sexta-feira, 9 de julho de 2021

Um poema de Júlio Allen Vidal

 

Dor... horror y não era fantasia
‘1973’

Na noite de espectros
y de cancelas fechadas
de negras e reforçadas vigias
na noite sem dia de virgens desfloradas
sonâmbulo ou não eu não dormia
No meu jardim-cenário
travavam-se batalhas,
e os meus olhos alucinados
divisavam cobras nas floreiras
3 papoilas vermelhas de sangue
estrebuchavam humilhadas
em prantos de carpideiras.
Havia tochas
em vários pontos!
e o sangue escorria
do tronco das árvores
vários dementes, abortos ou monstros
sorviam-no sedentos, insaciáveis…
Uma obesa concubina
prostituia Portugal
e em Belém
o deus Marcelo
que o diabo lá tem
lança taxas
e fala também
das vantagens do mal
que era por bem.
O filme continuava
com dentes partidos
e outras torturas
portas que davam acesso
a cemitérios
em noites escuras.
Violetas negras
decoravam o fundo
do hediondo cenário
morcegos cinzentos e outros paisanos
tingiam de gritos
o meu sono contestatário
horror dos meus olhos flagelo dos meus ouvidos
Pesadelo mórbido
na criminosa noite de insónias
Alguém pendurado por uma corda
Ao contrário
Lentamente
Na sucessão de imagens apreendidas
Aos meus olhos écrans
Vestida de Arco-Íris
tu surgiste Sorrindo
Sim! eu sabia que virias
mas porque troçou Júlia
na noite de espectros
y de cancelas fechadas?

Praia das Maçãs
Bibió

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