'Espelho meu'
técnica mista sobre papel
56cm por 53,5cm (com moldura)
2018
ZMB
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Bem utilizado, o espelho pode no entanto apoiar a meditação moral do homem em si. Segundo Diógenes Laércio, Sócrates exortava os jovens a mirarem-se para que, se fossem belos, se tornassem dignos dessa beleza, e se fossem feios, soubessem esconder o seu infortúnio através da educação. Auxiliar do conhece-te a ti mesmo, o espelho convida o homem a não se tomar por Deus, a evitar o orgulho conhecendo os seus limites, e a aperfeiçoar-se: não um espelho passivo da imitação, mas um espelho activo da transformação.
Diógenes acrescenta ainda que Sócrates dava um espelho aos bêbedos para que vissem o reflexo dos seus rostos desfigurados pelo vinho. O espelho não reflecte por isso apenas traços físicos mas uma atitude interior. Instrumento para uma vida moral, ele deve ajudar o homem a vencer os seus vícios; mostra-lhe o que ele é e o que deve ser. Séneca põe um espelho nas mãos do homem em fúria porque o afeamento da alma altera os traços. O mesmo tema é desenvolvido e popularizado por uma personagem de Plauto, um ancião que no espelho lê os erros da vida passada. O espelho da introspecção lança simultaneamente a sua luz sobre o passado, o presente e o futuro.
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páginas 160-161
'História do espelho'
Sabine Melchior-Bonnet
tradução de José Alfaro
edição Orfeu Negro
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