segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Tuíte Os conselhos da Hermínia

Cheguei ao café e sentei-me com a intenção de escrever qualquer coisa com o título «vinte e quatro horas na vida de um louco». A Hermínia, esta noite, esteve zangada, nem com beijinhos lá fui, não me deixou dormir, chorou toda a noite e de manhã quando fui ao pão e ao tabaco apanhei tal molha que ao sentir os pés encharcados lembrei-me no fundo que a Hermínia continuava repetindo o mantra «tu precisas de umas botas novas». Mas não sei bem como começar. Começo assim: Faz-te à vida, moço, deixa de fumar e com o dinheiro já compras umas botas.

Há duas horas que me estão a chegar frases ao cérebro e não é qualquer efeito do thc porque evoluo a passos largos para deixar de ser um fumador, até a nem sentir vontade ah heresia de Jah, estou farto de aturar a Hermínia e as irmãs e até os primos, frases que chegam e urgem comigo para que eu pegue na caneta e as escrevinhe, frases repetidas em eternas variações e permutações onde se não sabe onde começam nem onde terminam, frases refinadas cada vez mais perto da verdade de hoje, frases ditas hoje à minha mãe: «Mãe, um verdadeiro louco não tem consciência nem personalidade única, vagueia entre amigos eus no seu diálogo com o eu do seu pensamento, não compreende o que faz nem o que fez, flutua, é indiferente a qualquer conclusão de causa ou consequência. Mas eu não mãe, eu lembro-me de tudo embora não me lembre de todas as palavras ditas estes anos todos, mas eu tenho consciência»


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