' com um melhor traço, alguém sente curiosidade em saber quem ela é, se conhecida ou se amiga, pergunta: é alguém que eu conheço?, antes parecia naif, diz a realidade externa, serei mais místico agora, evolução talvez, descoberta da realidade que é alheia porque não a sonhou, não a criou, lareira, fogo, algo que acontece transforma este quarto onde ela dorme num lugar encantado, falo sobre um título e as palavras que ouço são quarto, inverno, passa-se no Inverno?, emoção, Outono, virgem negra por causa do cabelo violeta mas com filhos, gozo, surrealismo, no supermercado comprando pão, num café aberto às sete horas da manhã eu lendo o jornal na página do desporto, comendo pão de milho com mel, ela pedindo quatro pães à minha frente, voz natural e corpo negro, fino e longo, o corpo de uma cigana lírica após os bebés e as marcas de chupeta, ela sai, uma aparição do inconsciente colectivo ou uma realidade consensual acontecendo por rotina, quão estranho parece a interpretação da duração da rotina, preocupo-me com a duração da rotina, será válida?, será que acontece todos os dias, por hábito ou amor conjugal, se simplesmente acontece naturalmente, nunca será provada a imagem de relacionamento conjugal, devo empenhar-me em analisar ou tentar descrever esta possível realidade, na altura vivia-se, não estavam sendo gravadas as imagens, elas aconteciam com naturalidade, a imaginação deverá ser uma arma poderosa e não mortal como nos bons tempos, velhos com anos, ainda não racionais, humanos decompondo-se tornando-se autómatos controlados por pll -- programmable logic devices, desejo de ser uma pll com memória e mais humanidade, a razão, a emoção e a memória, nascer outra vez, talvez ser mais racional ao representar a emoção suscitando agora curiosidade após a questão de autoria, oferta, nariz e pertença, amiga, irmã, freira, fêmea e mulher, mãe, deusa, representação de uma realidade, uma evolução, a coerência após a ingenuidade naif do covil banal, trivial visto com aquele ar crítico e curioso que sente vontade em descrever uma realidade representada, o pormenor da teia de aranha e a lâmpada de luz eléctrica acesa ou apagada não sei, não sei se é dia ou noite mas não existem sombras e portanto não estão representados anjos com sombras, então venderam talvez a alma ao diabo mas parecem ainda anjos bons, mesmo que o anjo da luz tenha caído no pecado do orgulho, luz ecológica, botânica, o fogo que cria a iluminação, a electricidade que não ilumina o ambiente, anjos bons dentro de uma realidade consensual onde eu também pertenço e onde estou de alguma forma integrado, quando vivo estou talvez fora, quando gravo estou lúcido, não consigo uma declaração alternativa e não codificada, uma definição numa palavra da imagem representada, uma opinião da audiência, tenho saudades, vivo ao beber até ao tutano a solidão, ela diz:se vc acreditA em salvação poderia me tirA desta solidão, e ele diz: amor lindo de morrer venha ter comigo pra eu não sofrer, o mundo vai acabar dentro de instantes e pergunto se o bar tem sofás de veludo colorido, se o cão ainda adormece no sofá ao som de duendes e fadas, sessões de sexo, paixão, relações sexuais, lucidez, ultrapassei-te e falo-te sobre isso, significando que ainda não te ultrapassei totalmente pois senão não teria vontade de falar nisso ou numa realidade ocorrendo em simultâneo tão longe de ti, a um dia de viagem, a minha nova realidade, aquela que percepciono hoje como se hoje tivesse nascido ao passar do inferno para o céu comendo fungos, mais lúcido, Lucifer era um anjo caindo em desgraça por adorar o seu orgulho, será que ele teria sombra?, o bem precisa do mal, são pares da mesma realidade, aparição referida uma ou duas vezes, e não está necessariamente relacionada com esta fogueira ou não é necessária a fogueira para definir a aparição que é real e sem adereços, quem é a rapariga que dorme?, não queres dizer, o que significam as letras, não queres dizer, as letras fora do contexto de uma palavra fora do contexto de uma frase são uma abstracção pelo qual se sente curiosidade por também não saber ou não compreender porque foram escritas, qual foi a emoção usada para as conceber e qual foi a intenção, que significado dar?, aconteceu com batom cor-de-rosa, cabelo escuro e um metro e sessenta e cinco, uma deusa com quem fiz amor e ainda hoje faço ao descê-la do panteão para a masturbação com ofertas de rosas e frases ditas à escuridao do hotel em francês e alemão, uma deusa que vive na realidade consensual e que retiro do mundo da espiral da eternidade, da flauta que encanta as serpentes, imagem que recordo dum encantamento partilhado sentindo que vivemos encantados, o estilo pop, romântico e francês opondo-se ou sendo o fundo no qual se apoia ou dorme o estilo púrpura cigano e alemão, estranho a realidade consensual onde nasci por mero acaso, a sheer