quarta-feira, 5 de abril de 2023

«Decisões» de Claudio Mur, escrito em 93 ou 94 quando começou a minha resistência às aulas de engenharia e ao futuro que elas me poderiam dar

 

Decisões

 

I. Oesmuccmia

 

O que me pedem

que me denuncie

que renuncie à minha liberdade

que renuncie à minha vontade

Formas, autómatos, máquinas

Máquinas controladas por máquinas, autómatos que

Um dia virão a ser controladores de homens

Um dia virá que serão implantadas máquinas no

Cérebro — a unidade central de processamento —

Será uma raça sem filosofia nem alegria

Univocamente direccionada para…

Interactividade para quê? Segas para quê?

Ah! A laranja mecânica volta a atacar.

 

II. 543

 

Mas para que serve isto?

isto é uma merda

não percebo nada disto

Não vou, não quero

Não estou a entrar no jogo deles

Tudo nasce no líder…

… da empresa…

Estou farto

fora

sem interesse destruído extenuado ludibriado

Estou farto

Nada se aprende

A competição aperta a qualidade faz a diferença

é a selva da sobre vivência

A formação é indispensável

Convoluções transformadas em série em séries

oh mas que raio

Já não sei o que hei-de escolher

Talvez

ponha uma pedra definitivamente

digite aquela sequência

… concordas?

Vou pôr qualquer coisa… mudar o estilo

haverá melhor incentivo?

Calibra-te certifica-te obtém marcas

Navega num crescendo de emoção

o futuro

energia talvez maquiavelicamente perigosa

A rondar o abismo o limite

O fim como meio os fins justificam os meios

ou escolha!

O meio para o fim os meios justificam os fins

Visionarismo voyeurismo ou talvez não

Violinos alegria kaô ou máquinas de calcular tristeza

Qual a escolha?

Quem sairá prejudicado?

 

III. Aquaismja

 

Anseio por te ver

tenho saudades quero tocar-te

Quero sentir o teu prazer

As responsabilidades os compromissos os afazeres

não o permitem

Aspirar o perfume com que me inebrias o cérebro e inflamas o coração

Isso é melhor que...

Sinto-me totalmente absorto em ti e já nada faz sentido

Minimalmente minimal

já não digo coisa com coisa

aliás se calhar nunca disse

porque

tudo o que parece deixou de o ser.

 

 Claudio Mur

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