quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Psicanálise para wannabes da boutique dos seiscentes

O id sendo aquilo que o pai Freud descreveu, é naturalmente uma besta, mal começa a gatinhar agarra-se ao varão do parque para se pôr de pé. Quer ser grande. Quer viver como os grandes.

Depois, se não se consumir nas chamas do inferno que criou, envelhece facilmente em seis meses, caem-lhe os dentes todos, fica careca e político. É aí que aparece o ego que lhe diz: meu crápula ignorante, ora bamos lá a ver se tu tens um restolho de tino e me deixas pintar o teu retrato de modo a que todos te possam admirar como o mais otário ou como o mais sublime dos cônsul-do-nadistão.

Por fim, vem o super-ego, que pode ser o funcionário da repartição de finanças do museu que fuma às escondidas ou a rainha de latão que anseia pelo mar enquanto manda beijinhos e mostra as nails ou esfaqueia mortos-vivos e os mete na arca congeladora, dizer: Sim, continua, tens aí material interessante, a tua vida parece um filme europeu dos bons, mereces ser divulgado, até te vou levar comigo para Vlad Moro, ocê gosta de mi não gosta?

O pobre do id, que até poupa nas telhas e as retira para que as pedras lhe caiam bem lá no fundo da consciência, perante os factos lembra-se da anedota e diz: deixa-os pousar, aprendi a fazer churrasco de urubu-vigilante-de-cabeça-preta, nome científico Coragyps atratus.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Urubu-de-cabe%C3%A7a-preta

Sem comentários:

Enviar um comentário