seja instrumentalizada embora,
claro, não recusemos o cheque. Não podemos mudar o mundo, apenas mudar o modo como vemos
o mundo e como ele nos influencia numa estratégia de redução de danos. O caos organiza-se
sempre que acendemos a luz do desejo numa outra que és tu. Amor, trabalho, conhecimento e a
responsabilidade de se pudermos não roubar a tv da mãe tanto melhor, deixemo-la rezar porque
rezar lhe dá força. O nosso deus não é jesus nem o capital de jesus, admitimos a nossa condição e
disfarçamo-lo de opção, procuramos o prazer e a experiência sensorial, falhamos perante a
impossibilidade do convívio sem hierarquia, identificamo-nos com uma emoção sempre que o
nosso polícia interno está de folga e às vezes choramos, somos humanos afinal e queremo-nos
imperfeitos, vivemos a possibilidade de eternidade do dia porque conhecemos a noite, intoxicamo-nos
com um copo de água, e gostaríamos, se pudéssemos, não escrever uma única linha e, quando a
hora chegasse, deixar apenas um corpo bonito sem história, sem efeitos colaterais, apenas pó e já
sem precisar da rehabilitação da laje. Tão válido como dizer sem a tua elegância: quem nunca te
tiver roubado um beijo que atire a primeira pedra.
- Morziinho, vais fazer o jantar?
- Oooó, eu queria ver o futebole...

--

publicado no indymedia.pt
em 2012
por alturas do despejo da escola da Fontinha pela camara municipal do Porto


sábado, 19 de outubro de 2024

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Tuíte Salgado

Tuíte Salgado
Se a família do Ricardo Salgado se preocupasse com a saúde dele, teriam entrado no tribunal pela garagem.
Mas não, preferiram caminhar 100 metros por entre jornalistas e indignados para que todos os telespectadores vissem o estado dele, tivessem pena e dissessem: coitadinho, podia ser o meu pai, tem alzheimer, não se julga uma pessoa assim, deve ser ilibado. 
Também pode ser que o dr Ricardo Salgado tenha querido de livre vontade e consciência caminhar os cem metros obstáculos para afirmar a sua honra de impoluto bancário falsificando o seu estado de modo a ser considerado inimputável pelo tribunal e pela audiência.
Tudo para não pagar o que deve aos indignados e para que deixe aos seus filhos vip alguns francos suíços mais os dólares do Panamá e as propriedades no Brasil.

domingo, 13 de outubro de 2024

Most People Have Been Trained To Be Bored -- A Perfect Observer In Random Wounds


Solo project of Gustavo Costa:
composer, drummer and manager of the experimental music collective and association Sonoscopia in Porto, Portugal This 7" single is a split edition of Bor Land and Soopa from 2008
A side: The income of a government from all sources B side: Multiple choice of no truth

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A mesma luta: isto é um negócio

Orwell era de esquerda e talvez fosse comunista mas não era um ortodoxo, denunciou o Estalinismo, lutou contra os fascistas em Espanha mas também não era anarquista, hoje talvez fosse adepto da corrente do marxismo crítico e do sentido de comunidade. Era um crítico da condição social, preocupava-se com os pobres. Viveu tempos de penúria e escreveu sobre isso e talvez a sua educação intelectual superior nunca fez com que ele desprezasse o pobre, sendo um pobre não disse mal de outro pobre, não se achou superior dizendo que o Outro não quer trabalhar e é um vagabundo, simplesmente retratou o modo como os vagabundos passam o dia e as noites.
O livro Na penúria em Paris e Londres permite fazer comparações com os dias de hoje,  um século depois:
Em Londres em 1930 a vagabundagem era proibida, as pessoas não podiam dormir nas ruas e quem não tivesse casa não podia ficar na cidade mais de um dia, tinham de andar de um lado para o outro, a pé. Ainda assim,  havia albergues de 5 em 5 km, e os vagabundos ou sem abrigo podiam pernoitar uma noite por mês em cada um deles, não pagavam nada e de manhã recebiam um pão e um chá inglês. Para quem podia pagar um mínimo havia pequenas pensões onde dormiam às vezes cinquenta pessoas,  as condições variavam de local para local.
Hoje em 2024, no Porto só há um albergue gratuito e tem lista de espera, ouvi dizer que a AMI também aluga divãs em camaratas por mais de 100€ por mês, o pobre entra às 17h e só volta a poder sair de manhã.
Conclusão: há um século era proibido ser sem abrigo mas havia albergues, hoje é tudo legal mas não há onde dormir e se se encontra um canto na rua ou debaixo de uma ponte, logo aparece a polícia municipal a chatear ou um fascista a bater.
Diz-me um hospede do Hotel Tijuana que o Moedas em Lisboa queria aumentar a taxa turística para 6€, no Porto brevemente vai aumentar para 3€. Isso significa que o casal do quarto 1 vai pagar por mês 42€ de taxa turística para poder usufruir de um quarto sem ar condicionado, na cave, só com wc e sem acesso a cozinha e sem pider fumar no quarto,  basicamente só para dormir,  ora 42€ a juntar aos 750€ de renda não deve sobrar muito para fazer qualquer outra coisa. 
- É claro sr Rogério,  que se pagar em numerário podemos esquecer a taxa.
E o hospede paga em numerário e o hotel não entrega a taxa. Outras vezes, pede-se ao hispede que pague a taxa em dinheiro explicando que o banco cobra uma comissão pelo pagamento em cartão e sabe, sr Rogério, o dinheiro não é para nós, temos de o entregar, e claro que o patrão se receber em dinheiro simplesmente não declara, ladrões da câmara,  ladrão do Estado, taxas e taxinhas, sempre a asfixiar o empresário, ora vamos lá baixar os impostos, o IRC, sr. Mintonegro ajude-me a não ir à falência, eu tanto posso vender o Tijuana a um holandês por milhão e meio como aumentar um piso ao edifício, diz o patrão. Vamos dar um benefício aos jovens para eles comprarem casa, benefício que sai do dinheiro de todos os contribuintes e acaba no bolso da imobiliária porque entretanto o preço do imóvel aumentou: senhorios, imobiliárias, hotéis, a mesma luta, a habitação como um negócio. 
Por isso, registo a leitura daquele esquerdalho no livro do Orwell que só trabalhava meio dia e se fazia despedir ao início da tarde no restaurante porque o patrão era por lei obrigado a pagar o dia inteiro. Por isso, escrevo que às vezes nos apetecesse dinamitar o local de trabalho e os patrões que não alugam a ciganos porque dizem que estes são ladrões e depois cobram tarifas à  porta mais caras do que pela Internet sabendo que pela Internet se paga uma comissão à agência,  querem lá saber se há pessoas que não têm onde dormir, sr Rogério,  isto é um negócio!
E o sr Rogério diz para ele próprio: hoje estamos cheios, não temos quartos, ide ser explorados noutro local, ide dar o dinheiro a outro patrão. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Divulgação: Ciclo de Cinema no Maldatesta, Porto em Outubro

