domingo, 21 de junho de 2015

A verdade: amei-vos a todas e de certo modo, à minha maneira é certo ainda amo. É um defeito meu. Amo-vos mas nunca tive paciência para vos aturar. Daí o historial de rupturas. Para logo a seguir sentir que a vida não faz sentido sozinho, e que é doentio pensar «mais vale só que mal acompanhado», e que deve ser minha a culpa de as coisas não correrem bem esquecendo as vossas culpas, só porque uma vez por outra vocês voltam para lutar por mim. «Deve ser amor...» digo e tudo recomeça, é de novo Primavera, fazemos confidências e planos até que há um clique, uma palavra mal compreendida, um tom de voz, um segredo, qualquer problema no trabalho, um olhar inocente que é interpretado como indecente, «já não gostas de mim!» e nós a fazermos de tudo para compreender as entrelinhas das palavras porque não somos capazes de lhes ser indiferente, as ordens, os olhos acusadores, os olhos furibundos até que haja um estouro Pum! e eu expluda num Não de violência: ou apanho um comboio para... ou digo que vou comprar cigarros, mais uma ruptura, mais uma depressão, mais uma choradeira. Ciclo eterno, um padrão. O meu maior amor de jovem adulto terminou um dia, andei anos a tentar tê-la de volta, tornou-se uma assombração porque há muito que o verdadeiro interesse se perdera. Para ela não passarei de um merdas criminoso. Hoje em dia, não faço intenção de a fazer mudar de ideias. Aliás, consegui esquecê-la quando na minha última estada no hospital conheci uma perdida. Uma perdida está em princípio de igualdade com um perdido mas ninguém acreditou em nós. Nem a família dela nem a minha. Fomos felizes enquanto pudemos até o sistema fazer de nós marionetas e as nossas manias e desejos de fazer ao outro aquilo que não gostamos que nos façam se sobrepor ao amor. Os amores são todos verdadeiros ao início e nós esgotámos todas as possibilidades, o padrão esteve sempre lá, Fomos namorados, amancebados, vivemos juntos por duas vezes e o que não fiz aos vinte e três com a G. fi-lo aos quarenta com a Sanea. Eu nunca quis falhar, nunca prometi falhar mas falhámos. Ainda assim, dou-me por satisfeito. Mesmo que mais nenhuma mulher apareça, a minha barriga não teve só miséria, o padrão: nasci velho, não vos aturo, o meu futuro é ser vadio.

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