quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

E a verdade é que a aventura não tem preço

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Ah! Ainda as estou a ver, essas queridas e boas senhoras, exactamente como há doze anos, quando me sentei à mesa delas, a discursar sobre os caminhos que os meus pés percorriam, pondo de lado os seus conselhos amáveis, como bom malandro, e encantando-as não apenas com as minhas aventuras pessoais, mas com as aventuras de todos os tipos com quem me cruzara ou trocara confidências. Apropriei-me de todas essas aventuras; e se as solteironas fossem menos confiantes e inocentes, ter-lhes-ia sido fácil pôr em xeque a minha cronologia. Sim, e depois? Foi uma maneira de retribuir as muitas chávenas de café, ovos e dentadas de torrada. Ficou tudo pago pelo justo valor. Diverti-as pela medida grande. Só o ter-me sentado à mesa delas já lhes soube a aventura, e a verdade é que a aventura não tem preço.

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Jack London

em «Vagabundos cruzando a noite», página 62

tradução de Ana Barradas

Edição Maldoror


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