Quando já é difícil encontrar um café na vizinhança que não tenha fechado ou não esteja invadido pela música sertaneja e o teu único vizinho, com quem tu ainda trocas algumas palavras além do respeitoso «bom dia, boa tarde» e antigo colega de festança copofónica, que já poucas saudades deixam que não tenham sido escrevinhadas por alguma personagem do meu eu...
e ele me diz que só quer saber de quanto lhe vai custar comprar um carro eléctrico enquanto eu lhe falo da obsolescência das baterias e dos prejuízos sociais e ambientais que são provocados ao produzir uma bateria de lítio...
e ele me fala da teoria da grande substituição quando vê um negro entrar no café para registar o euromilhões rematando com «olha o que se passa em França, vais ver aqui dentro de alguns anos...»,
fica explicada a razão porque cada vez menos saio de casa e prefiro dialogar com as personagens dos livros que leio enquanto fumo cada vez menos, ouço um disco e bebo café de saco fervido no fogão da cozinha.
Salvam-se actualmente dois cafés a uma hora de distância: O Asa de Mosca e o Macau onde de vez em quando me reúno com os meus dois leitores preciosos.
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