sábado, 19 de novembro de 2022

Na paragem de autocarro

Na paragem de autocarro fazendo companhia à dama que vai embora:
-- Poisé!, esses homes fazem-te muitas promessas, tenho de começar a prometer também...
-- Não são promessas, são convites.
-- E quando te convidam para ir beber uma surbia ao Catar tu pensas que partes logo na hora, entre um convite e a conclusão do convite a coisa torna-se em promessa ué...
-- Ele me convidou, pagava a minha passagem e depois eu voltava amanhã, eu disse não...
-- É.. tenho de pensar em prometer-te qualquer coisa, por exemplo, pendurar -te naquela árvore de cabeça para baixo... ou então, fazer finalmente cortar a tua filha Pandora às postas como uma pescada mas não porque ela não é pescada, mas sim fazer um bom sushi de cobra e comê-lo acompanhado de uma tequilha sunrise ou até só limão e sal, tazaver... shotes de sushi com tequilha...
-- Se você fizesse isso, eu também cortava você às postas e espalhava pelo lixo...
-- Ah... mas depois fazia como a deusa Ísis e juntava as partes para ressuscitar oralmente o deus Osíris?
-- Não!, juntava as partes e jogava nos porcos, dava para eles comer, fazia como aquele que foi goleiro do Flamengo!
-- É por isso que eu gosto de você!
-- Eu sei o que você quer...
-- Hoje, estou muito triste contigo, é por não me poderes dar coices que não dormias comigo na antiga casa...
-- Ihihih...
-- E agora que tem cama larga passa a noite dando coice no velho... a minha cama era estreita e tu não te podias espraiar.
-- Eu dou coice porque estou dormindo, não tenho culpa...
-- É, você de noite é uma éguazinha que relincha como nós gostamos mas depois de dia vive na possibilidade do que pode vir a acontecer, sempre na diplomacia, não no que faz mas no que gostaria de fazer...
-- Você também quer levar coice?
-- Quero pintar-te as unhas no céu e beber o teu néctar!
-- Virgemária minha mãe olha o escambéu!, menino, você anda falhando a medicação?
-- Dá-me um beijinho...
-- Vem aí o autocarro, a gente se vê depois.

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