A minha tem um trabalho em part-time a cuidar da mãe da vizinha, a minha amiga acaba a fazer de baby sitter e empregada de limpeza da casa onde a mãe e os filhos da vizinha vive. A vizinha essa vive longe da mãe e dos filhos, vive com o novo marido e tem o desplante de pedir dinheiro à empregada minha amiga para comprar produtos de higiene para a mãe idosa da vizinha.
A vizinha deve dois meses de ordenado e não dá folgas. A minha amiga está a ser alimentada por estranhos de quem não deveria depender. Deveria depender do ordenado que a patroa lhe paga pelo seu trabalho. Mas não é o que acontece.
Há quinze dias, vi um anúncio no jornal e pensei: vou-lhe enviar a foto deste anúncio. E mandei. Ela telefonou e foi-lhe marcada uma entrevista. Ligou-me a perguntar se eu sabia onde ficava a rua e eu fui ver aos mapas da google. E fui com ela lá. A entrevista era às 17h e às 16h30 já tínhamos identificado a porta do prédio. Ao chegar à hora, ela ligou-lhe e o senhor anunciante disse que estava a chegar a casa. Eu afastei-me e fui conhecer a Rua Gisberta Salces Júnior ail ao lado.
Cinco minutos depois, a minha amiga aparece a dizer que não houve entrevista, que o senhor apareceu, nem quis ficar com currículo, disse que o lugar já estava ocupado e que ligasse daí a quinze dias, podia ser que a pessoa à experiência não servisse.
Assim fez ela e eu fiz, embora ficássemos desconcertados no mínimo. Esperamos quinze dias.
Hoje, dia 15 da espera, liguei-lhe a lembrá-la. E ela ligou.
O senhor do anúncio disse para ela voltar a ligar às 16h. A minha amiga também disse que o senhor lhe ligou a confirmar: ligue-me às 16h. A minha amiga numa pilha de nervos a falar comigo pelo whatsapp até às 16h.
Às 16h, ela liga ao senhor e ele diz-lhe para ela ir lá ao prédio logo de seguida. Ela avisa-me e eu digo-lhe que ela chega lá mais perto se for sem esperar por mim. E ela vai. E eu espero.
Agora, enquanto escrevo isto no computador, já tive tempo de fazer café e de atender o seu telefonema a dizer: «olha, o homem deve ser doido, cheguei lá e ele disse que já não precisava, e eu até tive para lhe dar nas trombas por ele estar a gozar com a minha cara, mas não fiz isso, porque estava lá mais gente e eu perderia os meus direitos!»
Eu respondi: «É a maldade das pessoas.» É gozar com quem precisa de trabalho. E depois vem o Chaga dizer que não queremos trabalhar. O que aconteceu: o homemzinho não gostou da cara da minha amiga e resolveu torturá-la. Nunca pensou que ela voltasse a ligar e esqueceu-a. E quando ela ligou ele voltou a marcar entrevista. E quando a voltou a ver caiu-lhe a máscara. E tanto ela como eu somos impotentes nesta luta. Somos os fracos, os vencidos da história.
Pois que fiquem com a história. Que vos dê toda a azia do mundo mas quando isso acontecer não entupam uma sala vip num hospital público, ide para um privado que vos há-de parir!
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