Terminei o trabalho regular do turno, estou agora sentado no sofá de descanso junto à recepção, de trabalho extraordinário tenho o chá de cidreira grátis e a roupa seca na máquina de secar que vou levar daqui a uma hora à ceguinha, a dona A. A razão porque faço este trabalho off-the-record é ter começado a chover e ela precisa da roupa seca amanhã de manhã. A razão do chá é para a compensar de ontem, fiz hoje a paz com ela, ela disse que ontem chorou depois da zanga, eu disse que hoje só consegui adormecer por volta do meio-dia após o fim do turno, disse hoje que ela ontem parecia a minha mãe, sempre a querer ajudar, a fazer-se solícita, a dar mais do que a gente precisa, ela ainda insistiu mas já com um tom moderado para eu levar uns iogurtes que lhe deram, eu disse não, outra vez, disse:
-- Para bem da nossa saúde, eu não quero zangar-me mais com a senhora, por favor, eu sou aqui funcionário, a senhora é uma hóspede, não tenho que aceitar prendas, compreenda...
Depois, ela falou do Sr. J do quarto ao lado, eu disse: -- Foi-se embora hoje, não era boa rês.
-- Ele entrava-me no quarto e roubava-me o vinho.
-- Por isso lhe tinha dito para fechar o quarto com a chave.
-- Foi o que passei a fazer...
-- Pronto, dona A, passo daqui a uma hora com o seu chá mais o taparuére lavado, até logo.
Há dias, comentei com a sra. A: -- A dona A quer ir-se embora, diz que arranja mais barato e que o quarto é frio.
-- Ainda ontem mandei pôr lá um cobertor...
-- Eu disse-lhe: Além da janela aberta onde põe a roupa para a gente pôr na corda, a dona dorme com a porta aberta para o corredor, faz corrente de ar, ainda apanha uma constipação; e depois, sra. A, disse à dona A assim: as personagens, os outros hóspedes no corredor não precisam de a ver dormir, por isso, feche a porta durante a noite, sim?
-- Sim, sr. Ru, fez bem, é difícil, a dona A é complicada.
-- Ela diz que se vai embora mas o problema é o dinheiro, senão ela ficava aqui bem.
"
Claudio Mur
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