 


No próximo dia 24 de Outubro, pelas 21h30, no Espaço Maldatesta (R. São Roque da Lameira, 2236), será exibido o filme “Silêncio”.

Esta sessão faz parte de um ciclo de cinema dedicado ao tema dos Sem-Abrigo, com o objetivo de sensibilizar o público para esta questão tão urgente e importante.

A Saber Compreender estará presente na roda de conversa.

Junte-se a nós para uma noite de reflexão e diálogo!



segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Tuíte Israel mostra que é um Estado acima da Lei

 Então Israel avisa o sul do Líbano de que têm de abandonar as suas casas porque vão ser bombardeados

e depois além de lhe bombardear as casas

bombardeia também as estradas por onde as pessoas foram obrigadas a fugir por causa dos bombardeios às suas casas.

Deu na tv, vi o buraco na fronteira, o jornalista relata: agora as pessoas fogem a pé.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Tuíte Cultura oficial do nojo

 Fiquei hoje a saber através da leitura da crónica da Ana Cristina Leonardo no jornal Público que

para comemorar os 500 anos de Camões saiu uma edição dos Lusíadas com prefácio e ilustrações de Valter Hugo Mãe.

Bravo! Fico à espera da edição dos poemas satíricos de Bocage com selfies de Pedro Mexia.

Isso é que continuaria a ser! A alta cultura da pátria e dos vendedores de promessas vampirizando os esqueletos.



quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Divulgação: Concerto de Fatima Miranda no Porto, dia 11 de Outubro

 https://www.culturaemexpansao.pt/sessao/fatima-miranda/

Em contraponto à invasão do digital, dos smartphonesApps, computadores e gadgets de que dependem a música eletrónica e a arte sonora, que quase sem intervenção do corpo e do gesto resolve concertos com facilidades tecnológicas, Living Room Room é um concerto-performance para voz solo, intimista e a cappella, em que se defende a presença e a contundência de UM CORPO sem fios. Músculos treinados sem mais nada, esculpindo o ar com uma voz prolongada, num registo de mais de quatro oitavas, usada como instrumento de sopro e percussão.


Em palco, uma única voz em simbiose com uma significativa componente poética, gestual, visual, dramática e humorística toca-nos até ao âmago.


A dramaturgia de Living Room Room evolui do contemplativo, melancólico, dramático e ritualista para um ambiente de transe frenético, divertido e algo louco.


Living Room Room incentiva uma ESCUTA consciente e culmina com uma secção improvisada que interage com o público e com o silêncio sonoro do lugar, com a sua acústica, com A NOTA que é única em cada espaço, com o seu runrun, sempre único e imprevisível, cantando em diálogo com a arquitetura do lugar.


Filha de uma sensibilidade etnominimal, Fátima Miranda está sozinha em palco com os seus instrumentos habituais: a voz expandida, a herança do Oriente, o corpo, a onomatopeia, o humor, a repetição, o espaço-tempo. Com a sua inteligibilidade ininteligível, vira as costas à tirania dos cânones da beleza do canto e da palavra, e coloca o mundo sobre os seus ombros, entrando sem medo e sem receio na floresta de oralidades que ainda o povoam, carregadas de memórias fonéticas, talvez anteriores à linguagem, evocativas de códigos de comunicação já extintos e que se aninham no inconsciente coletivo.


Em contraste com o que habitualmente se entende por cultura, a poética inclassificável de Miranda atinge uma dimensão de modernidade no sentido do que é sempre contemporâneo, entendido como civilização, isto é, como aquela parte mínima utilizável do imenso mundo cultural.