quinta-feira, 25 de julho de 2024

Empresas que vão ao charco

 Senhor Rogério, estou enervado, zangado mesmo, estou fora de mim! Você daí não vê, venha comigo lá fora. Está a ver ali ao fundo no semáforo? Passei agora por lá, e está lá um homem deitado no semáforo, várias pessoas por perto, disseram-me que chamaram o inem e eu vim-me embora. Mas o que me deixou irado foi que no momento em que eu parava para ver, um carro polícia parou no semáforo à beira do homem necessitado de ajuda, parou, olhou de dentro do carro e arrancou, não quis saber! Há uma lei que responsabiliza alguém por omissão de auxílio, mas a polícia também não quis saber, omitiu o auxílio, foi-se embora como nada tivesse acontecido. Se fosse um senhor engravatado que estivesse no chão... olhe, mas não é só a polícia, é quase toda a gente, julgamos muito pela aparência, vou-lhe contar uma história que se passou com o meu pai há uns anos: ele foi acompanhar um amigo empresário, dono de uma frota de camiões, a uma feira de camiões, com standes das empresas para apresentação, promoção e venda de camiões. Diz o meu pai que esse amigo seu é alguém que gosta de vestir informal, calças de ganga e t-shirt. Chegam a um stand e o empregado caga de alto neles, ignora-os e favorece os fatinhos e gravata de outros visitantes. O empresário vira-se para ele e pede para ele chamar o patrão do stand. Vem o patrão e o empresário diz ao patrão: -- Aqui o seu empregado fez-lhe perder a venda de quinze camiões, vou ali à Mercedes! Ora, estamos a falar de camiões de 200 mil euros cada um, veja lá, senhor Rogério, quanto não perdeu aquela empresa por um julgamento da aparência. E depois há empresas que por causa disso vão ao charco. É o que temos.


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