terça-feira, 13 de abril de 2021

O que é feito da rocha púrpura?

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XeR, és porventura uma cigana de pele branca, nómada e pescadora?
Hiara perlu kavawn
Om Ah Hum
Benza Guru Padma
Siddui Hum
ReX, és porventura uma brasileira mulata com lábios grossos?
E tu, estás tão dentro desse quadro que só tu vês o que lá está.
Desculpa mas sou incapaz de viver...
Será a vida um pesadelo inútil?
Hmm, não lhes vou dar essa sorte!
Existem carros de supermercado abandonados em ruelas sem luz e a água flui no seu eterno ciclo prateado em direcção à foz.
A vontade é sempre imaginada.
Impotence to deal with the everyday study, part-time passion and work.
Eternamente. É cada vez mais verdade.
Fazes uma ideia muito grande de ti próprio...
Existem camiões do lixo percorrendo ruas onde as bicicletas são deixadas ao relento debaixo de céus ameaçadores e furados por torres góticas de igreja.
Elle a venu pour me donner le numero de sa age et je suis en etudient.
Impotence to deal with the everyday family, friends and acquaintances.
Percorrendo as ruas, tirando conclusões.
O teu ego é do tamanho do mundo... e as pessoas precisam de espelhos para se poderem observar.
Existem pessoas que, em tardes de domingos solarengos, espreitam locais horríveis a visitar futuramente e existem pessoas que sempre lavam as mãos em bidés de água suja.
Impotence to deal with the everyday girlfriend and other good drugs.
Existem púlpitos azuis onde se assiste a todo um ritual de sentidos desconhecidos, gestalts ainda não aprendidas, onde se procura o íntimo conhecimento.
Existem recordações que perduram sempre.
Será que isso corresponde à tua verdadeira natureza?
Impotence. Desire of impotence.
Olhando os mortos, os nossos corpos mortos.
Existem locais verdes paradisíacos. Aspirando a vida.
Existe. O império existe. Ele está. E só aproveitar.
I'm addicted to life.
Onde está o grande náufrago?
O que é feito da rocha púrpura?
Porque...
Antes era jovem e alegre no meio da noite, um dandy.
Depois tornou-se cinzento e cego num mundo que, devido talvez à sua percepcao, era negro tal como negra era a roupa que vestia, um monge.
Por fim, tornou-se branco com um só olho, um ciclope branco, um clown de nariz vermelho.
Ele tentou agarrar-se à rocha púrpura e amá-la como se ela fosse uma deusa e a verdade é que, se ela é púrpura, não passa de uma rocha... púrpura, aliás ela dissera-lhe para a amar por ela mesmo, uma rocha, uma linda mulher, eu, sabes? eu... ama-me a mim, eu que sou real e estou aqui a teu lado, não ames a fotografia do cedê, eu não sou uma fotografia.
Por isso, quando eu morrer depositem os cedês a meu lado para que eu possa partir serenamente com a voz de todas elas.
Depois um dia contar-vos-ei a treta da criação de um mito ou a minha «merda de artista».
FIM
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Claudio Mur

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