accident, ele adora a imagem de alguém do sexo feminino tomando conta de um filho ou um menino pequenino que pensa que pertence à familia desse ser feminino que revela, no mínimo, carinho e protecção num momento de desmaio, frases saidas de dentro do inconsciente, ele quer sentir-se protegido, quem é?, é alguém que eu conheço?, com cogumelos vive-se uma realidade, com ganza pensa-se e vive-se uma realidade, não quero violar-te depois de ter sido violado pelos idolos, não gosto de piças, prefiro parceiros, iguais com quem possa comunicar, trocar, vender e comprar ideias, deixei-a ir ver o filme com a amiga, irmã de sangue, fui comprar suportes para descrever pintando a realidade que amo e, por isso, adoro e hoje recordo, imagino e recrio, afinal o criador tem um plano, emoção e lucidez, arder a realidade em fotografia e sonhar o renascimento, a renascença, talvez por isso adore fogueiras não acesas porque a chaminé está entupida, hoje a lareira está apagada, não está acesa, apenas na memória daquela lareira na aldeia está acesa, penso em quando nasci e adoro a imagem da minha nascença como se a queimasse, ela esconde a cara para não ver ou não ser vista pelas minha percepção da realidade e a sua representação durante o momento, o melhor esquece-se, sei que é ao início da noite, o melhor não se revive, o acto de viver é uma boa realidade, às vezes descobre-se à custa dos outros e, por isso, precisamos dos outros, esta imagem deve ser repetida, devo escrever com ganza sobre vidas com cogumelos, ah, se eu fosse mais humano viveria a realidade, gostaria de uma boa realidade e não teria medo de poder viver uma má realidade, só os loucos perderam o medo de morrer e não os crentes cristãos que têm medo de ir para o inferno cristão, posso imprimir medo mesmo que esse medo possa ser criador ao reflectir mais tarde sobre a experiência, este medo é um acto moral relacionado com a religião, crença ou cultura apreendida na escola ou no trabalho ou na paixão onde a entidade é um processo, algo culturalmente estranho a nós, devo viver a realidade sem ter medo de a viver, ou melhor, sem ter medo de sofrer com a realidade de viver, no inferno é dificil de pensar, o inferno cristão é menos bonito, o inferno cristão é mais feio que o interior das grutas vistas durante viagens de barco, fiz a confirmação na catedral sabendo já que não acreditava na confirmação e outros dogmas como a realidade consensual da virgem maria, fotografei a cruz celta e a catedral gótica de St. Finnbar, vejo uma representação do templo hádico, vi uma imagem desfocada de mim próprio com camisola de lã azul e humilde e o fantasma cinzento da mãe, uma rua quase branca, quase neve e com pouco contraste, um corvo no parapeito do rio Blackwater, um olho verde sem emoção e abstracto, uma imagem vermelha com ganza e atitude guardada no bolso e a mesa cheia de suportes e imagens de vinho e Mark and Spencer's food, um homem velho sem cabelo e esquelético sentado no sofá em frente ao espelho do tamanho da parede, as mulheres carregando ânforas com água, homens lutando e dançando a capoeira, o Sísifo representado inconscientemente numa ou duas horas de trabalho fumando, um elefante naif, uma àrvore e uma estrela de cinco pontas, um monstro cinzento e um monstro a cores, monte Rushmore, o cristo no círculo junkie das cores e esferas em espiral, um gato por cima do cabelo rosa do teu rosto que desejo para o futuro com frases ditirâmbicas em alemão, o pai de todos os espíritos, o pano preto escrito a giz branco e colocado no tecto, as nuvens criando formas humanas na imaginação de uma criança, os cogumelos ou outros fungos que crescem nas àrvores, duas mulheres fazendo amor, babysitter e irmã sentada, perdoa-me porque sou cego e penso sentado com as mãos na cabeça, uma rua artística retirada da parede, sou tão romântica, diz ela, I am very fond of you, but I don't want just to suck your cock e no entanto chupo- a satisfazendo a tua fantasia com cuspe sorrindo para ti, disse ela e depois naveguei-te a chalupa à canzana até ficar chalupa com o espasmo no teu ânus, quase por engano, dormir o sono dos justos e acordar na manhã seguinte, caminhar satisfeito na rua em direcção à paragem de autocarro a caminho do local de trabalho, de manhã vendo a tua rival do outro lado da rua com um cachecol de pele vermelha e cabelos ruivos alaranjados e não dizer nada, confirmar só a afinidade, a lareira apagada mas é como se o não estivesse e olhasse para ela, para o fogo, para as cores sucedendo fluidamente, deslocando-se, não ponho a mão no fogo só porque não quero, quero desenhar a cores e pincel no momento em que a realidade for já, razoavelmente, conhecida, se já houver um esboço mental, criar no acto de viver e viver no acto de criar, tudo, se for menos moral e mais humano, os autómatos, '
John Moore
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