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Há já algum tempo que R pegara no livro cinzento e começara a ler ao acaso. Já nem lembra o que leu ou o que recordou de pessoal e intransmissível. Agora, lembra-se de palavras como miscigenação e lembra-se do seu eu antiquário que o instruiu acerca da não-autoria do livro que comprara juntamente com as mortalhas no centro comercial. Depois mais à frente, noutra folha lê: o mundo, o amor, a identidade, o dom da palavra e da comunicação, o dom de amar, o dom de não ter dúvidas de ser suficientemente amado, o dom de ser feliz e ser capaz de trabalhar... e pensando que também ele, mesmo tresloucado, tem direito a uma voz, decide fazer como os outros e adicionar palavras ao espaço em branco entre capítulos, decide mistificar a sua história.
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Claudio Mur
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