Com música de
Xano Cigano e Cidália Moreira.
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"O lugar é, por fim, necessariamente histórico a partir do momento em que, conjugando identidade e relação, se define por uma estabilidade mínima. Histórico, pois que aqueles que nele vivem aí podem reconhecer pontos de referência que não têm de ser objectos de conhecimento. O lugar antropológico, para eles, é histórico na medida exacta em que escapa à história como ciência. Este lugar construído por antepassados («Mais me agrada a residência que os meus avós construíram...»), que os mortos recentes povoam de sinais que é necessário saber esconjurar ou interpretar, cujas potências tutelares um calendário ritual preciso desperta e reactiva a intervalos regulares, está nos antípodas dos «lugares de memória» dos quais Pierre Nora escreve, em termos tão justos, que neles aprendemos essencialmente a nossa diferença, a imagem dd que já não somos. O habitante do lugar antropológico vive na história, não faz história."
Marc Augé em «Não-Lugares», página 50 - 51,
tradução de Miguel Serras Pereira
edição (em Portugal) da Letra Livre
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