segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Fica alma fica


A minha segunda exposição de 2008 foi realizada no Clube Literário do Porto.
Tinha conhecido o espaço no ano anterior através de uma sessão de poesia de choque
dita por A. Pedro Ribeiro ( http://tripnaarcada.blogspot.pt )
Hoje em dia, o edifício com varandas para o rio é um hostel
mas na altura tinha vários espaços para exposições, um bar e uma biblioteca no rés-do-chão.
Acabei por perguntar se podia expor e olharam para a agenda 
e marcaram a próxima data disponível: Agosto. 

Se a exposição realizada seis meses antes no Púcaros tinha como mote
um sentimento de esperança no progresso
o título desta (Fica alma fica) era mais sombrio.
O Al Berto tem um verso que diz «vai alma vai até onde quiseres ir»
e eu sempre interpretei o verso como sendo ele a dar liberdade à alma amante de partir.
Ora eu ganhara nos últimos meses a consciência de que eu próprio
não poderia dizer à alma amante para partir
mas sim quase implorar para que ficasse.
Eu era o poeta. Essa alma era a minha consciência.
A diferença e distância entre um Eu e um Outro tinha sido abolida.
Eu era o Outro e esse Outro era minha consciência.
A minha consciência emanava e entrara em feedback com o meio ambiente e social.
Eu sentia-me em processo de dissolução mental 
e com medo cometi muitos erros,
também de julgamento também de linguagem degradada e boçal,
uma linguagem e um tom ofensivo: «cus e cornos na espuma da garganta
      a raiva de um cão que tanto ladra que ganha coragem para morder».
Nem dois meses se passaram após esta exposição e eu atingi um ponto de não-retorno
que me levou a um internamento compulsivo.
Hoje estou minimamente recuperado.

Os quadros apresentados estão reunidos nesta etiqueta:

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