sábado, 24 de abril de 2021

Tendo-te como sócia,

 Em aflição de hipertexto e cliques na open word online, se eu te quiser vender este poema como meio de tu mesmo me justificares e o leres como uma súplica de carinho, orgasmo e intoxicação… e se tu aceitares esse valor com confiança… eu serei hoje salvo e nuit aujourd’hui insónia nenhuma assassinará o meu id e o sono será refrescante, não haverá sonhos em que a súcuba me trinchará o sexo nem verei meu rebento filho dormindo sobre seu avô, três gerações de mortos, adoradores de kali, yantras for you I will deliver in a minute sleep mais tarde credo, em noites de facas longas tendo-te como sócia, beijo?

‘Pensando na musa muda que

enrolada em peles de arminho

no final do conto canta as tears go by descendo as escadas,

rodopio esta in-sónia assassinando o poema.

Entre dervixes e chás de urtigas,

entre camaleoas no bar e koans na via rápida,

entre deus, sua opulência capital e o mártir escolherei a

decadência legit da vítima na capela da sócia.

Quererei não sinhô ra ma ri ah fulô acordar mañana cansado casado castrado,

svegliarsi domani stufo deum sonno,

em ciúme ou ausência de ciúme

num clube de boxe ou em telhados suspensos,

tão gordo da caridade neuroléptica como do

nariz de postiço esqueleto abanando,

recordando uma infância de tédio e pouco carinho e

observador ainda aspirante a ser inaugurado,

memórias de carnavais alheios,

de coca colas com aspirinas e belos narizes cleo,

pária ou garoa de programa passatempo a quem esgalharam o t no café

ou como io com champagne em copos d’água,

fazendo a lista dos que desmaiam e,

alheados como eu e sentindo o absurdo,

fazem de uma vida a conclusão em regressos via popó,

com um dedo encenando a fotografia,

silenciosamente,

um halo de vulgar santidade,

123

um gatilho na cabeça de um gatinho,

de cavagnac cã sem morada,

de espianto em casa da musa muda do momento,

um eterno squat no xadrez de vampiro, de jongleur,

nunca em fiúme e com desejo animal,

sem ciúme em Derza e anónima no século XXIII,

al la petite mort,

why not?, excess makes the heart grow fonder.’


Manuelle Biezon

em «Hobo em memória cache»


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